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GREVE AMAZON ALEMANHA | Amazon: trabalhadores em luta preparam novas greves

Desde segunda os trabalhadores da Amazon no centro logístico da cidade de Graben se encontram novamente em greve. Seguem acompanhando as paralisações que vem acontecendo em outros centros logísticos da Amazon, como o de Leipzig e o de Bad Hersfeld.

sexta-feira 27 de março de 2015 | Edição do dia

Foi em Bayer, no sul da Alemanha, na pequena localidade de Graben, onde a partir de segunda os trabalhadores da Amazon entraram numa greve de 72 horas.

Semelhante aos seus colegas em outros oito centros da empresa na Alemanha, as razões de sua luta se encontram numa combinação de demandas "locais", com a grande quantidade de trabalhadores doentes, devido longa jornada de trabalho e a demanda nacional por um contrato coletivo.

Os trabalhadores organizados no Sindicato Unido de Serviços (Ver.di) começaram a greve denunciando que devido as condições de trabalho do centro de distribuição, cerca de um quarto dos trabalhadores se encontram doentes pela longa jornada.

Situação que não é menor, sobretudo numa região onde o índice de faltas no trabalho devido a doenças é uma das mais baixas (4,4%) a nível nacional.

Mas isso não é só um problema vivido na Amazon Graben, mas sim um problema derivado das condições trabalhistas que impõe esta multinacional em cada um de seu centros de distribuição, verdadeiras fábricas de pacotes.

Vendo de longe, o processo que se realiza em cada centro parece simples: recepção de mercadorias, sua organização em armários, recepção dos pedidos, busca e coleta do pedido, preparação e empacotamento e finalmente o envio (veja vídeo).

O que não nos permitem ver é a intensidade e o estresse que vivem os trabalhadores para - pressionados pelo relógio - enviarem os pacotes no prazo e do jeito prometido. Situação que se vive diariamente e se aumenta de forma absurda durante a Páscoa e o Natal, as temporadas de vendas mais importantes da Amazon.

A luta por um contrato coletivo cresce e se politiza

Como viemos informando pelo Palavra Operária, os trabalhadores da Amazon vem realizando greves desde 2013 demandando um contrato coletivo a patronal.
Este contrato coletivo permitiria arrancar da multinacional melhores condições de trabalho focadas na melhora da qualidade de vida dos trabalhadores. Frente a isso, os trabalhadores organizados tem obtido constantes "nãos" e a patronal busca desacreditá-los de todas formas possíveis, buscando dividir e confrontar os trabalhadores entre si.

No entanto, a única coisa que a patronal conseguiu foi que os trabalhadores organizados se politizassem, crescessem em número e que uma luta que se iniciou nos centros de distribuição de Leipzig e Bad Hersfeld hoje se estenda aos nove centros que a Amazon conta na Alemanha. Em sete centros estouraram greves e o grau de organização sindical entre os cerca de 10 mil trabalhadores chega perto dos 50%.

Desde então, também não tem sido fácil para a velha burocracia do “Ver.di”, que ainda segue dominado pela social-democracia, mas que são atropelados mais uma vez pela luta, sobretudo pela disposição dos trabalhadores em radicalizar as ações contra a multinacional.

Ao mesmo tempo, o grau de confiança na coordenação entre os centros aumenta apesar dos limites que tenta impor a burocracia sindical e a medida que a luta aumenta o processo de politização de muitos dos trabalhadores ativos, isso faz cada vez mais pressão desde as bases para que a direção do sindicato abra espaço para um terceiro encontro nacional de trabalhadores da Amazon e que existam avanços numa coordenação européia, sobretudo na França e Polônia, e em outro nível nos Estados Unidos.

A mobilização na Amazon, tendo constantes lutas contra o trabalho precarizado na poderosa Alemanha - situação que busca esconder -, se tornou uma referência de luta. Hoje existem cada vez mais discussões sobre o mercado de trabalho alemão, os efeitos das reformas neoliberais implementadas pelos governos de Helmut Kohl, aprofundadas com a anexação da Alemanha Oriental (os primeiros "sortudos" dessas reformas) e a famosa Agenda 2010 dos sociais democratas.

Estamos próximos do início da Páscoa e os trabalhadores da Amazon, com as greves que se iniciaram nos últimos dias, começam a aquecer os motores para lançar novas ações que lhe permitam arrancar da multinacional respeito e com isso impor-lhes suas demandas.




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