CHICO DE OLIVEIRA | “Aviso urgente: necessita-se de uma nova teoria revolucionária”

ED: Pode começar se apresentando, e sintetizando o que estivemos debatendo sobre os principais desafios da esquerda atualmente?

Eu sou Chico de Oliveira, estou tendo uma entrevista com militantes do MRT para discutir questões de teoria e prática da revolução brasileira. A minha intervenção é sempre de apoiar os movimentos teórico-práticos que tentem entender melhor o sistema capitalista no Brasil, para que a militância política não seja apenas um orgasmo pessoal, mas necessariamente uma teoria que ajude a transformar o sistema. Essa nova teoria, que é elaborada sempre num conjunto teoria e prática, é urgentemente necessária, porque as luzes do centro desenvolvido já não iluminam a nossa trajetória. Tarefa da periferia e das suas forças políticas e sociais é elaborar e agir, toda uma nova teoria e prática revolucionária. Revolucionária sem aspas, porque todo movimento no sentido de fazer mais democracia é, ao contrário do que supusemos em algum momento, uma teoria revolucionária. Esse é o meu ponto de vista, e eu estou disposto a ajudar os movimentos que vão nessa direção.

ED: O Movimento Revolucionário de Trabalhadores, o MRT, votou em seu recente congresso a proposta de entrada no PSOL. Como o professor vê a esquerda brasileira, e em particular o PSOL, nesse contexto geral de que falava?

Eu ajudei a fundar o PSOL, junto com Ricardo Antunes e Carlos Nelson Coutinho, entre outros. O PSOL a gente pensou como uma crítica ao PT pela esquerda, mas ao mesmo tempo com enorme dificuldade, porque do ponto de vista das masas, o PSOL não teve muito êxito. De modo que qualquer grupo que tenha esse projeto, tem o meu apoio. Acho que o PSOL ainda é uma alternativa, e ele precisa ser reforçado. E não só falta-lhe às vezes uma crítica contundente, mas falta às vezes a percepção do desenvolvimento da história. Um partido de esquerda, sem essa perspectiva, não vai muito longe. O que não é o que almejamos nem para o MRT, nem para o PSOL. Não sou muito “matrimonialista”, mas um casamento aí é bem-vindo.