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Cinema e resistência | Após 4 dias da estreia, “Marighella” já é o filme brasileiro mais assistido em 2021

Após apenas 3 dias de pré-estreia e 1 de lançamento no cinema, o filme de Wagner Moura já atingiu 36,7 mil espectadores, ultrapassando o filme “Depois a louca sou eu”, de 29 mil, se tornando o filme brasileiro mais assistido em 2021. Isso mostra a memória de uma luta contra a ditadura.

sexta-feira 5 de novembro de 2021 | Edição do dia

Desde seu anúncio de lançamento, em 2019 (ano em que o filme foi estreado em Berlim e aplaudido de pé pela plateia), até seu lançamento oficial no dia 4 de novembro (data que marca 52 anos do assassinato de Marighella), o filme passou por diversas ameaças e perseguições, incluindo a absurda censura imposta pela Ancine e pelo governo, que fez com que seu lançamento fosse adiado 2 anos. Nas palavras do próprio diretor, em uma entrevista ao AdoroCinema:

“O filme foi proibido de estrear aqui, é um absurdo termos vivido isso. Fomos atacados desde o começo, na época em que estávamos financiando, durante as filmagens fomos ameaçados, depois houve todo o imbróglio com a Ancine.”

“Quero lembrar que a Ancine fez 20 anos e que em 18 deles esteve ao lado dos produtores brasileiros. Faz dois anos que a agência foi desmontada, que a cultura foi desmontada. Isso é uma forma de censura. Tiraram a diretoria e a que entrou não fazia o processo andar”

“Vivemos situações complicadas, muitos ataques mentirosos. O próprio MBL, que hoje marcha contra Bolsonaro, colocou minha cara dizendo ‘Wagner Moura roubou milhões na Lei Rouanet’. Vivemos com pessoas dizendo que iam entrar no set para bater na gente. Mas quanto mais isso acontecia, mais unida estava a equipe para contar a história”, disse Wagner Moura.

Sobre o filme e Marighella: Marighella, o filme: notas sobre patriotismo, luta armada e estratégia revolucionária

Tal perseguição mostra o nível de ataques que o governo e a burguesia vem fazendo contra a cultura e a memória de resistência da classe trabalhadora, colocando um racista na fundação Zumbi dos Palmares e queimando a cinemateca nacional.

O recorde de ingressos vendidos em apenas um dia mostram que uma grande parcela da população não querem mais viver sobre as botas de Bolsonaro, dos militares, e de quem reivindica a nojenta ditadura militar que se instaurou com o golpe de 64, e que vêem na figura de Marighella um lutador que resistiu e batalhou contra o regime.

De fato, Marighella foi um corajoso guerrilheiro que deu sua vida para a luta contra a ditadura, uma grandeza para poucos. Entretanto, sua estratégia tomada, a da guerra de guerrilhas, substituía as grandes massas trabalhadoras por um grupo de soldados armados, passando por fora da conformação de organismos de auto organização das massas, inclusive, em um momento de grandes ascensos da luta de classes, com a marcha dos 100 mil e a ocupação da USP pelos estudantes em 1968, por exemplo.




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