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Constatações grotescas | Após 257 disparos contra Evaldo, defesa de militares fala que “não há prova de excessos”

A defesa dos 12 militares acusados de assassinar o músico Evaldo dos Santos Rosa e o catador de latinhas Luciano Macedo, em 2019, afirmou que “não há provas de excessos” por parte dos militares e que os réus “agiram dentro dos limites da legalidade”. Constatações grotescas contrastam com os 257 disparos feitos contra o carro de Evaldo.

quarta-feira 13 de outubro de 2021 | Edição do dia

Os militares são conhecidos, além da brutalidade e da perícia em matar preto e pobre, também pela impunidade. No Brasil do século XXI, militar é praticamente sinônimo de impunidade. Ainda não está certo se os 12 réus acusados de matar Evaldo e Luciano serão condenados, mas já é possível ver a atrocidade com que a defesa conduz os argumentos.

- Relembre o caso de Evaldo aqui, músico que ia para um chá de bebê com sua família e teve o carro alvejado por dezenas de disparos de fuzis e pistolas em 2019, no Rio de Janeiro.

Paulo Henrique Pinto de Melo, o advogado dos 12 militares, afirmou hoje durante o julgamento: “"Condenar esses militares é chancelar a condenação da própria Força [Exército]. Com muito respeito às perdas, esses militares agiram dentro dos limites das legalidades. Para eu acusar alguém de matar alguém, preciso ter o dolo, o ângulo, em lugar nenhum está provado isso”.

Respeito às perdas? Limites da legalidade? Que legalidade é essa que permite policiais fuzilarem um carro com 257 tiros? A matemática não fecha. Essa é a legalidade do Estado racista brasileiro, cuja brutalidade argumentativa assassina Evaldo e Luciano uma segunda vez. No total, foram 257 disparos contra o carro que continha Evaldo, sua esposa Luciana, seu sogro, o filho de 7 anos do casal e uma amiga da família. Evaldo recebeu nove tiros e o carro atingido por 62 no total.

E durante o julgamento, o advogado continuou sua oratória desumana: “Não se tem nenhuma prova mínima que seja de excesso desses militares. As provas da autoria estão todas nesses áudios. Aqui está se tentando execrar homens de bem. Apesar das vítimas, nós precisamos que esse processo seja analisado com justiça.


Cabe lembrar que, além dessa defesa monstruosa, outro sujeito que saiu em defesa dos militares na época foi Hamilton Mourão, vice-presidente da República, general defensor da ditadura militar. Casos como esses unem monstros espalhados pelo Brasil.

O catador de latinhas Luciano Macedo viu a cena e tentou ajudar a família, mas acabou baleado. Não há excesso?? Luciano acabou morrendo 11 dias depois no hospital.

Logo após o ocorrido, os 12 militares foram presos mas soltos em seguida após decisão do Superior Tribunal Militar. Afastados das funções da rua, eles seguem em liberdade.

Já a família de Luciano e Evaldo seguem com o luto e a angústia da possibilidade de impunidade. O Estado racista brasileiro é responsável por esse crime atroz, basta de impunidade e de matar corpos negros em nosso país!




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