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RIO - VIOLÊNCIA POLICIAL | “Aquela blusa é minha bandeira”, diz mãe de menino alvejado pela PM com uniforme da escola

sábado 30 de junho de 2018 | Edição do dia

A força de Bruna, mãe de Marcos Vinícius (14) que foi morto pela polícia, é a força de muitas mulheres que têm seus filhos mortos diariamente pela polícia. “Calaram meu filho, mas a mãe dele ficou. Calaram Marielle, mas a esposa dela, todo mundo, ficou. Não seremos silenciadas. Fora Temer, fora intervenção, que só mata inocente! ”, ela diz em fala durante manifestação que ocorreu na quinta-feira, 27.

Marcos Vinicius da Silva, adolescente de 14 anos, foi vítima de uma operação da Polícia Civil e das Forças Armadas na quarta-feira (20) na favela da Maré. O jovem negro estava a caminho da escola quando foi atingido por um tiro das forças repressivas, na manhã em que a Polícia Civil fez uma operação na comunidade. Moradores relataram que a polícia atirava de cima do helicóptero.

Desde o início do ano, após tentativa frustrada de aprovação da reforma da previdência, Temer tenta mostrar serviço colocando o exército nas ruas do Rio de Janeiro, um dos estados em que a polícia mais mata pobres e negros, com a desculpa de garantir a segurança e ordem. Porém desde então o Rio sofre ainda mais com a violência policial e todos os dias saem notícias dos jovens, negros e pobres da periferia que são assassinados em operações policiais, assim como ocorreu com Marcos Vinícius, assim como ocorreu com Marielle.

Em forte discurso no vídeo abaixo, Bruna, mãe do garoto, deixa claro que não se conformará com uma posição de conformada vítima, pelo contrário, não se calará enquanto não fazer valer a denúncia que seu filho fez, em suas últimas palavras. “Alvejaram meu filho com um tiro. No abdômen. Quando eu cheguei na UPA, meu filho disse: mãe, levei um tiro do blindado. O blindado não me enxergou não? Com a roupa da escola?”. Falou das absurdas calúnias feitas na internet, de que Marcos seria associado ao tráfico, e reafirmou que foi a polícia.

“Polícia pra mim não tem nome, não tem divisão de nome, é tudo homicida”, diz ela, “(...) O estado alvejou a Marielle. Uma mulher guerreira que botava a cara, a cara e a boca por nós aqui da Maré. Só que eles pensaram que ela ia morrer ali, só que não, a força dela se tornou maior, e a dor dela também. A dor da família da Marielle é a minha dor, é a dor da Maria Eduarda, do menino Jeremias, tudo alvejado em escola. O menino Jeremias ia pra Igreja. Que traficante é esse, gente? Que diretor de escola, que ex-professor de outros alunos, de outras escolas vai no enterro. O secretário da educação botando lá a blusa do meu filho, suja de sangue. Gente aquela blusa minha, ela é minha bandeira.” Veja vídeo com a fala completa:

Como Bruna afirma, a questão não é apenas o policial que matou seu filho, pois a função de todos os policiais é ser igualmente assassino. A questão é o Estado capitalista, que se apoia no seu braço armado da polícia e do exército para seguir reprimindo em nome da manutenção de uma ordem social de desigualdade e miséria. O mesmo Estado que possui mil relações com o tráfico e as milícias, e que os mantém como parte desse mesmo esquema.

Ao lado de Bruna e de todas as mães que tiveram as vidas de seus filhos arrancadas pelas mãos do Estado, precisamos lutar contra a intervenção federal, contra a polícia e pela legalização das drogas, única forma de acabar com o tráfico para dar fim a essa guerra que só serve de desculpa para que a polícia siga matando a população negra e pobre nas favelas. Tomemos todos essa bandeira em nossas mãos.




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