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PROFESSORES | As mentiras de Alckmin e o atraso da Folha

Livia Tonelli Professora da rede estadual em Campinas (SP)

terça-feira 7 de julho de 2015 | 00:01

Em artigo publicado hoje(1), o jornal Folha de São Paulo evidenciou as mentiras propagadas pelo governo do Estado de São Paulo em meio à maior greve da história da categoria de professores.

Durante a greve, os professores denunciaram inúmeras vezes as mentiras divulgadas por Alckmin e Herman. Entretanto, as grandes mídias, tais como a Folha de São Paulo, não fizeram a verdade ecoar. Compactuaram conscientemente com as informações errôneas disseminadas pelo governo.

Após o término da greve e do acionamento de dispositivos legais (Lei de Acesso a Informação), o jornal Folha de São Paulo publicou a verdade: “Alckmin inflou dado sobre o salário dos professores”. O governo afirmou durante toda a greve haver uma política de valorização dos profissionais da educação. Também mencionou não haver fundamento na greve dos professores, uma vez que os mesmos já haviam conquistado aumento salarial na ordem de 45% entre 2011 a 2014 e dos crescentes investimentos na educação. Entretanto, isso ficou mais uma vez comprovado como mentira.

Os professores tiveram aumento salarial real de 12,3% durante o período mencionado. O restante, 11,2% e 21,5%, remetem respectivamente à incorporação de gratificações e à inflação do período (IPC-Fipe). Cabe mencionar que as gratificações já faziam parte da composição salarial dos professores e que foram apenas incorporadas ao salário-base, e portanto, não significou aumento real efetivo.

A situação piora se considerarmos a inflação acumulada no primeiro semestre de 2015 e a ausência de uma política de aumento salarial para este ano (2).

Os professores são os trabalhadores com formação de nível superior com pior remuneração dentro do funcionalismo público do Estado de São Paulo. Não à toa uma das reivindicações durante a greve era o reajuste salarial de 75,33%. Esse índice representa a equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior.

Todos esses dados evidenciam que, ao contrário do que afirmou o governo, não há nenhuma política de valorização dos profissionais da educação. Os professores voltaram para as escolas e se depararam com a mesma realidade: uma educação precarizada.

O professor grevista tampouco está conseguindo garantir o que lhe é de direito: a reposição das aulas do período em que esteve em greve. Isso evidencia o descaso do governo não só com os trabalhadores da educação, mas também com os alunos que tiveram perda de conteúdo. Os professores querem repor, os alunos querem estudar, mas o governo não apresenta propostas e orientações reais para isso.

Alckmin tinha um objetivo explicito de derrotar a greve dos professores e utilizou de todos os artifícios para que isso ocorresse. Entre esses, apoiou-se na grande mídia para colocar a opinião pública contra a greve dos professores.

O atraso da Folha de São Paulo em divulgar a verdade não deve ser comemorado pelos professores. Apenas nos dá maior convicção política da luta que travamos e permite um diálogo mais amplo com toda a sociedade acerca de um dos motivos que nos colocaram em greve. A luta dos professores do Estado de São Paulo em defesa da escola pública continua.

Notas:
1 - http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/07/1651990-alckmin-inflou-dado-sobre-salario-de-professor-do-estado-de-sao-paulo.shtml

2 - A recomposição salarial do professor diante dessa realidade é de apenas 5,3%.




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