Entrevistamos Adaílson sobre a situação da campanha salarial dos rodoviários de Porto Alegre.
segunda-feira 25 de janeiro de 2016 | 23:32
Qual a situação dos rodoviários de Porto Alegre para este dissidio de 2016?
Apos a greve histórica de 2014, logo, logo a patronal colocou seus cupinchas em ação para desmobilizar a categoria atacando o bolso dos trabalhadores através de uma sentença arbitraria do TRT condenado daqueles 20 dias, 13 por greve ilegal, abusiva. O próprio Jorge Soto Maior, que é um jurista conceituado fez um texto fazendo um contraponto a essa posição do TRT aqui, dizendo que sim a greve era justa e legal. Ainda sim os descontos ocorreram a e patronal se fez valer disso, alegando que a greve trouxe um prejuízo aos trabalhadores.
Se utilizando disso os próprios cupinchas da patronal, ou pelegos como a gente chama, foram tocando o terror e desmobilizando a categoria e condenando qualquer iniciativa que pudesse colocar em risco a situação financeira do trabalhador alegando que lutar seria um eventual prejuízo no futuro e que o melhor seria deixar que o sindicato, supostamente eleito democraticamente, conduzisse as assembleias daqui por diante.
Não foi diferente apoas a greve, em 2015 no primeiro dissidio que teve, o sindicato blindou o dissidio da categoria, a convenção coletiva e impedindo a criação de uma comissão de negociação e aprovou a sua maneira um dissidio muito fraco ano passado, que inclusive foi rejeitado em assembleia, mas que ainda assim o sindicato insistiu levando urnas para as garagens, e fazendo o que ele chamam de plebiscito para validar, a sua maneira fraudando urnas, um dissidio que pra categoria que votou em assembleia foi rejeitado.
Como as coisas estão acontecendo este ano?
Agora em 2016, na primeira e única assembleia até agora, o sindicato novamente impediu a criação de uma comissão para negociar o dissidio, não só impediu como de lá pra cá sonegou informações à categoria, não divulga nada pra categoria, tampouco marcou uma nova assembleia então estamos aqui em um limbo. Não se sabe se estamos no céu ou no inferno, mas o que aconteceu é que na última semana agora houve uma proposta da patronal, que foi realizada numa reunião entre o sindicato que é patronal, a gente sabe, e o sindicato do patrão que é o Seopa, seria a mesma coisa tudo aqui.
Nessa reunião foi definido que o reajuste seria de 8%, e cinquenta centavos no vale alimentação, o que é um verdadeiro absurdo e o sindicato apenas replicou a verdade que é um absurdo. É uma redundância dizer que 8% é uma ofensa aos trabalhadores, e 8% não chega nem na inflação. Com isso os trabalhadores aqui ficaram revoltados, mas ainda sim reféns das ações que o sindicato propõe.
O sindicato pediu para a categoria ficar em prontidão, que tomaria iniciativas. Mas a iniciativa que o sindicato tomou foi fazer uma operação padrão, chamada de operação tartaruga, onde o sindicato ocupa os corredores de ônibus e faz uma marcha, causando lentidão no transito, onde quem mais se prejudica são os trabalhadores que ficam ali sendo usados como uma massa de manobra do sindicato e perdem seus intervalos e ficam ali ociosos e a população que fica prejudica sem ônibus circulando na cidade.
O patrão mesmo eles não atacam. Iniciativas que poderia atacar o bolso do patrão que seria uma catraca livre, por exemplo, ou até mesmo a greve, eles nem cogitam. Não só não cogitam como continuam bloqueando qualquer iniciativa aqui da oposição entrar nas negociações e participar, sugerindo inclusive que o próprio sindicato convidaria, a seu critério, as pessoas que acompanhariam as negociações. O que aconteceu na última agora no Seopa, foi que o sindicato convidou algumas supostas lideranças de cada empresa, mas todas elas adeptas a linha do sindicato, ou seja, convidou os seus para validar aquilo que eles querem.
Existe alguma organização para tentar impor uma linha alternativa a do sindicato?
O sindicato convoca a categoria para se manter em prontidão por que vai fazer atos, e acusa os trabalhadores que fazem oposição ao sindicato de manobras os trabalhadores, de usá-los como massa de manobra, aquela velha história, sendo que na verdade, o próprio sindicato que é refem da patronal por que não tem sócios o suficiente para manter o sindicato e tem dividas exorbitantes com a união, e sobrevive através do caixa dois, dos seus acordos com o patrão, esse próprio sindicato diz que vai colocar a categoria na luta quando todos nós sabemos que isso é uma mentira.
Nós sabemos que enquanto esse sindicato estiver no comando das negociações nada será feito além de, no máximo, a tal operação padrão. Nossa ideia seria mobilizar a categoria, inclusive temos um panfleto rodando a cidade, que colocamos como um panfleto de toda a oposição, a oposição unificada, convocando a categoria para a próxima e talvez derradeira assembleia que vai ocorrer tão logo. Mas a atual situação é tão complicada que a gente não tem garantia que essa assembleia vai ocorrer. É muito fácil que o sindicato não faça essa assembleia, decida as coisas a sua maneira, e pra dizer que houve sim uma participação da categoria, levar novamente as urnas para as garagens pra fazer plebiscito.
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