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RACISMO E COVID-19 | Aumento de mortes e falta de testes entre negros e indígenas esconde números reais da COVID-19

Aumento do número de mortes por doenças respiratórias entre negros e indígenas escancara as desigualdades e a camuflagem das mortes por COVID-19 por meio da ausência de testes massivos.

segunda-feira 13 de julho de 2020 | Edição do dia

Segundo o portal da transparência, em pesquisa divulgada nesta segunda feira (13/07), as mortes ocorridas por insuficiência respiratória nos cartórios do Brasil durante os meses de pandemia (entre 16 de março e 30 de junho) registram um aumento muito maior entre a população negra e indígena se comparados aos números referentes ao mesmo período do ano anterior. O aumento foi, de acordo com a pesquisa, de:

72,8% mais pardos
70,2% mais pretos
45,5% mais indígenas
40,4% mais amarelos
24,5% mais brancos

Em relação ao número de mortes registrados como "causas naturais", que, tal como o das doenças respiratórios, ocultam mortes em decorrência da Covid-19 que não foram confirmadas devido à criminosa falta de testes, o aumento registrado também foi maior entre os negros:

31,4% mais mortes de pardos
31,1% mais mortes de pretos
15,3% mais mortes de amarelos
13,2% mais mortes de indígenas
9,3% mais mortes de branco

Já as doenças cardíacas, como AVC (que já foi apontado como uma das possíveis manifestações clínicas da Covid-19), também demonstram uma discrepância, tendo aumentado 13,7% em pretos e 8,4% em pardos, e aumento de 2,2% entre indígenas, enquanto entre os brancos registrou uma queda de 0, 5% e entre amarelos uma queda de 0,3%.

Ao mesmo tempo, é levantado que a maioria de mortes registradas registradas como decorrência da Covid-19 é de pessoas brancas:

44,4% das mortes são de pessoas brancas
38,4% pardas
8,2% pretas
1,5% amarelas
0,24% indígenas
7,2% das mortes são de pessoas com raça/cor ignorada

De forma contraditória, os dados revelados denunciam duas pontas de um mesmo problema inerente ao capitalismo, o primeiro é que a estimativa de pessoas mortas diretamente pela Covid-19 é muito baixo ao pensarmos a subnotificação e o aumento das doenças respiratórias em relação ao mesmo período de 2019; se combinarmos isso ao dado da falta de testes massivos em toda população, é fácil verificarmos que não apenas milhares de famílias tem seus entes queridos assassinados pelo descaso do Estado e das grandes empresas que preferem o lucro ao invés da vida das pessoas, como que as mortes por Covid-19 estão sofrendo uma subnotificação ainda maior entre a população negra e indígena, que, pelas condições de um capitalismo racista, são ainda mais vulneráveis à pandemia.

Ignorada a situação dos hospitais e de saneamento básico ao longo dos anos, os locais mais pobres e vulneráveis ao contágio tem alastrado mortes que não tem registros e sequer testes para identificar a real causa da morte, o que é totalmente reversível (ou diretamente tratável) a partir de uma condição material garantida (como quartos isolados, respiradores e EPI para os trabalhadores da saúde) e a garantia da reconversão da indústria para a produção do que for necessário. Somente garantindo esse tipo de discussão e implementação diretamente com os trabalhadores que a Covid deixará de ser um problema de calamidade para ter seus reais responsáveis acusados, como é o criminoso governo Bolsonaro e Mourão.




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