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57º CONGRESSO DA UNE | "A revolução operária no Brasil será feminina e negra", diz Diana Assunção no 57° CONUNE

No 57° Congresso da UNE, mesa promovida pelo Pão e Rosas e a juventude Faísca lota auditório para o debate sobre feminismo e marxismo.

sábado 13 de julho de 2019 | Edição do dia

O Pão e Rosas trouxe o debate sobre feminismo e marxismo, que lotou o auditório da UNB, na cidade de Brasília. A iniciativa do Pão e Rosas e da Faísca foi muito importante e gerou uma grande atratividade, inclusive por que esse tema que vinha sendo um ausente no 57° Congresso da UNE.

Diana Assunção, fundadora do grupo Pão e Rosas, diretora de base do SINTUSP, e autora e organizadora de diversos livros, entre os quais “A precarização tem rosto de mulher”, foi a convidada debatedora dessa mesa. Isa Santos, militante da Faísca e coordenadora do centro acadêmico de serviço social da UERJ, foi responsável por mediar e apresentar o debate.

No começo, Diana começou questionando o porque o patriarcado segue existindo no capitalismo, e porque ele é funcional para sua reprodução. Entre os temas desenvolvidos, um dos pontos fundamentais para explicar essa questão está no trabalho doméstico e sua funcionalidade para a exploração capitalista. Ou seja, a ideologia machista que trata como “natural” as mulheres cumprirem todas as tarefas domésticas, é essencial para a reprodução da força de trabalho, através de um trabalho não remunerado que é fundamental para aumentar as taxas de lucro dos capitalistas.

Diana deu ênfase nas convergências e divergências entre feministas e marxistas. Conectou e relacionou essas definições teóricas para analisar a dinâmica política e social no Brasil nos últimos anos. Nesse sentido levantou uma reflexão sobre o paradoxo expresso na relação entre a força da primavera feminista no Brasil, como parte do fenômeno internacional de mulheres, ao mesmo tempo a ascensão da extrema direita no Brasil. Ou seja, buscou analisar como a perspectiva que havia no avanço da relação dos direitos das mulheres, se chocou com o retrocesso do ponto de vista de ter um governo de extrema-direita, como de Bolsonaro.

Afirmou que esse cenário abre a necessidade de debater que tipo de estratégia e que tipo de feminismo é necessário levar adiante. Para isso, buscou demonstrar a importância da não separação das demandas das mulheres e das demandas políticas, mostrando como enquanto avançava a pauta das mulheres, se avançava também em um golpe institucional.

Sobre isso, criticou essa separação como uma forma de frear a luta das mulheres e da classe trabalhadora por partes das direções sindicais e estudantis das entidades de massas, como da CUT e da UNE. Desenvolveu a importância da confluência entre as pautas das mulheres com a classe trabalhadora, afirmando que esse não é um elemento a mais, mas algo decisivo para pensar qual é o sujeito que pode promover transformações sociais estruturais, sendo a classe trabalhadora o sujeito dessa transformação, pela sua capacidade de paralisar a produção capitalista.

Diana terminou relembrando a vida revolucionaria Rosa Luxemburgo, há 100 anos do seu assassinato, e suas incansáveis batalhas contra o reformismo e todos aqueles que queriam neutralizar a luta da classe operária. Citou também o revolucionário Leon Trotski, lembrando que ele alertava a todos os militantes e operários que para ser um revolucionário é preciso enxergar a vida com o olhar das mulheres. Reivindicou o legado de Trotski para resgatar as ideias que estão cravadas no programa da quarta internacional, retomando suas ideias que propunham abrir passagem a mulher trabalhadora. Afirmou por fim, que agora no século XXI, o trotskismo nos inspirar para ver que as mulheres e classe trabalhadora não devem esperar que abram passagem, mas que a força das mulheres e dos trabalhadores são capazes de passar por cima de todos os obstáculos da sociedade capitalista e do patriarcado, e que essa força feminina na classe trabalhadora será um combustível fundamental para revolução operaria e socialista desse século, que pela alta composição de mulheres no movimento operário aponta que essa revolução terá rosto de mulher, o que significa no Brasil, rosto de mulher negra.

Tiveram também algumas intervenções, dúvidas e questões do plenário sobre o tema. Após responder as intervenções Diana convidou todos a lerem e se apropriarem do “Manifesto por uma feminismo socialista” do Pão e Rosas, chamando a conhecerem essa agrupação e suas elaborações, para com essas ideias, batalhar para uma estratégia verdadeiramente revolucionária que significa superar as burocracias, seja no movimento de mulheres, seja no movimento estudantil ou no movimento operário, para ter uma estratégia que leve as mulheres a vencer, avançando além da tarefa de resistir aos ataques que estão na ordem do dia.




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