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ESTADOS UNIDOS | A mais nova integrante da equipe de transição de Biden: defensora das deportações e separações familiares da era Obama

A principal conselheira de imigração de Obama, Cecilia Muñoz, foi nomeada para a equipe de transição de Biden. Bem conhecida por defender o histórico de deportações de Obama, sua nomeação mostra a continuidade entre Biden e as políticas de imigração anteriores.

segunda-feira 16 de novembro de 2020 | Edição do dia

(Foto: Ross D. Franklin / Pool / Getty Images, 2014)

Durante o último debate presidencial, aquele em que você realmente pode ouvir ele falando, Trump tentou esmagar a falsa tristeza de Joe Biden sobre separações familiares.

“Quem construiu as jaulas?” Trump perguntou repetidamente. “Quem construiu as jaulas?”

E é verdade: a máquina de deportação anti-imigrante foi construída por ambos os partidos, Republicanos e Democratas. E ela foi amplamente expandida sob o governo Obama. Até hoje é verdade que, embora Trump tenha encarceirado mais pessoas do que Obama, Obama ainda detém o recorde de deportações na história dos EUA. E é verdade que a imagem da criança chorando histericamente, presa em uma jaula, não é dos anos Trump, mas do governo Obama.

Biden tentou se distanciar do histórico anti-imigrante de Obama. Quando questionado por que os eleitores deveriam confiar nele após o histórico de deportações, Joe Biden disse "nós cometemos um erro". Ele disse que teria feito as coisas de forma diferente e que fará as coisas de forma diferente. E não é de admirar. A atuação corpo-a-corpo desempenhada por organizações sem-fins-lucrativos voltadas para a comunidade latina em lugares como o Arizona pode ter decidido a eleição para ele.

Mas agora que Biden deverá ocupar a Casa Branca, ele e o resto do Partido Democrata estão mais do que felizes em virar as costas aos progressistas que passaram os últimos meses em campanha para colocá-lo lá. E quanto à questão da imigração, isso é claro, pois ele propõe claramente a continuidade do governo Obama, nomeando a ex-conselheira de imigração, Cecilia Muñoz, para sua equipe de transição.

Muñoz, que era uma conhecida defensora da comunidade latina, tendo trabalhado anteriormente em La Raza e no Center for Community Change, tornou-se o rosto público da máquina de deportação do governo Obama. Ela foi a latina que deu cobertura política para a maior máquina de deportação construída na história daquele país. Ela justificou as políticas de imigração de Obama, em espanhol, incluindo a deportação de milhares de crianças da América Central e sua decisão de impedir uma ordem executiva que teria interrompido as deportações. Ela defendeu a política de deportação de “criminosos” - que podia incluir uma vasta gama de transgressões, incluindo violações de trânsito. E ela chegou a dizer que deportar pessoas que não haviam sido acusadas de um crime era um "dano colateral".

Em 2011, Muñoz disse no documentário Lost in Detention (Perdido na Detenção) da PBS (rede pública de televisão nos EUA), “No final do dia, quando você tem uma lei de imigração sendo violada e você tem uma comunidade de 10 milhões, 11 milhões de pessoas que vivem e trabalham ilegalmente nos Estados Unidos , algumas dessas coisas vão acontecer, mesmo que a lei seja executada com perfeição. Haverá pais separados de seus filhos”.

Ela acrescentou: "Contanto que o Congresso nos dê dinheiro para deportar 400.000, é isso que vamos fazer”.

Em uma reunião da Associação Americana de Advogados de Imigração, ela se manifestou contra a campanha #Not1More (#Nem1Mais) contra as deportações, argumentando que os advogados não deveriam se opor a todas as deportações. “Os reformistas da imigração precisam de uma teoria para a deportação humanizada”, disse ela. “#NotOneMore é uma ótima palavra de ordem, mas não uma teoria funcional.”

A teoria funcional de Muñoz foi a deportação de 1,5 milhão de pessoas no primeiro mandato de Obama.

Embora as ONGs latinas e voluntários tenham trabalhado incansavelmente para colocar Biden no cargo, ele não vai impedir as deportações ou a prática de manter crianças migrantes trancadas em gaiolas. Embora ele não chame mexicanos de estupradores na imprensa e coloque uma cara latina nas políticas de imigração desumanas de seu governo, Biden será o deportador-chefe.

Original no Left Voice.




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