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GOVERNO DE SP | Alckmin paga bônus para polícia, o mérito de matar

Governador de SP pagará bônus para policiais civis e militares do estado, enquanto exalta participação deles em manifestações da direita.

Allan CostaMilitante do Grupo de Negros Quilombo Vermelho - Luta negra anticapitalista

quarta-feira 23 de março de 2016 | Edição do dia

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou na última segunda-feira (21) o bônus que deverá ser pago para os policiais do estado. O valor do bônus, referente ao terceiro trimestre do ano de 2015, deverá ser da ordem dos R$ 21 milhões, Dinheiro investido para premiar os agentes que reprimem em nome da "ordem burguesa" e que tem em suas mãos o sangue da juventude e do povo negro periférico. No atual momento da situação brasileira onde grupos reacionários encontram espaço para se manifestar e despejar seu ódio (muito graças ao fortalecimento que lhes foi concedido nos governos do PT que agora alarda contra o ovo da serpente que ele mesmo chocou). Essa "valorização" aos policiais tem por trás um interesse muito bem arquitetado.

A comparação com a polícia paulista dos anos 90 não é vazia, na verdade a lógica de extermínio é a mesma com uma nova roupa. Naqueles anos, onde o policial praticamente era bonificado por cada suspeito morto em operação, a política de se segurança pública matava cerca de 4 pessoas por dia no Estado. A atual política de bônus, porém, foi anunciada após as as manifestações de junho de 2013, depois de todos os excessos da PM em SP e todo o Brasil. O primeiro bônus pago foi referente à 2014, e para a surpresa de todos (ou não) os índices de violência naquele ano, na verdade, aumentaram!

Alckmin, no seu modo tucano de ser, esclarece que o Bônus é uma medida meritocrática e uma forma de premiar a polícia por sua produtividade, por atingir metas. A Secretaria de Segurança Pública faz a defesa de que este método de premiação é utilizado amplamente no mundo dos negócios e vende a ideia da profissionalização da polícia graças à essa política. Bem, por excelência a polícia produz a repressão e a violência "legalizada". Na lógica produtiva "empresarial" adotada pelo governo, quanto mais repressão os policiais produzirem, mais serão bonificados.

FOTO:Ciete Silvério /A2img / Fotos Públicas

Por outro lado, vincular a bonificação à queda dos índices de violência também não é garantia alguma de uma real melhora na segurança quando falamos dos políciais mais corruptos do mundo, especializados em forjar flagrantes, em plantar provas falsas, modificar cenas de crimes e boletins de ocorrência ou mesmo fazer desaparecer corpos mudando seus locais de óbito para ajudar na fraude, promovendo a "festa da carne", como é referido em "Tropa de Elite".

Vejamos alguns números do ano de 2015 que serviram de base para os bônus pagos. O primeiro trimestre de 2015 registrou o maior índice de civis mortos por PMs nos últimos 12 anos, foram 185 mortos em 90 dias. Chama a atenção a comparação com os números de civis feridos, 105 no mesmo período, o que reflete uma polícia atuando claramente para matar. Isso tudo sem perder de vista que, na realidade, estes números tendem a ser bem maiores. Constantemente, esses mesmos policiais que matam de farda durante o dia, chacinam nas quebradas durante a noite. Até agosto de 2015 (período do bônus), as chacinas já haviam feito mais vítimas do que todo o ano de 2014, foi o mesmo mês da chacina de Osasco e Barueri com quase 20 mortos e cujos suspeitos foram claramente descritos como policiais.

Governador premia, policiais batem continência e manifestantes pró-impeachment aplaudem

No evento em que anunciou o bônus aos policiais, Alckmin ainda homenageou os mesmos frente à sua participação "imparcial" e " republicana" nos atos pró-impeachment, onde tiraram as costumeiras selfies com os manifestantes e bateram continência para os que que ocuparam a Av. Paulista por 40 horas antes de retirá-los sem grandes conflitos ou ressentimento por parte deles com uma chuva de água lançada pelo blindado israelense que Alckmin adquiriu depois de Junho de 2013 para reprimir duramente as manifestações com as quais ele realmente se preocupa.

Governador ataca educação, policiais batem em manifestantes

Enquanto o governador distribui investimento pra PM com bônus e armamentos novos para ela reprimir melhor a população em tempos de crise, os salários dos professores da rede estadual se encontram sem reajuste desde 2014 e nas escolas o início de 2015 é marcado pelo forte corte de verbas e de material básico: falta de impressoras a papel higiênico. A reorganização escolar continua caminhando com o fechamento de milhares de salas de aula. Nos protestos dos alunos, porém, o tratamento é bem diferente do dado a multidão de verde e amarelo, violência e perseguição são uma constante nos protestos que não condizem com o aval do governador.

O método meritocrático com qual Alckmin administra a segurança pública, fomenta a corrupção e premia os assassinos da Polícia Militar e Civil que atuam em conjunto para manter seus bônus às custas do sangue derramado nas periferias. Essa parceria só serve para ressaltar que a simples desmilitarização da PM não basta, é necessário lutar pelo fim de todas as polícias que aí estão, e substituí-las pela auto organização dos trabalhadores.




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