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REFUGIADOS SEM ABRIGO | Aumenta o número de refugiados e fronteiras continuam fechadas

Nessa segunda (19), o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) divulgou um relatório oficial detalhando o número de refugiados no mundo, e os dados refletem a maior crise humanitária desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Artur LinsEstudante de História/UFRJ

segunda-feira 19 de junho de 2017 | Edição do dia

O número de refugiados que fogem de seus países de origem, principalmente devido a conflitos, guerra ou fome, chegaram ao elevado nível de 65,6 milhões de pessoas, número somado por pessoas e famílias que fugiram para o exterior e que se deslocaram internamente em seus países de origem, fugindo de cidades onde os conflitos são mais violentos.

Esse número aumentou 7% em relação ao ano de 2015, e desde o final do ano passado aumentou o número de refugiados pelo terceiro ano consecutivo. Mais da metade dos refugiados vêm da Síria, Afeganistão e do Sudão do Sul, todos esses países imersos em duradouras guerras civis.

As informações do relatório se baseam em pessoas que têm seu status de refugiados reconhecido pela ONU, o que significa que o número de refugiados no mundo provavelmente é maior, devido a milhares de refugiados que não possuem o reconhecimento de sua situação pelos órgãos governamentais.

Ainda segundo o relatório, os países que mais recebem e acolhem refugiados são aqueles que fazem fronteira com os países que se encontram em guerra, recebendo 84% do total de refugiados pelo mundo.

Os países que mais recebem refugiados são a Turquia (2,9 mi), Paquistão (1,4 mi), Líbano (1 mi) e Irã (979,4 mil). No entanto, as condições de vida dos refugiados nesses países são extremamente precárias e tendo que viver na marginalidade.

A Turquia, por exemplo, assinou um acordo com a chanceler alemã Angela Merkel, para impedir o fluxo de refugiados para a Europa durante o ápice da crise humanitária, em vez de abrigar as famílias que fugiam desesperadamente das guerras. Enquanto no Líbano e na Jordânia, países vizinhos a turbulenta Síria, os refugiados de maioria síria sofrem com as condições desumanas e insalubres dos acampamentos assistidos pela ONU e praticamente sem ajuda financeira dos governos desses países.

Segundo o porta-voz da Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, os números dos refugiados nesses países mais pobres reforca a "necessidade de que esses países de renda média ou baixa sejam assistidos pela comunidade internacional", ou seja, que recebam mais recursos e investimentos para continuar funcionando como "zonas-tampão" de refugiados, impedindo seu fluxo para a Europa e os países mais ricos.

E a situação dos refugiados só se agrava, pois se fortalece nos governos europeus (e não só na extrema-direita xenófoba) os discursos e políticas mais repressivas contra as comunidades muçulmanas e de imigrantes, sob a bandeira da luta contra o terrorismo. Sem contar as condições precárias de acampamentos de refugiados dentro da Europa, como é o caso na Grécia ou no campo de Calais, no norte da França e na fronteira com o Reino Unido.

Outro dado importante do relatório são os números de refugiados que se descolam dentro de seus países de origem, que gira em torno dos 6,9 milhões de pessoas, sendo a maioria dessas pessoas deslocadas na Síria, Iraque e Colômbia.

Na Síria, tanto quanto no Iraque, o motivo central desses deslocamentos internos forçados é o conflito contra o Estado Islâmico (EI), impulsionado pela ofensiva imperialista em conjunto com forças militares aliadas do exército iraquiano e de rebeldes sírios, que força as populações iraquiana e síria a fugirem de suas cidades para outras, devido aos intensos bombardeios da coalisão internacional liderada pelos EUA e à violência que são submetidos, tanto pelos jihadistas do EI quanto pelas forças armadas iraquianas e rebeldes sírios.

Esse dado também reforça o fato de que muitos refugiados buscam primeiro ficar em seus países de origem, tendo que fugir para a Europa quando a situação se torna insustentável para se viver no próprio país.

O drama da maior crise humanitária vivida pelos refugiados é resultado da crise social, política e principalmente econômica que vive o mundo.

Ditaduras e regimes autoritários massacram seu próprio povo, como na Síria, para se manterem no poder e entregar a economia do país ao imperialismo, e por outro lado as potências européias, russas e norte-americanas, em aliança com os países menores da região, têm como saída bombardear esses países imersos em conflitos armados para promover a "estabilização" dos mesmos e ao mesmo tempo enfrentar o terrorismo jihadista.

O resultado da combinação dessas políticas nefastas e desastrosas está sendo a maior crise humanitária vivida desde 1945, quando praticamente o mundo inteiro foi destruído e desgastado pela guerra mundial.

Pelo fim das intervenções militares imperialistas e pela abertura das fronteiras europeias a todos os refugiados, que ao contrário dos discursos da extrema-direita xenófoba e dos governos europeus, apenas buscam uma vida mais tranquila para suas famílias que já vivenciaram todos os horrores da guerra e da morte.




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