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POESIA | As Terceirizadas

Poema de Arthur Witter Meurer sobre as trabalhadoras terceirizadas. Escrito em meio ao processo de luta das ocupações na UFRGS e da movimentação de trabalhadoras terceirizadas da universidade em defesa de seus direitos.

segunda-feira 14 de novembro de 2016 | Edição do dia

Elas mal têm direito ao pão
Pão que sustenta as pernas
Pernas que sustentam o corpo.
Corpo que varre a sujeira do chão
Chão sujo de pernas de gente que elas não sabem quem são.
Elas não têm o pagamento em dia
Do vale-transporte e do vale-alimentação
Tem que comer boia-fria
Porque há hierarquia entre funcionários da limpeza e da educação
Superexploradas
As terceirizadas são,
E todo dia abre-se uma sangria,
Trabalha duro o mês todo
Para também não receber o salário em dia
Mas que impasse!
O patrão não abre a mão
Diz que faliu, mas concorre a uma nova licitação;
Diz que tá pobre morando em mansão;
Disse que agora até anda de busão
...
Busão?
Abre olho! Antes que a Ferrari da retórica dele te ultrapasse!
Ele têm muito ouro acumulado!
Deve ter financiado
A campanha daquele deputado
Que sediou a sessão da nova Lei da Terceirização!
Mas lutaremos juntas e juntos,
Para mudar não só a vida que quem já nasceu
Mas também de quem hoje nasce!
Lutar pelos direitos das trabalhadoras terceirizadas
É lutar também junto com a nossa classe.
Lutar por uma vida digna de alegria
Lutar não somente pelo pão que as sustenta!
Mas também pela poesia.




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