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QUEM MATOU E MANDOU MATAR MARIELLE? | Atraso em investigação do crime de Marielle mostra necessidade de investigação independente

Somente uma luta massiva vai garantir justiça por Marielle. É preciso seguir a luta nas ruas contra a intervenção federal no Rio de Janeiro e sem nenhuma ilusão nas forças repressivas exigir do Estado uma investigação independente

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

terça-feira 10 de abril de 2018 | Edição do dia

Foto: Pablo Vergara

Vai se completar um mês do assassinato de Marielle e seguimos sem resposta de quem são os executores e mandantes deste crime bárbaro. Se o assassinato já foi um ataque grave à esquerda, mais ainda será se seguir impune, pois deixaria um precedente de que se pode fazer um ataque como este sem maiores conseqüências.

A investigação ficou vários dias sem sequer noticias novas. Há poucos dias surgiu uma absurda de que a polícia expulsou do local testemunhas oculares do crime, se negando a pegar seus depoimentos. No domingo assassinaram um aparente colaborador de um vereador conhecido por sua relação com a milícia, o que vários setores denunciam como "queima de arquivo".

Mas a falta de resposta sobre quem são os mandantes e executores do assassinato mostra que não podemos confiar que o Estado, que é responsável pelo crime contra Marielle, vai fazer uma investigação séria se não for em base a uma forte pressão popular, com uma luta massiva nas ruas por justiça por Marielle, que precisa ser urgentemente organizada.

Urgentemente porque a cada dia que passa os que mataram Marielle e os que querem encobrir o crime, ganham tempo porque o assunto vai perdendo peso entre as massas, criando uma situação ainda mais propícia para que a investigação não vá até suas últimas conseqüências, que é pelo que devemos batalhar.

Já é absurdo que a Globo e Temer tenham utilizado a morte de Marielle para fortalecer a intervenção federal, questão que devemos seguir combatendo com todas as nossas forças, garantindo que voltem às ruas aquelas dezenas de milhares que cantavam “Por Marielle, eu digo não, eu digo não à intervenção!”. Não podemos permitir também que a investigação não termine em nada e vá caindo no esquecimento.

Somente uma luta massiva vai garantir justiça por Marielle. É preciso seguir a luta nas ruas contra a intervenção federal no Rio de Janeiro e sem nenhuma ilusão nas forças repressivas exigir do Estado uma investigação independente, com os parlamentares do PSOL, organismos de direitos humanos, representantes dos sindicatos, intelectuais especialistas na crise social do Rio de Janeiro e outros setores que tenham legitimidade popular. Essa investigação independente tem que ter garantido por parte do Estado os recursos para trabalhar, acesso aos arquivos de investigação, contratação de peritos independentes, participar das produções de provas, entrevista com as testemunhas e ter acesso a todo o tipo de informação por parte do Estado. Sem isso, vão pesar os milhares de laços que tem a polícia e a justiça com este crime e vai primar a impunidade.

Não há nenhum motivo para que o PSOL tarde mais em fazer um chamado a todos os que querem justiça por Marielle para uma reunião que discuta um plano de luta urgente, ligado ao combate contra os outros ataques em curso, como a prisão de Lula e os ataques aos direitos econômicos e socias.

Os atos convocados para os dias 13 e 14, quando fará um mês do assassinato, precisam ser aderidos por todos, mas é urgente uma construção de manifestações combativas e massivas com dezenas de milhares nas ruas, como foram as primeiras que surgiram espontaneamente. Ainda é tempo de organizar uma frente que envolva os mais distintos setores que estejam dispostos a lutar por justiça para Marielle e convocar ações massivas.

Nos unamos para construir uma grande mobilização a partir dos locais de trabalho e estudo, com o PSOL colocando todos os sindicatos e entidades estudantis que que faz parte, assim como seus parlamentares, a serviço dessa tarefa.

Ainda é tempo de fazer justiça por Marielle, com nosso grito voltando às ruas:

Marielle, presente!




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