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CENSURA | Absurdo: Bolsonaro censura filmes e projetos já aprovados. “Mais um que foi pro saco”

Dentre as produções censuradas estão o filme Afronte, que retrata a realidade de negros homossexuais no DF; Transversais, obra que aborda os sonhos de cinco transexuais do CE e Sexo reverso, abordando questionamentos sobre sexo grupal e a sexualidade de forma geral. Bolsonaro afirma veementemente: “Vamos abortar essa missao” e comentando sobre a sinopse de um dos projetos censurados, ironiza: “Mais um que foi pro saco”. Referindo-se à Ancine, afirma: "Se não tivessem mandatos, já tinha degolado todo mundo".

sexta-feira 16 de agosto de 2019 | Edição do dia

As lives e declarações do presidente são sempre recheadas de diversas e incontáveis declarações racistas, homofóbicas, machistas, e Bolsonaro faz cada vez mais questão de levantar as bandeiras reacionárias e deixar clara sua submissão ao imperialismo. A live de ontem no FaceBook já começou com uma demonstração de orgulho em desferir mais um ataque contra a arte e suas manifestações artísticas.

Bem no começo do vídeo, Bolsonaro se vangloria em ter vetado a liberação de verbas para diversos filmes, que segundo ele, não dão bilheteria, não tem público e que por isso, não tem cabimento que sejam veiculados, afirmando que é "dinheiro público jogado no lixo". Já começa a declaração mentindo descaradamente: afirmando não ter censurado a Ancine, enquanto, em claro e bom som, veta projetos que já tinham sido aprovados pela agência. Fica a pergunta, também bem clara e direta: Se isto não é CENSURA, presidente, o que é então?

Rapidamente ele faz questão de citar alguns exemplos dos filmes censurados, marcando mais uma vez sua posição abjeta e deixando muito claro o quanto nada tem de conhecimento sobre cultura e o quanto sua submissão ao imperialismo também se manifesta neste marco, já que, como tantos, coloca também a arte e suas linguagens como meras mercadorias nas prateleiras da industria cultural.

A cereja do bolo, no entanto, é que para Bolsonaro e sua corja, além de tal fetichização, há o grau inquisidor e moralista com o qual escolhem a dedo o que pode e o que não pode ser publicado e veiculado, com o claro intuito de sobrepor sua lógica abjeta acima de tudo e de todos. E mais: arma declaradamente um combate contra os que se opõe a suas barbaridades. Um dos projetos censurados inclsuive, foi contemplado em edital.

Dentre as produções censuradas estão o filme Afronte, que retrata a realidade de negros homossexuais no DF; Transversais, obra que aborda os sonhos de cinco transexuais do CE e Sexo reverso, abordando questionamentos sobre sexo grupal e a sexualidade de forma geral. Bolsonaro afirma veementemente: “Vamos abortar essa missao” e comentando sobre a sinopse de um dos projetos censurados, ironiza: “Mais um que foi pro saco”.

Os ataques incessantes e crescentes contra a arte e a cultura caminham de mãos dadas aos ataques desferidos contra os trabalhadores, mulheres, negros, LGBTS e a juventude. http://www.esquerdadiario.com.br/MP-de-Bolsonaro-fara-professores-e-bancarios-trabalharem-aos-sabados-e-domingos

São cortes na edução, aumento de feminicídios, assembleias e reuniões interrompidas, shows censurados e o golpe mais brutal e que ataca profundamente todo o conjunto da população que é a reforma da previdência. Trata-se de uma investida profunda no combate ideológico, visando silenciar os artistas e coletivos que se colocam contra as ideias e a politica de seu governo. Há muito tempo o Esquerda Diário vem acompanhando os casos de censura a peças e exposições, repressão contra artistas e mostras, ataques a leis de incentivo e censura direta e brutal em shows e apresentações.

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É preciso depositar toda a atenção e forças em prol de construir fortes bases de enfrentamento a estes ataques. Toda forma de silenciamento e censura deve ser denunciada e combatida, já que calando as vozes de artistas e coletivos, cala-se também as vozes de centenas de milhares de jovens e trabalhadores. Os ferozes ataques ideológicos tem como pano de fundo a implementação forçada de uma ideologia abjeta, que arranca das mãos dos artistas e coletivos os aparatos como a Funarte e Ancine, tornando-os verdadeiros órgãos de sua propaganda e não veículos que fomentem as produções artísticas.

As lutas históricas que educadores, artistas, coletivos e grupos de arte e cultura enfrentam mostram o quanto segue sendo a cultura e arte ameaças às ideologias reacionárias, já que através da música, do teatro, do cinema, das artes plásticas e demais linguagens, podem os diálogos serem estabelecidos, as vozes serem ecoadas e discussões importantes travadas, absurdos denunciados, novas formas de pensar e agir podem dar novas caras e reavivar os vermelhos que carregamos.

Para compreender a gravidade da censura que corra solta nos últimos tempos é preciso primordialmente ressaltar o quanto as últimas investidas do governo contra os trabalhadores e toda a população carregaram o peso de um concreto aprofundamento do autoritarismo do governo. Não são poucos os exemplos, e com certamente, vale uma digressão breve para que fique bem claro do que se trata. A portaria 666 para expulsão de estrangeiros, em direta perseguição também ao jornalista Glenn Greenwald é um exemplo muito claro de tal aprofundamento. Ataques diretos a militantes, como no caso da militante trans do PSOL em São Paulo, invasão de sindicatos e censuras em shows, como no caso de Bnegão, que támbém relatamos aqui são provas evidentes de que junto com os ataques contra a educação, a reforma da previdência e as privatizações, corre solta a censura, para assegurar que os ataques continuem sem que ninguém questione, divulgue os absurdos e faça alardes.

Assim pretende seguir Bolsonaro: atacando em vários flancos, com o objetivo de levar até o final o projeto de que a crise seja paga com suor e sangue de trabalhadores, mulheres, negros, jovens, LGBTs, índios e a população pobre.

Por isso, agora mais do que nunca, é inaceitável que sejamos censurados e privados de expressar livremente nosso pensamento. É preciso dizer em alto e bom som: BOLSONARO, TIRE AS MÃOS DA CULTURA! NÃO ACEITAREMOS CENSURA E REPRESSÃO!

Os coletivos e grupos, bem como os artistas e trabalhadores da cultura, devem encarar como sendo fundamental, que siga sendo travada a luta para construção e efetivação de uma estratégia baseada na luta de classes, para que sejam contidos e combatidos os ataques deste governo que é fruto de um golpe institucional e serve aos ditames imperialistas.

Que as cooperativas e sindicatos da categoria sirvam como espaços de construção de uma frente de luta, chamando e organizando desde a base, assembleias e plenárias e de conjunto com as demais categorias de estudantes e trabalhadores, sigam em luta por exigir que as centrais sindicais rompam com a paralisia e organizem um verdadeiro plano de lutas, colocando também o quanto é essencial que superemos a política de conciliação de classes e a ilusão reformista e parlamentarista que o petismo deixou como legado. Que a luta contra censura esteja firmemente ligada a luta contra Bolsonaro e seus ataques!

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