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RIO DE JANEIRO | Adolescente é pisoteado no BRT lotado: outra vítima da negligência de Paes na pandemia

Adolescente foi pisoteado hoje, ao tentar entrar em um BRT lotado na Transoeste. O fato trágico por sorte não tirou a vida do adolescente que tinha 12 ou 13 anos de idade, mas já é parte do cotidiano do transporte público lotado.

terça-feira 9 de março de 2021 | Edição do dia

A foto foi tirada por uma passageira na Barra da Tijuca, e o pisoteamento ocorreu dentro do ônibus, quando o adolescente caiu no chão.

"Um adolescente estava com a mãe, deve ter uns 12, 13 anos. Quando o ônibus para e abre a porta, todo mundo entra junto. Ele entrou com a mãe, foi empurrado e bateu com a cabeça no ferro dentro do BRT", disse a passageira que tirou a foto.

O consórcio BRT Rio soltou uma nota dizendo que "chamou o SAMU" e que teria atendido aos "protocolos de segurança". Nada mais falso, já que se houvessem atendido os protocolos mínimos de segurança, haveriam ônibus suficientes para os trabalhadores, que hoje são tratados como gado por estes empresários.

Eduardo Paes hoje finge que não é responsável por tudo isso, junto ao Crivella, que manteve o sistema BRT da mesma maneira. Grandes demagogos mentirosos, que se beneficiaram com grandes acordões com os empresários dos transporte, capitalistas como Jacob Barata e outros, que têm a classe política nos seus bolsos.

O BRT hoje nada mais é, assim como os outros transportes públicos do Rio, uma máquina de moer trabalhadores: a frota é reduzida e motoristas são demitidos ou realocados para reduzir o custo das viagens e embolsar uma passagem caríssima! Cada viagem que um trabalhador é pisoteado, sofre um acidente, ou vai socado como gado, é uma viagem que gera muito lucro aos empresários do transporte - que economizaram na gasolina, no contrato de menos motoristas; economizaram na manutenção dos ônibus, etc.

A única saída para esta realidade mudar é a ampliação da frota nos corredores da Transoeste, Transcarioca e Transolímpica. Contratação de mais motoristas, ampliação da oferta de ônibus: deveriam haver 5 ou 10 vezes a quantidade de ônibus rodando! Mas isso significaria prejuízo para os capitalistas, e é por isso que o transporte não deveria ser uma mercadoria, mas sim um direito dos trabalhadores - todo o sistema de transportes do Rio deveria ser 100% estatal e controlado pelos trabalhadores rodoviários, a malha rodoviária e ferroviária deveria ser reorganizada para atender aos interesses dos trabalhadores-usuários, e o financiamento deveria vir de impostos cobrados diretamente das grandes fortunas da patronal.

Caos no BRT é mais um flagrante do fechamento de mentirinha de Eduardo Paes

Foto: Ricardo Moraes/Reuteurs

Enquanto proíbe funcionamento de diversas atividades de lazer, Eduardo Paes tenta se colocar como se fosse um gestor "racional" que está tomando medidas contra a pandemia da Covid-19. Mas o retrato do transporte público lotado é uma demonstração cabal que suas medidas não passam de uma farsa tosca e mal feita, que não combate a covid-19 justamente porque permite a infecção de milhares de trabalhadores no transporte público lotado.

Enquanto proibiu o funcionamento de bares após as 17h e até do comércio de ambulantes ao ar livre, Eduardo Paes permitiu o funcionamento de igrejas lotadas, dos trens, metros, ônibus, e, é claro, do BRT lotado.

Quer dizer, para Eduardo Paes, não há nenhum problema que os trabalhadores se infectem com a covid-19 no caminho ao trabalho. E isso está comprovado, também, pelo fato de não haver nenhuma medida de socorro, nenhuma lei que proíba as demissões destes trabalhadores e que permita que estes façam quarentena recebendo seu salário integral. Da mesma maneira, também não há nem sombra de nenhum projeto para auxiliar os pequenos comerciantes que estão sendo arruinados sem nenhum auxílio de Bolsonaro, Cláudio Castro ou da prefeitura.

Também não há previsão alguma de vacinação em massa, ou sequer um plano de testagem massiva da população, para que houvesse uma quarentena racional, na qual pudessem ser isolados os indivíduos infectados, e circulassem aqueles que testassem negativo para a covid-19. E com isso, chegando quase ao pico de ocupação de leitos municipais, com 96% dos leitos ocupados por pacientes da covid-19, as opções que Eduardo Paes oferece para os trabalhadores são duas: ficar desempregado e passar aperto em casa arriscando não ter o que comer, ou sair e enfrentar o BRT lotado, com praticamente certeza de infecção em algum momento, sem nenhuma garantia de que haverá possibilidade de tratamento ou leitos no SUS devido à superlotação.

Frente à esta situação, a disjuntiva "à favor ou contra o lockdown" se mostra uma farsa, pois tanto uma opção quanto outra, se for levada adiante pelo prefeito Eduardo Paes, significaria sacrificar as condições de vida dos trabalhadores e sacrificar também a própria vida destes em meio à pandemia, para não mexer no lucro capitalista.

Somente os trabalhadores organizados podem dar uma saída racional à esta terceira onda de pandemia que se alastra no país e que ainda deverá chegar ao Rio de Janeiro - o Estado ainda apresenta redução do número de mortes, de 18% na última semana - e que poderá ser ainda mais trágica do que em 2020. Urge que as Centrais Sindicais saiam de sua paralisia, de sua "quarentena sindical", e comecem à agir, pois por enquanto, só quem está mobilizando os trabalhadores nas ruas é a própria patronal, em favor dos interesses empresarias de manutenção do comércio aberto à qualquer custo e sem apresentar uma saída real aos trabalhadores.

A mobilização dos trabalhadores para a formação de comitês de emergência sanitária e econômica poderia ser o caminho para a unificação de diferentes categorias. Seria necessário antes, uma frente dos trabalhadores que os sindicatos têm a obrigação de impulsionar. As diferentes categorias poderiam se unificar por testes massivos para uma quarentena racional, manutenção dos salários e proibição das demissões durante a pandemia, por auxílio emergencial de 2 mil para desempregados, quebra das patentes da indústria farmacêutica e por reconversão da indústria para a produção em massa dos insumos da vacina em solo nacional. Estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores para acabar com a superlotação.




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