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METRO DE SP | As ligações entre a Operação Lava-jato e o Cartel dos trens em SP

terça-feira 4 de agosto de 2015 | 08:48

Apesar de não receber a mesma cobertura midiática, abundam elementos que relacionam o cartel tucano no Metrô e na CPTM ao escândalo que abala os frágeis fundamentos do governo petista. A semelhança no método de desvio, o financiamento das campanhas e o envolvimento das mesmas pessoas e empresas em ambos os escândalos mostra que quando o assunto é o assalto aos cofres públicos, PT e PSDB jogam no mesmo time.

A Operação Lava-Jato continua avançando a todo vapor e, a cada dia, surgem novas denúncias e prisões de envolvidos com a máfia que operava e ainda opera na Petrobrás, com ampla cobertura midiática. Já o Cartel dos trens, também conhecido como propinoduto tucano ou trensalão, encontra-se esquecido, relegado a notas secundárias nos principais jornais do país. Isso ocorre graças a notável preferencia que as burguesias paulista e cariocas (sede dos principais meios de mídia do país) nutrem pelo PSDB, a despeito dos incontáveis esforços do PT em mostrar-se como um "gestor confiável" do estado ao longo dos últimos 12 anos, garantindo uma blindagem a Geraldo Alckmin e seu governo que os petistas apenas podem invejar.

Ainda assim não faltam elementos que apontem que os mesmos métodos criminosos foram usados em ambos os casos, contando inclusive com alguns personagens em comum. Elemento chave nessa ligação é o empresário Augusto Ribeiro Mendonça, que assinou em março um acordo de leniência com o CADE, segundo o jornal O Estado de SP. Ele e outros sócios do grupo Setal “confessam sua participação, fornecem informações e apresentam documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações do alegado cartel entre concorrentes em licitações públicas de obras de montagem industrial onshore da Petrobrás”, segundo nota divulgada pelo CADE em 20 de março. Ribeiro Mendonça também admitiu em depoimento que o grupo Setal pagou 2,4 milhões em propina para o PT através de contratos falsos com a editora da CUT.

Esse mesmo empresário, aparentemente tão próximo do PT, foi sócio da T’Trans, conhecida fornecedora de material metroferroviário que possuía ótimo transito no palácio dos Bandeirantes e hoje é uma das indiciadas no Cartel do trens paulistas na figura do sócio remanescente, Massimo Giavina-Bianchi. A sociedade entre os dois patrões durou apenas 9 anos mas foi o suficiente para que atuassem conjuntamente nas licitações fraudulentas da construção da Linha 5-lilás em 2000 e da extensão da Linha 2-verde em 2005, ambas do metrô paulistano. No primero caso, o grupo Setal, de Ribeiro Mendonça, foi subcontratado pelo consórcio vencedor Sistrem (formado pelas multinacionais Alstom, CAF, Daimler Chrysler e Siemens), mesmo fazendo parte do consórcio derrotado. Menos de um ano depois, repassou o contrato de R$ 9,3 milhões para a T’Trans de seu então sócio Giavina-Bianchi. A T’Trans também é uma velha frequentadora das paginas policiais, sendo acusada de corrupção no VLT de Cuiabá e no bonde de Santa Tereza, no RJ, o mesmo no qual ocorreu um acidente em 2011 que deixou 5 mortos e 57 feridos.

Os próprios métodos empregados em ambos os escândalos indicam uma proximidade maior entre PT e PSDB do que gostam de assumir seus defensores. Empresas de fachadas, contas em paraíso fiscais e da intensa atuação de intermediadores entre a propina paga pela burguesia e o bolso dos agentes públicos são elementos em comum nos escândalos dos dois partidos, assim como a citação de grandes "caciques" como os verdadeiros responsáveis pelo esquema, como Aloísio Mercadante e José Dirceu no nível federal e José Serra e Andrea Matarazzo no estadual. As doações eleitorais também mostram que são as mesmas empresas que patrocinam os vários partidos burgueses, em especial aquelas empresas que dependem da iniciativa estatal para sobreviver, como no caso das grandes construtoras. Para ficar em um só exemplo, a construtora Queiroz Galvão, uma das principais envolvidas na Lava-jato, doou R$ 7 milhões para as campanhas eleitorais do PT em 2014 mas não deixou para trás o PSDB, que recebeu R$ 8 milhões, 3,9 milhões somente para Alckmin. Se se confirma a tese da Polícia Federal de que as doações de campanha servem para encobrir o pagamento de propina pela não é exagero imaginar que isso ocorra em nível municipal, estadual e federal.

Até mesmo o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava-jato, aparenta ter suas ramificações em São Paulo. Nas inúmeras planilhas encontradas em seus escritórios são citadas diversas construturas, entre elas Camargo Correa e OAS (detentoras do grupo CCR, responsável pela Linha 4-amarela do Metrô, o Rodoanel e a rodovia Dutra), a já citada Queiroz Galvão e até mesmo a multinacional canadense Bombardier, que é mencionada nas planilhas de uma das empresas fantasmas de Youssef, a Santa Tereza Services Limited Partnership, criada na Nova Zelândia e que, segundo a investigação da PF, teve suas contas usadas para movimentar milhões desviados de obras públicas, inclusive da obra do monotrilho da Linha 15-Prata.

Tudo isso mostra como não é possível que os trabalhadores nutram qualquer confiança nos partidos burgueses para levar a frente a luta contra a bandalheira e a corrupção, pois todos são financiados e se alimentam dos mesmos esquemas, dos mesmos empresários corruptos. O país necessita de um novo pólo politico, que se reúna em torno das necessidades dos trabalhadores e seja independente da burguesia e seus partidos corruptos. Sem isso as mudanças no sistema político sempre serão para beneficiar os corruptos e assaltar os trabalhadores.




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