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Resposta nas ruas | Argentina: Jornada de protestos contra a crise e os ajustes tem grande ato na Praça de Maio

Argentina tem novos protestos em escala nacional, diante da crise social que se agrava a cada dia. A inflação diminui o poder de compra dos salários. A massa da população sofre o ajuste fiscal e a pobreza cresce. Por isso, a oposição de esquerda levanta a necessidade da luta contra o ajuste e por uma saída a favor da classe trabalhadora.

quinta-feira 28 de julho de 2022 | Edição do dia

Nesta quinta-feira, 28, um novo dia de protesto tomou as ruas de toda a Argentina contra a fome, o ajuste fiscal e por uma saída a favor dos trabalhadores e da população empobrecida. Convocado pela Unidade Piquetera, movimento social de desempregados, teve seu ponto mais importante com um ato massivo que aconteceu na Plaza de Mayo. Anteriormente, as mesmas entidades haviam realizado coletiva de imprensa em frente à Justiça Federal, na Ciudad Autónoma de Buenos Aires (CABA). Ali, denunciaram as políticas de ajuste e a criminalização dos protestos e das organizações e movimentos sociais. Como está acontecendo em cada mobilização e dia de protesto, o La Izquierda Diario, seção argentina do ED, esteve presente para noticiar e refletir o desenvolvimento da luta.

As organizações sociais, que reúnem companheiros desempregados, trabalhadores precários e cooperados, também exigem bônus emergencial de $20 mil pesos, universalização de programas sociais, trabalho genuíno e registrado, baseado em um plano de obras públicas, bem como salário mínimo acima de $100 mil, entre outros pontos.
A inflação não para de crescer. Alguns consultores já dizem que os preços dos alimentos podem subir cerca de 9% em julho. O poder de compra do salário não para de cair. Mesmo os trabalhadores que alcançaram aumentos significativos veem como os percentuais com os quais concordaram estão ficando desatualizados. Para os setores mais humildes, que estão fora do acordo, no setor informal ou desempregados, a situação se torna ainda mais crítica.

Enquanto isso, os grandes empresários do campo e os especuladores buscam uma maior desvalorização do peso. Eles querem garantir seus próprios negócios em dólares ao custo de afundar ainda mais a renda da massa trabalhadora.

O Governo de Fernández e Cristina é cúmplice dessa situação. Eles falam contra aqueles que especulam com o dólar, mas não dão um único passo para detê-los. Pelo contrário, permitem a especulação e garantem seus negócios em muitos casos. Além disso, com base no acordo firmado com o FMI, mantém uma trajetória de ajuste fiscal. Por isso, anunciaram o congelamento dos salários do serviço público, ao mesmo tempo em que viabilizam um aumento de 40% nas tarifas do transporte na zona metropolitana da capital.

O acordo com o FMI é parte do que está levando o país a essa situação crítica. As decisões sobre o que o Estado argentino pode e não pode gastar são tomadas em Washington. Por isso, a ministra da Economia, Batakis, viajou aos Estados Unidos para negociar com a potência econômica internacional.

Nesse cenário, a oposição de direita pede ainda mais ajuste fiscal. Defendem abertamente os grandes empresários que especulam com o dólar e aumentam os preços. Os mesmos empresários que demitem, reduzem os salários e pedem mais flexibilização do trabalho.

Nesta situação, é necessário que a classe trabalhadora e os pobres proponham sua própria solução. É preciso começar a propor um programa que ataque os interesses dos grandes capitalistas para impedir que as maiorias populares paguem pela crise. Como nossos camaradas vem propondo, são necessárias medidas urgentes.

Mas, além disso, é preciso lutar para impor essa saída. A classe trabalhadora não pode ficar de braços cruzados enquanto os patrões e o governo empurram o país para o abismo. É preciso impor aos dirigentes sindicais da CGT e da CTA a convocação urgente de uma greve nacional e de um plano de luta. Não se pode esperar até 17 de agosto para fazer um ato nacional, como propõem os líderes burocráticos dos sindicatos. Cada dia que se perde é um dia de maior degradação das condições de vida dos pobres. É urgente responder.

Mais cedo, na quinta-feira, nossos camaradas do PTS da Frente de Esquerda (FITU) se mobilizaram a partir das 7h30 no Obelisco junto com os companheiros e companheiras do Movimento de Agrupações Classistas (MAC) e o movimento La Red, formado por jovens trabalhadores e estudantes, depois convergindo com a mobilização da Unidade Piquetera.

Trabalhadores da indústria de pneus, metrô, aeronáutica, professores, cooperativa Madygraf, estatais, alimentação, ferroviários, saúde, Pilkington, estudantes de diferentes centros universitários, secundaristas e estudantes de escolas técnicas estiveram presentes em frente ao Tribunal. Os deputados nacionais Myriam Bregman e Nicolás del Caño e figuras políticas da esquerda como Christian Castillo e Raúl Godoy fizeram parte da ação, que teve como objetivo dar suporte às lutas que estão ocorrendo em todo o país, como a dos professores, que nesta terça-feira em Mendoza realizaram uma mobilização massiva no âmbito de uma greve contra o reajuste e por aumento salarial. Também em apoio às lutas em Chubut, La Rioja e Río Negro, protagonizadas por trabalhadores da educação e da saúde, entre outros.

Os grupos também propõem outra saída para a crise, começando por exigir urgentemente o aumento emergencial de salários, pensões e programas sociais, rejeição de aumentos tarifários e medidas incisivas como a nacionalização do comércio exterior, a criação de um banco estatal único, a jornada de trabalho (6 horas, 5 dias por semana) para se trabalhar individualmente menos e acabar com o desemprego, com um salário que cubra a cesta básica, a nacionalização sob controle operário dos serviços públicos e o não-reconhecimento soberano da dívida pública, rompendo com o FMI.




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