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PepsiCo - BRASIL | Achocolatado contaminado, precarização e demissões em massa: o histórico da PepsiCo-Brasil

quarta-feira 19 de julho de 2017 | Edição do dia

O Esquerda Diário, o MRT e a Juventude Faísca vêm fazendo intensa campanha internacionalista de solidariedade e apoio ativo à luta das trabalhadoras e trabalhadores da PepsiCo na Argentina, fábrica multinacional de produtos de alimentos com sede em mais de 200 países, que tem planos de demitir 600 trabalhadores, fechar a fábrica da capital e produzir em outro lugar com salários mais baixos. Os trabalhadores argentinos decidiram resistir e a repercussão deste passo consciente já tem ganhado o mundo.

Mostraremos aqui que além das realidades idênticas de superexploração e precarização que os trabalhadores brasileiros atravessam nos últimos anos nas fábricas brasileiras, esta luta abre a reflexão sobre como a vitória dos companheiros argentinos pode fornecer grandes possibilidades ao movimento operário brasileiro e sul americano de conjunto como exemplo de superação da burocracia sindical para dar resposta aos ataques e ajustes que os governos e patrões descarregam sobre nós.

As ramificações e produtos da gigante do imperialismo americano / Montagem na campanha de boicote "Até a readmissão dos trabalhadores" argentinos

Uma das maiores multinacionais do mundo com realidades semelhantes em cada país: superexploração nos “bons tempos” e demissões em massa em tempos de crise

A PepsiCo possui 22 linhas diferentes de produtos, que geram mais de US$ 1 bilhão em vendas no varejo cada. A receita líquida da empresa supera os US$ 65 bilhões. Algumas marcas do portfólio da empresa são Quaker, Toddy, Gatorade, Elma-Chips e Pepsi Cola.
O Brasil é o quarto maior mercado da empresa que emprega cerca de 10 mil trabalhadores em 15 fábricas. As principais se localizam em Guarulhos, Campinas, Feira de Santana-BA, e São Gonçalo-RJ e centros de distribuição em vários estados. Com base em dados dos sindicatos da indústria de alimentos ligados à Força Sindical e CUT, nos últimos 10 anos, a empresa mergulhou no processo de superexploração dos trabalhadores e descarregou suas diversas crises sazonais sobre as costas dos trabalhadores.

Após uma grande perda em 2011-2012, onde a PepsiCo anunciou a demissão de 8.700 funcionários em 30 países, o equivalente a 3% de sua força de trabalho em uma estratégia de manter a maioria dos postos de trabalho na América do Norte, a empresa passou a adotar o excesso na jornada de trabalho, o banco de horas e as terceirizações como regra para manter a taxa de lucro.

Com as demissões em massa, principalmente nas plantas no estado de SP – como em Guarulhos que chegou a empregar milhares de funcionários – vieram rotinas sobrecarregadas nas linhas de produção e relatos de abusos, assédio moral e práticas anti sindicais por parte da patronal brasileira.
Em 2014, chegou a ser processada por terceirizações ilegais pelo Ministério Público do Trabalho em Sorocaba (SP) por terceirização ilegal na produção de salgadinhos da marca Elma Chips. Os auditores do MTP flagraram terceirização ilegal na linha de produção e verificaram que, dos 230 empregados da fábrica, 160 eram terceirizados mantidos em más condições. Foram encontradas irregularidades como a não concessão de intervalo de 11 horas entre duas jornadas, ausência de descanso semanal remunerado de 24 horas, e trabalho aos domingos sem autorização de Convenção ou acordo coletivo.

Conforme os trabalhadores expressavam alguma resistência inicial aos ataques patronais, a prática anti sindical era explícita com assédios dos capatazes proibindo as assembleias e alguns casos com apoio da polícia – como no caso das 300 demissões em Feira de Santana-BA – demitindo trabalhadores ativistas e trabalhadores com estabilidade sindical.

A campanha salarial de 2017 dos trabalhadores no setor de alimentos em SP chegou a decretar estado de greve devido a empresa oferecer míseros 3% de aumento, porém logo a burocracia da Força Sindical aceitou valores abaixo até mesmo da inflação.

