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ALEMANHA | Amazon: delegados protestam frente aos tribunais pela reintegração

Esta quarta-feira vão se encontrar frente aos tribunais trabalhistas da cidade de Brandenburg, Alemanha, quatro ex-delegados que demandam à multinacional norte-americana sua reintegração. Os acompanharão trabalhadores e organizações solidárias.

quarta-feira 24 de junho de 2015 | 00:07

A demanda que levam adiante cinco trabalhadores, delegados do centro de distribuição de Amazon instalado ao noroeste de Berlim, na pequena localização de Brieselang, chegou aos tribunais em fevereiro passado. Dias depois da patronal decidir não estender seus contratos e com isso golpear o setor sindicalizado e ativo da comissão interna.

Os trabalhadores buscam demonstrar nos tribunais o caráter discriminatório e político da decisão da patronal, exigindo a reintegração para continuar seu mandado na comissão interna. Mas, no entanto, têm contra eles não somente a patronal, mas também a Lei de contratos temporários. Por esta via, o Estado permite à Amazon durante um período máximo de dois anos rodar seus empregados na forma que melhor lhe convenha, apesar de existir uma comissão interna.

Conscientes disso, desde a constituição da comissão interna, lutaram contra esta prática de contratos temporários tanto em seu centro como em outras localidades, sobretudo em Berlim. Assim deram à sua luta uma dimensão política, conseguiram espaço nos meios de comunicação, visitaram universidades, receberam solidariedade de outros trabalhadores, estudantes e organizações políticas.

Entre o legal e o político

A situação que hoje vivem estes trabalhadores não é excepcional no país do “milagre econômico”, se não uma prática comum, que permite as patronais reduzir custos na produção, evitar a organização dos trabalhadores mantendo uma alta rotatividade e espremendo ao máximo a força de trabalho sob a promessa de quiçá possam chegar a ter um contrato fixo à aqueles que mais se sacrifiquem.

Sob esta Lei de temporários, diariamente tem-se baixas, voltam a contratar ou destina-se ao desemprego milhares de trabalhadores, sendo que na maioria dos casos não há nenhuma razão que justifique. O quê tem sim é uma prática discriminatória, que com o amparo da lei, permite as patronais demitir trabalhadores que por doença, gravidez, ou ativismo político, não querem empregar mais. E muito poucos se animam depois, sem muito êxito, a processar e levar seu caso aos tribunais.

Nos processos trabalhistas que se desenvolvem regularmente nos tribunais alemães raras vezes os envolvidos apostam pela politização do seu caso. Geralmente todos estão contra levar a esse nível a luta legal; advogados, sindicatos e juízes. Embora haja casos emblemáticos como o de Emmely – vendedora da rede de supermercados Kaiser -, que durante dois longos anos lutou contra sua demissão motivada pelo seu ativismo político como sindicalizada e delegada -, em geral são só questões jurídicas que se tratam nas cinzas salas dos tribunais.

Isto gera uma situação trágica para os trabalhadores que buscam “justiça”, quando está em jogo seu futuro e o de suas famílias, frente a uma patronal que só busca aproveitar-se ao máximo desta situação e evita enfrentar a opinião pública. Mas é claro que os processos dos trabalhadores contra a patronal são sempre desiguais, devido ao caráter de classes que tem as leis trabalhistas.




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