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MOVIMENTO ESTUDANTIL NACIONAL | Alguns eixos para organizar o novo movimento estudantil contra o governo Dilma e em defesa da educação

Novamente Junho vem se desenhando como um mês especial para a juventude, a recente repressão aos estudantes da UERJ e a greve das Universidades Federais estão fazendo ressurgir o movimento estudantil como sujeito na arena nacional, e nesse mesmo mês irá ocorrer o congresso da UNE (união nacional dos estudantes) e o congresso da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livres), dois congressos que devem disputar a orientação da juventude para o próximo período.

Isabel Inês São Paulo

quarta-feira 3 de junho de 2015 | 00:00

O petismo que nos últimos dez anos garantiu sua estabilidade na juventude através da expansão precária do ensino superior, com programas como o FIES, PROUNI e REUNI, está questionado em seus pilares: frente a crise no FIES, os cortes de 9 bilhões na educação, e sua expressão em algum nível de greve nas 48 das 63 Universidade Federais. Diferente de congressos anteriores, a soma de crise política nacional, “ajustes” do governo Dilma e governos estaduais e demissões nas indústrias, com crise nas Universidades, faz das lutas dos estudantes, desde os problemas de moradia, currículos, a estrutura física dos prédios, um questionamento a todo o regime do PT.

As greves no Rio de Janeiro principalmente, mas também nos atos espontâneos que vimos nas Universidades privadas, são anúncio claro de uma juventude que reconhece o "fim de ciclo petista" nas universidades de todo o país, mas também uma juventude política que quer tratar dos grandes temas, como a luta contra a PL 4330 e a terceirização.

Uma crise de tamanha proporção só vai conseguir ser respondida se as entidades estudantis se colocarem a altura de disputar a política da sociedade desde as posições nas Universidades. A ANEL surge em 2009 como uma alternativa antigovernista à direção da UNE. Sua jovem história coloca uma disjuntiva entre a tarefa de querer organizar a juventude antigovernista nacional, e um limite em um programa e lógica militante que não saem da lógica sindical e rotineira de atuação.

A perspectiva de organizar os estudantes nacionalmente sob ideias antigovernistas é uma tarefa fundamental. A direção governista do PCdoB na UNE, atua no movimento estudantil para atrelar os estudantes as políticas do governo, no 54° CONUNE uma dos principais debates será a "defesa da democracia" e da reforma política, duas políticas do PT para tentar criar uma falsa ameaça da direita e desviar as lutas operárias e estudantis de um enfrentamento direto com o governo.

Falam em defesa da democracia mas se calam sobre a situação de milhares de estudantes que sofrem os cortes, calam-se como foram os governos Lula e Dilma em que mais aumentou o trabalho terceirizado de 4 milhões para 12,7 milhões, e que a terceirização é mais a cara cruel da precarização das universidades.

Por isso desatrelar o movimento estudantil do governo e varrer as direções governistas da UNE das universidades, deve ser uma orientação central da ANEL, e para sua política e programa devem disputar os estudantes que se organizam na UNE e ter políticas para que eles se insurjam contra sua direções governistas e aproveite das lutas atuais para reorganizar o movimento estudantil e suas entidades.

Quatro eixos para a ANEL organizar os estudantes contra os cortes de Dilma e governos estaduais

1 . A expansão precária realizada pelo REUNI, é um dos fatores da crise atual, que o corte de 9 bilhões torna calamitosa. O PT por um lado aumentou o numero de vagas, colocou um segundo limitador ao estudo, que é a falta de políticas de permanência estudantil, bolsas estudo, moradia, alimentação e creches. Os cortes não só vem retirando o pouco que foi conquistado, como pioram a situação onde várias Universidades se quer tem financiamento para comprar papel higiênico, como é a situação da UERJ onde as aulas foram canceladas, pois não pagaram as terceirizadas da limpeza.

Lançar uma ampla luta unificada por políticas de permanência deve ser uma das principais tarefas, não só para defendermos o nosso direito ao estudo, e avançar que todo jovem tenha acesso ao ensino e condição de se manter na Universidade. Hoje a disputa por permanência é também uma disputa politica com a sociedade, a educação é o setor que mais sofreu o corte, pois frente à crise econômica internacional está se tornando um problema para as elites formar tantos sujeitos pensantes e não apenas técnicos, no marco de desemprego e desgaste dos regimes. Este é o pano de fundo internacional desta crise brasileira. Por isso lutamos para que todos tenham acesso ao ensino também no sentido de que o conhecimento seja apropriado pela população.

2- Parte da expansão “lulista” da educação foi também privatizante, o salto ocorreu nas Universidade privadas, entre 2003 a 2013 aumentando de 1,5 milhão para 2,7 milhões de ingressantes no ensino superior, a maior parte nas Universidades privadas, já que as federais somaram menos de 500 mil vagas, e nas estaduais ainda menos. A grande maioria dessas vagas são mantida por dinheiro do governo com o FIES e PROUNI, isso explica o salto que os monopólios da educação deram no Brasil. O problema é que o dinheiro público financia já cerca de 70% dos lucros das principais Universidades privadas do pais, enquanto que estas oferecem um ensino técnico e precário e ainda obriga os jovens a se endividarem.

Avançar na luta e no programa da juventude, é dota-la de ideias que unifique os estudantes das Universidades privadas e publicas, e com o interesse de toda a sociedade de acesso ao ensino superior. Chamar como principal campanha da ANEL nas greves e mobilizações a estatização de todas as vagas que já são mantidas pelo governo do FIES e PROUNI, questionando assim os lucros dos empresários com a educação publica e expandindo o ensino publico combatendo também a necessidade do vestibular.

3 - Unificar as Lutas nacionalmente desde os processos que já estão em curso. A partir da mobilização real aparecer como uma alternativa a UNE, fazendo um chamado a um grande encontro anti governista contra os cortes e em defesa da educação chamando a juventude da base da UNE e a oposição de esquerda. Um encontro que arme a juventude com o programa acima e coloque ela como um sujeito que consiga se ligar aos trabalhadores e a população debatendo as principais questões nacionais, como a crise do regime, a ligação dos os trabalhadores e a luta contra o PL4330 e as MPs de Dilma.

Os estudantes estão chamados a cumprir um papel nesta luta da educação e em defesa das condições de vida de todos trabalhadores. Muitos grupos, como o PSTU, tem falado de “greve geral da educação”, é preciso passar das palavras à ação. Um primeiro passo é começar uma imediata coordenação das bases em greve e mobilizadas, coordenações regionais com delegados de assembleias que seja um pontapé a um grande encontro nacional.

4 - Que a ANEL esteja na linha de frente em defesa das mulheres e dos LGBTs e dos negros a partir da luta por acesso e permanência, e também organizando esses jovens contra o reacionarismo do congresso, base do governo Dilma, como Eduardo Cunha que diz que só será legalizado o aborto em cima de seu cadáver, e ainda quer aprovar um "dia do orgulho hétero". Assim como também é tarefa nossa lutar contra a lei da maioridade penal neste país onde temos a policia que mais assassina a juventude negra, e onde uma parte da juventude ao invés de ter acesso a educação querem é aumentar a população carcerária de pobres e negros.




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