Ao passar destes anos, como era de se esperar, a Força Sindical e CUT não levaram a cabo uma luta consequente de resistência frente aos seguidos ataques através de demissões e superexploração. E fica ainda mais disparatado as formas de se travar uma luta contra patronais como da Pepsico se comparamos o papel que cumpre a burocracia sindical aqui no Brasil com a atual luta dos irmãos trabalhadores argentinos. Se bem que a luta de lá se torna exemplar também para a esquerda brasileira de conjunto – em especial à Conlutas – pois também os companheiros argentinos se enfrentaram com os interesses da burocracia sindical da CGT, através dos encastelados no sindicato da alimentação com histórico de fraudes em eleições de dar inveja aos gangsters brasileiros.
Nos perguntamos como seria então se a luta contra a precarização, terceirização e as demissões estivesse sob controle democrático dos trabalhadores.

Bebida da PepsiCo chegou a ser proibida em vários estados / Operários da PepsiCo-Guarulhos em campanha salarial

Casos de contaminação em 2011 e 2014 no “Toddynho” é fruto da ganância das patronais e da superexploração capitalista

Os conhecidos casos de contaminação da bebida achocolatada “Toddynho” com bactérias e até soda cáustica é a mais pura expressão das más condições de trabalho, jornadas extensas, e escalas reduzidas. Vale relembrar estes casos pois para a mídia burguesa alinhada ao discurso patronal, nos casos de 2011 e 2014 chegou-se a responsabilizar os trabalhadores devido a “erros individuais e pontuais”.

Em 2011 e 2014, houve casos semelhantes a partir da produção de lotes em Guarulhos enviados para o RS que fizeram com que a Vigilância Sanitária de São Paulo autuasse a fábrica da Pepsico em Guarulhos devido ao envase de Toddynho de 200 ml com um líquido a base de detergente e soda cáustica. No caso de 2011, pelo menos 32 pessoas passaram mal após ingerirem o produto em 12 cidades no Rio Grande do Sul. Os consumidores, a maioria crianças, sofreram queimaduras, irritação e lesões na mucosa da boca após ingerirem o produto. Apenas foi aplicada uma multa de R$ 175 mil à empresa.

Imagem da marcha em apoio ao trabalhadores em Buenos Aires (18/07) - Operários ocupando a fábrica contra a repressão

A luta exemplar dos trabalhadores argentinos da PepsiCo nos mostra o caminho

Também enfrentando uma burocracia traidora, operários argentinos entraram na luta decididos a barrar as demissões e ocupar a fábrica e lá permanecer em defesa de seus postos de trabalho e cuidar das máquinas, que se encontram em condições perfeitas para produzir. Desde então a fábrica se transformou em um centro de organização da luta. Inúmeras delegações de trabalhadores, estudantes, artistas, figuras de direitos humanos e intelectuais passaram pela fábrica para levar sua solidariedade.
Os trabalhadores bloquearam grandes rodovias e se enfrentaram com a repressão policial na tentativa de desocupação da fábrica. Os pronunciamentos de apoio cresceram dia após dia até transformar a luta da PepsiCo em uma causa popular a ponto do governo Macri frear a reforma trabalhista e a população aderir ao chamado de uma grande marcha como ocorreu massivamente nesta terça-feira.

Passamos décadas ouvindo da burocracia sindical e de setores da esquerda brasileira que não é possível organizar resistência operária contra as demissões de forma consequente e novamente vem a classe operária internacional com seus métodos tradicionais para chocar os traidores e conformados. Os trabalhadores argentinos são tão diferentes assim dos brasileiros? Seria o ar que respiram ou a forma decidida que a esquerda atua por lá?

MRT em Ato solidário na fábrica de Guarulhos / Materia no jornal argentino Clarín - A luta na PepsiCo freou a reforma trabalhista do governo Macri

Reivindicamos a atuação do PTS – Partido dos Trabalhadores Socialistas, organização irmã do MRT – neste difícil conflito que tem atuado na linha de frente e decididamente, em conjunto com a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores.

Aqui no Brasil, através do Esquerda Diário e o MRT estivemos desde a última madrugada nas portas de várias plantas da PepsiCo no país, impulsionando a campanha internacionalista de apoio a esta importante luta e nos sentimos parte de cada passo que os companheiros dão no sentido de lutar contra as milhares de demissões, a repressão e o ajuste, tirando as lições com a perspectiva de que as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros se inspirem para enfrentarmos os ataques de Temer e suas reformas que só favorecem as patronais que nos sugam até a morte pensando nos lucros, como a PepsiCo em todos os países onde está.

Veja também:

Video do ato na PepsiCo - Guarulhos


Video do ato na PepsiCo - Campinas




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