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PRIVATIZAÇÃO NA GRÉCIA | Alexis Tsipras privatiza o porto do Pireo com repressão

O acordo de privatização estabelece a concessão por 36 anos de dois terços da Autoridade Portuária de Pireo (OLP) à empresa estatal Cosco, a empresa chinesa que gerencia outra parte do porto grego e que agora passa a controla-lo de forma majoritária.

Josefina L. MartínezMadrid | @josefinamar14

segunda-feira 11 de abril de 2016 | Edição do dia

Foto: EFE/Orestis Panagiotou

O responsável de vendas de ativos do Estado Heleno (HRDAF) abriu o processo de privatização faz dois anos, muito questionado pelos trabalhadores gregos. Quando Syriza chegou ao governo, os investidores chineses mostraram sua preocupação, já que no programa eleitoral da formação figurava inicialmente a paralização das privatizações implementadas pelos governos anteriores.
No entanto, um ano atrás, em meio às negociações de Syriza com a Troika, o governo heleno se comprometeu a seguir adiante com a privatização. Representantes do gabinete viajaram a Pequin para fechar os detalhes com a empresa chinesa.
A empresa Cosco pagará 368,5 milhões de euros pela aquisição de 67% das ações e o contrato inclui investimentos obrigatórios para os próximos dez anos.

“Grécia entra numa nova fase na qual colocamos ênfase na reconstrução e na recuperação econômica”, disse o primeiro ministro Alexis Tsipras, com um discurso mais parecido com um manual de liberalismo clássico que com o líder de uma formação que em seu momento se apresentou como a “nova esquerda europeia”.
O líder do Syriza assegurou que “garantirá as relações trabalhistas e a proteção do meio ambiente”. Mas o acordo com Cosco se “estreou” reprimindo os trabalhadores portuários que protestavam contra a privatização. A polícia impediu que a manifestação de trabalhadores pudesse se aproximar da casa do primeiro ministro onde se assinava o acordo. A marcha terminou com enfrentamentos entre os manifestantes e as forças anti-distúrbios, que suaram gás lacrimogêneo. Muito trabalhadores do porto votaram no Syriza, mas rapidamente chocaram com a política do governo nesta questão crucial.
“Antes das eleições disseram claramente que não continuariam com as privatizações. Ao contrário, havia planos de gerir os portos e outros ativos gregos pela administração pública”, dizia um integrante de organizações sindicais de trabalhadores do porto em um vídeo.
As condições trabalhistas na parte do porto que já estava privatizada são muito piores, denunciam os trabalhadores, com salários mais baixos e menos direitos coletivos: “Cosco é um buraco negro no que diz respeito aos direitos trabalhistas”.
“A empresa de capital chinês impôs aos trabalhadores um código trabalhista próprio da idade média. Em relação ao desenvolvimento da zona, ditas promessas são somente truques comunicativos da empresa cheios de promessas vazias” assegurava Antonis Dalakogiorgos, Presidente da União Panhelênica dos Marinheiros de Marinha Mercante numa entrevista para La Izquierda Diário.
Os trabalhadores portuários vêm organizando mobilizações e greves contra a privatização. “Os portos e os terminais são do povo” é um dos seus lemas. Outro é “não aos monopólios capitalistas”.

Um porto estratégico para a rota da seda

Cosco gere um dos dois terminais de carga do porto de Pireo desde 2009, o maior centro logístico para a distribuição de mercadorias na Grécia e no Mediterrâneo Oriental. A aquisição do Porto foi um objetivo de máxima prioridade para China, já que lhe permite controlar uma “porta de entrada na Europa” para suas mercadorias e intercâmbios comerciais. Um ativo chave como parte de seu projeto de uma nova “rota da seda”.

Tradução: Marília Rocha




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