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PRIVILÉGIOS | Aumentam os salários de juízes e parlamentares para 39mil reais em meio a mais ataques aos trabalhadores

quarta-feira 4 de maio de 2016 | Edição do dia

Mais uma vez, estamos vendo a quem serve a casta política que comanda essa tal democracia, que é dos ricos: a ela mesma e a seus sócios empresários. Uma provocação aos trabalhadores que sofrem um aumento das demissões, perda de poder aquisitivo pela inflação. Para nós querem que apertamos os cintos, para eles toda mordomia.

Ontem, dia 3, a Câmara dos Deputados – aquela que protagonizou um circo dos horrores naquele fatídico domingo – aprovou urgência em votar o aumento salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Ministério Público da União (MPU – que inclui os Ministérios Público Federal, do Trabalho, Militar e dos Territórios). Além deste, já havia sido aprovada na semana passada a urgência na votação de reajuste dos servidores do Judiciário Federal. Em números, o que isso significaria? Este aumento repercute em aumentos para todos parlamentares, ministros, deputados estaduais, governadores e prefeitos.

Do STF, o aumento seria de 16,38%, passando os salários deles para R$ 39.293,38, com impacto anual nos cofres públicos de R$ 717 milhões. Do MPU, o aumento máximo entre eles seria de 41%, e somado aos aumentos para o Judiciário Federal, custaria ao orçamento público R$ 5,99 bilhões ao ano. Ou seja, seriam extraídos dos bolsos de toda a população uma bagatela de R$ 6,707 bilhões.

Toda essa urgência em votar este aumento para eles mesmos foi aprovada por todos na Câmara, inclusive pelos deputados do PT e seus aliados, que disseram ser a favor de que todos recebam aumento. Será que eles estão querendo “ganhar a simpatia” destes políticos em meio às decisões sobre o impeachment da presidenta? O que sabemos é que Eduardo Cunha, como presidente da Câmara, rapidamente disse que não colocará a votação dos aumentos em curso antes que o Senado decida se aceita o processo de impeachment de Dilma. E será que Cunha quer evitar que haja essa troca de simpatias entre os ministros e juristas e o governo federal ainda petista?

O projeto de reajuste então fica em primeira ordem para votação, porém ainda em espera para a aprovação efetiva; com ritmos dados em função da definição sobre o reacionário golpe institucional.

Mas eles não dizem que o país está em crise econômica e com isso justificam uma série de ataques aos trabalhadores? Estamos vendo se alastrar em alta velocidade o desemprego, que teve um aumento de 23% no último trimestre em relação ao anterior, chegando a 7,9% da população economicamente ativa, na juventude o número é pelo menos o triplo deste valor. Na indústria, as demissões só aumentam e vemos no estado de São Paulo, o mais rico da federação, que isso é regra: ameaças de demissão, férias coletivas e planos de demissão voluntária se alastrando e alcançando milhares de operários.

E no serviço público chega a ser piada (de muito mau gosto, claro): enquanto os excelentíssimos magistrados de alto escalão (que acobertam a corrupção inescrupulosa de todo o sistema e seus políticos – e a praticam!), votam os seus gordos aumentos, os professores da rede pública ainda minguam salários miseráveis. O piso nacional destes trabalhadores está em R$ 2.135,64, sendo que 14 estados da União não pagam este valor! No estado de São Paulo, os professores sequer têm qualquer reajuste salarial já há dois anos e têm mais de vinte anos de acúmulos de perdas. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, no fim do ano passado e nos primeiros meses deste ano, os salários de professores e outros servidores públicos sequer foi pago em dia. Além disso tudo, o governo federal já fez cortes bilionários em saúde e educação, batendo recordes.

É em meio a esse cenário: de crise econômica, que a cada dia querem descarregar mais nas nossas costas; mas também de crise política, de denúncias de corrupção sendo utilizadas interessada e seletivamente para impor um golpe institucional no país, que estes senhores querem ainda mais privilégios por meio de corrupções “legais”. Ou esses aumentos não configuram um acordo de “nobres”, para que estes políticos governem e julguem a favor do Estado que tão bem os paga.

É por isso mesmo que temos que lutar com os nossos próprios métodos de combate para questionar os privilégios dos políticos e barrar esse reacionário golpe organizado pela direita. Que quer um governo mais ajustador justamente para impor mais cortes e demissões para os trabalhadores e mais privilégios e lucros aos seus amigos políticos e empresários. E quanto mais se consolidam essas manobras e políticas nefastas, mais fortalecidos se sentem para nos atacar.

É com nossos métodos de luta também que podemos barrar todos os ajustes de todos os governos que eles vêm impondo contra nós. Os sindicatos falaram em resistir ao golpe mas nada fazem, sequer para lutar seriamente contra os ajustes. Nós temos que nos inspirar na juventude que ocupa escolas, vota greve nas universidades estaduais paulista para exigir da CUT, UNE, CTB verdadeiras batalhas contra os ataques de todos governos.

A “democracia brasileira” da bala nos morros e favelas, que garantiu a impunidade dos militares que abre espaço para uma corja reacionária no Congresso, corja essa que nos impõe ataques mas é cheia de privilégios para si mesma. Uma luta independente contra os ajustes e o golpe poderia com a força de sua mobilização oferecer uma resposta de fundo a estes podres poderes. Impondo uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana onde garantiremos os nossos direitos, mas também poderemos colocar abaixo todos os privilégios dos políticos, juízes, ministros, funcionários de alto escalão. Levantando que todos ganhem como uma professora e que seus mandatos sejam revogáveis, ou seja, que possam ser substituídos ao primeiro sinal de não contemplarem o mandato dado pelo povo.




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