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UFES | Ataques da extrema direita na UFES: enfrentar com organização e luta desde as bases

Nos últimos 30 dias, a UFES tem passado por episódios de provocação da extrema-direita, como a retirada das bandeiras no mês do orgulho LGBTQIAPN+ da Associação dos Docentes da UFES (ADUFES) e colagem de cartazes misóginos em diversas áreas da universidade. Ações que tendem a seguir com a polarização política frente à proximidade das eleições. Como podemos enfrentar esses ataques? Qual a saída que temos que tomar frente a isso?

domingo 17 de julho de 2022 | Edição do dia

Estudantes da UFES em ato por permanência estudantil

Cartaz misógino colado pela UFES

Desde o início do mês de junho foram encontrados cartazes misóginos espalhados pela UFES, dizendo que as mulheres estavam com histeria e paranoia e que, caso achem que serão estupradas ou que o corpo delas iriam ser escondidos no mangue, ou que isso começasse a afetar sua visão sobre a universidade, que procurassem um psicólogo.

Frente aos inúmeros ataques que tem acontecido na UFES e também em outras Universidades, não devemos nos calar ou achar que a preocupação que nós mulheres carregamos é a toa, como foi o caso da UNB - onde no início do mês um estudante bolsonarista arrancou uma faixa do grupo de mulheres Pão e Rosas que defendia o direito ao aborto legal, seguro e gratuito, levantada frente aos recentes ataques à esse direito no Brasil – como foi o caso da menina de 11 anos – e nos EUA – pela decisão da suprema corte de derrubar o direito ao aborto e retroceder direitos que foram duramente conquistados pelas mulheres em 1973. Também neste mês, segunda-feira (11), centenas de estudantes se mobilizaram em um ato por justiça a uma aluna que foi estuprada dentro da universidade, exigindo que o DCE da UNB, ao invés de desviar a mobilização para uma reunião fechada com a reitoria, organize os estudantes pela base e convoque uma assembleia geral, para que sejam os próprios estudantes, juntos a professores e trabalhadores, que protagonizem essa luta por justiça e decidindo quais as demandas a serem levadas a frente.

Cartaz pelo direito ao aborto na UNB

É um absurdo esse pensamento num país em que as mulheres não conseguem ter paz e ficarem despreocupadas nem mesmo durante um trabalho de parto, como pudemos ver com o caso do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que estava de plantão no hospital da Mulher Heloneida Studart em Vilar do Teles na cidade de São João de Meriti e abusou sexualmente de uma paciente que estava realizando uma cirurgia de cesárea. E, mesmo que esse caso vá para a justiça, não podemos ter confiança no judiciário que há pouco tempo atrás tentou convencer uma criança de 11 anos, vítima de um estupro, a ter um filho. Esses ataques, são legitimados pela retórica de ódio do presidente Bolsonaro, como em 2003, quando atacou a deputada federal Maria do Rosário (PT), dizendo que não a estuprava pois ela não merecia.

No dia 28 de junho, dia do Orgulho LGBTQIAPN+, as bandeiras do movimento LGBT que foram colocadas na UFES no dia anterior para decorar o prédio da ADUFES foram retiradas e em seu lugar tinham cartazes com falas homofóbicas dizendo “Homossexual precisa fazer propaganda para saber o que é. KKKK. Por isso usa o arco-íris” e “Hétero faz propanda????”.

Cartazes LGBTfóbicos colados na UFES após retirada de bandeiras LGBTs

Casos como esse de ataques da extrema-direita também ocorreram na UFRN em maio, quando um bolsonarista, assessor do General Girão (PL), arrancou uma faixa com uma citação de Karl Marx, impedindo o direito de manifestação política e ideológica dos estudantes, os ameaçando e justificando o ataque equiparando o comunismo ao nazismo. Os estudantes se mobilizaram, recuperaram a faixa e penduraram outra no mesmo lugar com os dizeres “Não permitiremos ataques da extrema-direita”, além de exigirem que a UNE e os DCE’s organizassem assembleias nacionais desde a base, em cada local de estudo, para organizar os estudantes de todo o país contra os ataques da extrema-direita; exigindo também que as grandes centrais sindicais, como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, também organizem os trabalhadores em cada local de trabalho.

Faixa da Faísca revolucionário na UFRN

Além da UFRN, a UNICAMP também sofreu ataques da extrema-direita em abril, quando foi encontrado pichações com símbolos nazistas e uma frase aclamando a ditadura de 1964; além disso, em maio um grupo portando símbolos nazistas entrou no Bar do Ademir – um bar em Campinas próximo à universidade, onde se concentram estudantes, negros, LGBTs, mulheres e setores de esquerda – dando tiros para o alto, realizando mímicas racistas e agredindo o dono do bar, numa tentativa de intimidar setores de esquerda e grupos oprimidos. O movimento estudantil da universidade se organizou e centenas foram às ruas protestar contra este ataque.

Faísca na Unicamp em ato com centenas contra os ataques fascistas

Esses ataques e provocações são exemplos que mostram que a extrema-direita bolsonarista é uma força social que existe para além das eleições e derrotá-la também é um tarefa que exige muito mais do que um voto em outubro. Não será depositando nossa confiança na conciliação de classes – como a chapa Lula-Alckmin – que vamos construir a força política necessária para dar as batalhas no terreno da luta de classes, com nossa luta, auto-organização, com uma política de independência de classe! Só confiando na força da unidade entre trabalhadores, juventude, indígenas, mulheres, negros, LGBT’s que poderemos dar combate à extrema-direita e defender nossos direitos conquistados e enterrar Bolsonaro, Mourão, os militares e todos os ataques!

Assim como nos exemplos citados em diversas universidades federais pelo país, nós da Faísca Revolucionária queremos construir a mais ampla unidade de ação na UFES, juntando estudantes a partir das bases dos cursos, trabalhadores e professores para debater ideias e métodos de mobilização contra esses ataques. É nesse sentido que no Serviço Social, onde atuamos como parte da comissão gestora do Centro Acadêmico, estamos batalhando por uma reunião aberta com os estudantes do curso, para sermos sujeitos da construção dessa mobilização. A extrema direita se combate com luta, é preciso construí-la!




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