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NORDESTE | Ao contrário de dividir, a CUT deve unificar professores estaduais e municipais de Pernambuco

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

quarta-feira 22 de março de 2017 | Edição do dia

Esta semana, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), filiado à CUT, pôs fim à greve dos professores estaduais de Pernambuco, depois de ser votada no 15M. A CUT põe fim à greve em meio à raiva nacional contra a reforma da previdência. Em meio à manobra de Temer para dividir a resistência dos trabalhadores federais, estaduais e municipais, amedrontado pela demonstração de forças do 15M. Em meio à votação no Congresso da terceirização geral do trabalho. Como se não bastasse, terminou a greve dos professores estaduais em meio à greve dos professores municipais. Uma verdadeira aberração.

De acordo com o presidente do Sintepe, Fernando Melo da CUT, a mobilização local foi encerrada para "aguardar a resposta do Governo de Pernambuco acerca das reivindicações apresentadas pela categoria", entre elas a defesa da lei do piso nacional do magistério, que seria de R$ 2.298,80 em 2017, o que representa um reajuste salarial de 7,64%. "O governo tem um prazo para responder à nossa pauta, entregue no dia 8 de março. Vamos aguardar um mês por essa resposta".

Aguardar um mês. A razão, para a CUT, parece ser que um mês de trégua e tranquilidade irá realmente amedrontar o governo do PSB em Pernambuco, sobre cujos ombros agora recai a tarefa de aplicar a reforma da previdência sobre os mesmos professores estaduais. Um mês de combate comum dos professores estaduais junto aos professores municipais (que lotaram com mais de 40 mil pessoas a assembleia de greve no 15M) não teria um efeito tão amedrontador sobre o governo.

Uma lógica ridícula. Ainda segundo Melo, a suspensão da greve busca acompanhar a movimentação das centrais sindicais em todo o país. "A mobilização do dia 15 de março foi avaliada positivamente e, a partir dessa análise, haverá uma nova organização para discutir coletivamente se será feita uma greve geral em abril".

Como o conjunto da CUT, independente de eventuais divisões internas, o mantra da greve geral - uma necessidade de fato, e não apenas de palavra - é usado pelo PT como carta de negociação parlamentar, a fim de que os congressistas golpistas entreguem algo a ser visto como concessão, e não para enfrentar e derrotar toda a reforma da previdência - assim como a reforma trabalhista - pelos métodos da luta de classes que apareceram contundentemente no 15M.

É preciso assegurar uma frente comum de combate contra os ataques de Temer, e dos governos estaduais. O PT, através de sua influência nos movimentos sindicais, está aplicando sua estratégia parlamentarista de preparar o "Lula 2018", por fora dos combates. Por isso abandona os professores municipais, junto aos quais os professores estaduais de Pernambuco querem lutar unificadamente.

Não podemos deixar nossa luta nas mãos desses dirigentes sindicais privilegiados que estão apenas preocupados com seus interesses privados, e não com os direitos dos trabalhadores. Precisamos exigir que as centrais organizem a resistência, mas fazer isso a partir de organizar assembleias nos nossos locais de trabalho, discutindo quais medidas precisamos tomar para colocar de pé um plano de lutas sério e à altura dos ataques, impedindo que a manobra de Temer freie nossa resistência. As greves da educação que estão em curso hoje, como de professores estaduais na Bahia e MG, e professores municipais em SP e de Recife, podem servir como um forte ponto de apoio, convocando as demais categorias a sair em luta e se unificar nesse combate.

Exigimos que as centrais convoquem imediatamente um novo dia de paralisação nacional contra a reforma, paralisando o país e mostrando a Temer que sua manobra não irá minar nossa luta. Vamos barrar a reforma da previdência!




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