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Racionamento de merenda | ABSURDO: Mais uma vez PSDB quer implementar racionamento de merenda nas escolas

É estarrecedor que mais uma vez seja preciso denunciar que o PSDB quer controlar e fazer racionamento de merenda nas escolas, ou seja, impedir que crianças e jovens possam comer de acordo com a sua necessidade e fome, na hora da merenda nas escolas. É o que o governador Rodrigo Garcia está começando a implementar nas escolas estaduais de SP.

terça-feira 10 de maio de 2022 | Edição do dia

Foto: Agência Brasília

Em 2017, eu mesma fiz uma denúncia no portal Esquerda Diário, que repercutiu na grande mídia, de que o tucano João Doria, na época prefeito de São Paulo e pré-candidato a governador do estado de SP, estava fazendo racionamento de merenda nas escolas municipais, controlando a quantidade de comida de cada aluno, marcando em suas mãozinhas uma bolinha indicando que aquela criança já tinha comido e não poderia repetir, ainda que seguisse com fome. Na época atuava como diretora da Apeoesp pela oposição e fui buscada por diversos professores que me relataram o absurdo racionamento da merenda no município.

Como se já não bastasse que todos os anos estudantes, seus familiares, professores e gestores escolares tenham que denunciar e reclamar da qualidade e quantidade de merenda que chegam nas escolas de São Paulo, agora nos deparamos com uma situação em que o governador Rodrigo Garcia quer que os funcionários e trabalhadores da escola sejam obrigados a negar COMIDA para crianças com fome, mesmo sabendo da realidade de pobreza, carestia de vida e dificuldades que a grande maioria dos estudantes passam em suas casas.

Isso porque começou a implementar um projeto de carteirinha da merenda, em que cada aluna e aluno pode se alimentar da merenda uma única vez, sem repetir e mesmo que a fome se mantenha. Para piorar todas e todos comerão apenas 100gr por dia (!). Um completo absurdo! Somente no planeta tucano é possível alimentar uma criança com 100 gramas de comida por dia. Um planeta em que tudo esta direcionado aos empresários que se beneficiam dos ataques às escolas e à educação.

Além disso, a medida também visa proibir que professores, equipe gestora e funcionários das escolas possam se alimentar da merenda, mesmo que o governo mantenha os salários defasados, muito aquém do necessário, que o vale alimentação tenha um valor absolutamente insuficiente para uma cesta básica e que não recebam vale refeição para se alimentar, numa rotina de trabalho que nos coloca às vezes durante 12 horas seguidas dentro das escolas.

Também é do PSDB o famoso escândalo da máfia da merenda, que se beneficiava da verba da merenda das escolas estaduais. Na época, o governador era nada mais nada menos que Geraldo Alckmin. Até hoje a pergunta que a população fazia ficou sem resposta: quem vai prender o ladrão de merenda?

Esse mesmo Alckmin, que em diversas vezes ordenou o espancamento de professores em suas manifestações enquanto cobravam mais condições para as escolas públicas e para seus alunos, hoje recebe aplausos e abraços petistas por compor a chapa à presidência junto com Lula e sua política de negociar e entregar nossos direitos e necessidades em favor dos privilégios e interesses dos empresários, banqueiros e milionários.

A situação do país é ainda pior do que em 2017, em que os ataques do golpe institucional de 2016 já começavam a se encaminhar. O não combate das centrais sindicais e do petismo contra o golpe, abriu espaço para o que vivemos hoje, com um governo de extrema-direita do Bolsonaro e militares, autoritarismo judiciário, fome e miséria em níveis históricos, desemprego e todas as consequências de dois anos de pandemia sem que os governos tenham se preocupado com a população e as consequências a longo prazo, como por exemplo os déficits educacionais dos alunos, que não receberam as condições para o ensino remoto. E nesse sentido, não é só mais um caso de política do PSDB que nega comida aos alunos, hoje é ainda pior o nível de crueldade, justamente pelas condições em que se dá, em nome dos lucros dos empresários.

O deputado estadual Carlos Giannazi do PSOL, também passou a fazer essa denúncia e declarou ao site da Alesp que “as escolas já não têm funcionários suficientes, em especial no quadro de apoio, e agora vão ter de designar alguém para fiscalizar a apresentação da carteirinha", e completou mostrando como essa medida não serve em absoluto aos interesses da comunidade escolar e como pode ser na verdade uma forma de favorecer e beneficiar empresas fornecedoras de merenda, já que dessa forma podem reduzir a quantidade de comida ofertada, dizendo, “só algum interesse escuso pode explicar a introdução desse controle completamente inútil".

O ataque à saúde, alimentação e vida das crianças e jovens vem no mesmo momento em que as escolas sofrem com a implementação do absurdo novo ensino médio, sucateamento, ataque aos direitos dos professores e as consequências pedagógicas, sociais e psicológicas que os estudantes enfrentam depois de dois anos de pandemia.

É por isso que é ensurdecedor o silêncio e a passividade de um dos maiores sindicatos do país, a Apeoesp, que assiste aos ataques sendo aprovados e implementados sem organizar as escolas e comunidades escolares. Como no caso da nova carreira docente, um grande desmonte da carreira dos professores, aprovada em março pelo governo e deputados. A Apeoesp, que é dirigida a pela deputada Bebel do PT, não organiza nada porque segue, assim como CUT e as grandes centrais, em compasso de espera aguardando a eleição de Lula e Alckmin.

Nós professores não podemos permitir essa crueldade com nossos estudantes, precisamos nas escolas debater o problema e expressar um claro rechaço ao governo, contra essa medida de racionamento de merenda escolar dos estudantes. Além disso, precisamos exigir que cada subsede da Apeoesp acompanhe como está sendo a implementação desse ataque em suas regiões e organize debates e manifestações nas diretorias de ensino.




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