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Greve DETRAN-RN | Arraiá de greve do DETRAN-RN fortalece luta contra precarização de Fátima Bezerra (PT)

Nessa terça-feira, a greve dos trabalhadores do DETRAN-RN completou 14 dias com um evento social e político, o “Arraiá da Resistência dos/as trabalhadores/as do DETRAN-RN”, que se deu pela manhã, junto a um ato, na sede da Governadoria do RN.

terça-feira 14 de junho de 2022 | Edição do dia

Reuniram dezenas de trabalhadores do DETRAN diversas cidades do estado que vieram para a capital fortalecer a importante greve que estão travando pela realização de um concurso público da categoria.

Houve comes e bebes na frente da Governadoria, enquanto a categoria se manifestava e buscava marcar uma reunião com o governo do estado para que ouçam as suas reivindicações. Mas sequer uma data para conversar com os servidores do DETRAN foi apresentada, tendo que ouvir propostas de aguardarem a próxima gestão para exigir o concurso. Nesse sentido, a categoria votou pela manutenção da greve até que se defina se avance nessa demanda.

Em depoimento ao Esquerda Diário, relata a importância da greve: A greve é nosso único e mais importante instrumento de luta, querem calar os funcionários do Detran,beirando a terceirização, o povo vai sofrer com isso! O servidor tem um papel importante para a sociedade quanto o empresário visa somente os lucros! Sem as lutas jamais conseguiremos avançar, categoria unida é categoria forte!

Não há concurso na categoria desde 2010, sendo que desde a greve de 2019 que os servidores do DETRAN conseguiram um acordo coletivo que previa a realização de um novo concurso. Na greve de 2021, quando conquistaram um importante reajuste para a categoria, também tiveram um calendário para a realização do concurso público, que até agora não vem sendo seguido.

Ao contrário, o governo Fátima Bezerra (PT) vem anunciando novas contratações de terceirizados para cargos como psicólogos, instrutores teóricos e práticos, ou seja, avançando na terceirização de todas as funções dentro do DETRAN. Hoje 47% do quadro do DETRAN é de servidores efetivos, sendo que boa parte tem condições de se aposentar. Uma forma de precarizar as condições de trabalho e o próprio atendimento da população, dando lucro para empresas terceirizadas, muitas vezes ligadas a clãs familiares. E cumpre o papel político de fragmentar ainda mais a categoria que tem tradição de fortes greves, aprofundando a separação entre efetivos e terceirizados.

A terceirização é parte do projeto neoliberal desde os governos FHC, quadruplicou nos anos de governo do PT, chegando a 13 milhões de postos de trabalhos. Com o golpe institucional de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por tornar legal a terceirização irrestrita, que permitia a terceirização não só das chamadas “atividades meio” mas também as “atividades fim”. Com a reforma trabalhista de Temer e aprofundada por Bolsonaro, a informalidade, intermitência e outras formas precárias de trabalho se desenvolveram. É nesse processo que se insere a terceirização do trabalho no DETRAN, e que o governo do PT de Fátima deu continuidade.

Nesse sentido, é muito importante a luta no Detran e a necessidade de unificar o conjunto de categorias em apoio a essa greve. Pois se trata de um enfrentamento principalmente contra os ataques do governo Bolsonaro, flexibiliza ainda mais nossos direitos, e é responsável pela inflação nos alimentos e combustíveis, que arrocham os salários dos trabalhadores. E é expressão da barbárie da burguesia brasileira que, junto aos militares, é responsável pelo desaparecimento do jornalista e do indigenista Dom Phillips e Bruno Pereira no Vale do Javari na Amazônia, pelo assassinato e perseguição aos povos indígenas, como os Yanomamis em Roraima que há poucos meses tiveram duas crianças mortas por garimpeiros.

Mas a luta do Detran é a única, como mostraram com o forte apoio aos trabalhadores da educação que estão há 108 dias em greve no Piauí por reajuste, enfrentando a perseguição judicial e ataque ao direito de greve por parte da governadora Regina Sousa (PT), que assumiu o cargo para o titular Wellington Dias (PT), aplicador de cortes na educação do estado, concorrer às eleições.

Ontem os rodoviários de SP também entraram em greve, e indígenas de Atalaia do Norte (AM), da região em que Bruno e Dom desapareceram, fizeram uma manifestação por justiça.

Nós do Esquerda Diário e da Juventude Faísca Revolucionária marcamos presença nessa importante atividade da greve do DETRAN expressando nossa solidariedade. Viemos batalhando para expressar nas assembleias da UFRN, assim como através do Centro Acadêmico de Ciências Sociais, como na faixa que foi levada para o ato da manifestação em defesa da educação no último dia 9 de Junho.

Isso por que defendemos que a luta contra os cortes de Bolsonaro na educação e a cobrança de mensalidade não pode se separar lutas dos trabalhadores e setores oprimidos. Pois somente nessa unidade entre as lutas dos trabalhadores, seguindo o forte exemplo dos indígenas, da população de Sergipe que deu uma importante resposta à morte brutal de Genivaldo pela PRF, também com a juventude, que podemos derrotar Bolsonaro, o bolsonarismo, os militares e o Centrão.

Não vai ser com o STF que foi parte de aprovar ataques como a terceirização, o Marco Temporal, e agora persegue organizações de esquerda. Mas também não vai ser com a conciliação de classes do PT, que ao invés de colocar a CUT e a CTB a serviço de unificar cada uma dessas lutas, se alia com arquireacionários como Geraldo Alckmin e atua como freio nos sindicatos que dirige, assim como nos DCEs e CAs dirigidos pela UNE. Tudo em favor de uma paz social com Bolsonaro, para uma transição “pacífica” do seu governo pela via das eleições, mesmo que sob tutela do autoritarismo do judiciário e dos militares. E que está a serviço não só de deixar passar desapercebidos ataques como a privatização da Eletrobrás, mas também ataques do governo Fátima Bezerra no RN, Regina Souza no Piauí, facilitando alianças por exemplo entre Fátima e a oligarquia dos Alves, o que só pode abrir mais caminho à extrema-direita.

Chamamos o conjunto da população a cercar de solidariedade a essa luta, e exigimos da CUT e CTB que coloque os sindicatos que dirige em apoio ativo a essa greve. Assim como chamamos setores da CSP-Conlutas a darem essa batalha nos seus sindicatos, e parlamentares como Robério Paulino (PSOL) a chamarem essa campanha de solidariedade. E que as organizações que se colocam contra a conciliação, MES/PSOL, PCB e UP, defenda nas universidades a organização dos estudantes ao lado da greve do DETRAN.




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