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Vigilância e perseguição | Abaixo o corte de ponto automático de Bolsonaro e Guedes, que ataca o direito de greve

Bolsonaro implementou um sistema para monitorar e reprimir paralisações e greves de servidores públicos, um brutal ataque diante do encaminhamento para aprovação da Reforma Administrativa. A indicação é de corte de ponto automático de servidor grevista, uma regra criada em maio, a partir de uma instrução normativa do Ministério da Economia de Paulo Guedes.

segunda-feira 23 de agosto de 2021 | Edição do dia

Foto: Evaristo SA/AFP

Pelo texto, os órgãos federais devem informar ao governo federal, em sistema online, a ocorrência de greve para que haja imediato corte de ponto no salário: "Constatada a ausência do servidor ao trabalho por motivo de paralisação decorrente do exercício do direito de greve, os órgãos e entidades integrantes do Sipec [Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal] deverão processar o desconto da remuneração correspondente", diz a Instrução Normativa 54.

O ataque e perseguição aos servidores públicos no governo Bolsonaro é tamanha que recentemente Guedes comparou servidores a parasitas. Universidades federais já foram apontadas como focos de desperdício de recursos e “dominados pela esquerda”, segundo Bolsonaro, que julgava o espaço universitário como “balbúrdia”. E, mesmo que as alas do governo enfrentem embates entre si, com o fortalecimento dos militares, o voto impresso, Bolsonaro busca cada vez mais alianças com o Centrão, como colocar Ciro Nogueira (PP) na Casa Civil, que inclusive esteve presente no exercício da Marinha em Formosa, e tem aliado importante na presidência da Câmara dos Deputados, com Arthur Lira (PP), e no Senado, com Rodrigo Pacheco (DEM). Isso demonstra que, em termos de ataques, estão unificados para descarregar a crise nas costas da classe trabalhadora e do povo pobre, desde a maior precarização do trabalho já precarizado, com o enorme ataque da “mini” reforma trabalhista, a MP 1045, até desmantelar os direitos conquistados pelo funcionalismo público com a Reforma Administrativa e a privatização dos Correios.

Confira a análise política: Disputas entre projetos autoritários e ataques de grande intensidade

Não é à toa que Bolsonaro e Guedes implementam uma medida preventiva de repressão à organização dos trabalhadores do funcionalismo público. Bolsonaro, fazendo política a favor de todo esse regime político podre, se arma contra a nossa classe, com o corte de ponto automático. Por isso, é necessário fortalecer os métodos da própria classe trabalhadora unificada com os estudantes, com os setores oprimidos, como os indígenas que acampam em Brasília contra o Marco Temporal, brutal ataque do STF, pela auto-organização e pelas bases, com assembleias em cada local de estudo e trabalho, para também nos prevenirmos e nos defendermos desses ataques.

Veja também: Todo apoio ao acampamento indígena em Brasília contra o Marco Temporal de Bolsonaro e STF

É necessário cercar de solidariedade, defender, apoiar e fazer ecoar as lutas incipientes em curso, como a paralisação dos rodoviários da Carris em Porto Alegre, a greve dos trabalhadores da construção civil da MRV em Campinas, que fizeram ato no dia nacional de mobilização contra a Reforma Administrativa, os professores de Betim, que foram atacados pelo PCdoB defendendo a prefeitura do milionárioMediolli. Porque é a classe trabalhadora unificada que pode enfrentar Bolsonaro, Mourão, Guedes, militares e os reacionários do Centrão.

E é nesse sentido que é urgente que as direções burocráticas sejam superadas, como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, que estão na maioria dos sindicatos do funcionalismo público, e que só têm os olhos na eleição de Lula em 2022, que já disse que vai seguir privatizando e se aliando com os setores mais reacionários desse regime político. Por isso, fazemos um chamado a unir a esquerda, como o PSOL e o PSTU, que estão em diversos sindicatos e entidades estudantis pelo país e dirigem a CSP - Conlutas e as Intersindicais, para exigir que CUT e CTB organizem um plano de luta contra Bolsonaro, militares e os ataques. E exigir também da maior entidade estudantil do país, a União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigida pelo PCdoB, que se unifique com os trabalhadores.

Confira: Unir a esquerda para exigir que CUT e CTB organizem um plano de luta contra Bolsonaro, militares e os ataque

Basta de perseguição, como seguimos vendo com o Judiciário condenando o ex-presidente do Sindicato de Metalúrgicos de São José dos Campos pela greve de 2017 contra as demissões na General Motors, com a prisão de Paulo Galo pelo caso Borba Gato, assim como a revisão da Lei de Segurança Nacional que mantém os aspectos mais repressivos da ditadura militar, a época em que foi instaurada.

Precisamos já de uma conformação de um polo de esquerda anti-burocrático para fazer triunfar as lutas em curso poderia apontar uma alternativa para os trabalhadores agora, e não esperar as eleições em 2022, contrapondo-se às burocracias sindicais e políticas, para criar as condições para liberar a energia das massas e construir a greve geral.




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