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Luta indígena | A luta pela Casa do Estudante Indígena precisa ser de todo o movimento estudantil da UFRGS

É preciso massificar a luta pela Casa do Estudante Indígena na UFRGS

terça-feira 15 de março de 2022 | Edição do dia

A ocupação do antigo prédio abandonado da Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio (SMIC) de Porto Alegre por mais de 50 estudantes do Coletivo de Estudantes Indígenas da UFRGS, com expressiva participação de estudantes mães, linha de frente no conflito, além de apoiadores, já completa mais de uma semana sem nenhum tipo de negociação real nem por parte da reitoria interventora do bolsonarista Bulhões e nem por parte da prefeitura de Melo.

Mesmo após o ato e a ocupação do prédio da reitoria no último dia 10, quinta-feira, que garantiu assinado em carta o comprometimento do reitor em negociar junto da prefeitura pela doação de um prédio, o movimento continua sem nenhuma garantia pelo atendimento da reivindicação de uma Casa do Estudante Indígena. Agora, a prefeitura de Melo tenta ameaçar a ocupação com um pedido de reintegração de posse no Ministério Público, documento entregue ontem (14) ao Coletivo de Estudantes Indígenas e que será discutido hoje (15) em reunião junto com a procuradoria do município. Essa é mais uma demonstração da escalada repressiva e autoritária do governo Melo, que vem reprimindo os espaços de lazer da juventude com as bombas da polícia e toques de recolher, e, nesse momento, ameaça os estudantes indígenas em luta.

É preciso ter clareza que se depender da prefeitura e da reitoria interventora, ambas bolsonaristas, os estudantes indígenas continuarão sem o direito elementar de moradia e permanência estudantil digna. Isso porque seus planos estão alinhados com o projeto privatista e elitista de educação de Bolsonaro, que, para pagar religiosamente a fraudulenta dívida pública, que só serve para encher o bolso de banqueiros e do capital estrangeiro, corta das nossas universidades e as entrega para os conglomerados da educação privada. Bulhões faz pagar essa conta justamente os estudantes cotistas, jovens negros, indígenas e trabalhadores. Por isso, somente nossa força organizada pode arrancar o direito à moradia aos estudantes indígenas da UFRGS e à permanência estudantil plena a todos estudantes que necessitarem.

O fato é que a luta dos estudantes indígenas aqui na UFRGS assume uma importância ainda maior em meio a série de ataques à educação que se aprofundaram no governo Bolsonaro, representado na UFRGS pelo interventor Bulhões, que descarrega a crise nos setores mais precários, cortando da permanência estudantil e demitindo terceirizados. A conquista da Casa dos Estudantes Indígenas aqui, assim como já ocorreu em outras universidades federais do sul como a UFpel e UFSM, além de uma vitória dos estudantes indígenas e do conjunto do movimento estudantil, poderia servir como um forte exemplo para o movimento estudantil nacionalmente, podendo apontar um caminho para a reorganização do movimento estudantil em base a luta por permanência.

Mas para vencer, é fundamental apostar num caminho de massificação da luta, e nisso o DCE da UFRGS, dirigido pela UJC (PCB), Correnteza (UP), Juntos, Alicerce e Afronte (PSOL), junto dos CAs e DAs da universidade, precisa cumprir o papel de transformar o movimento pela Casa dos Estudantes Indígenas em uma luta do conjunto do movimento estudantil da UFRGS, baseada na auto-organização desde as bases, em aliança com os trabalhadores de dentro e de fora da universidade. Além dessas correntes poderem impulsionar essa mobilização pelas entidades que dirigem, seus vereadores também poderiam cumprir um papel central em ampliar essa luta e cercá-la de solidariedade.

Não podemos permitir o isolamento do movimento! É preciso constituir a força necessária para impor a garantia de atendimento das reivindicações dos estudantes indígenas. Nesse caminho, também é preciso exigir da UNE, dirigida pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude, que organize em cada universidade o apoio ativo à ocupação dos estudantes indígenas na UFRGS. Uma organização assim pode ser ponto de apoio para lutarmos por todas as condições necessárias para que o retorno presencial aconteça de maneira segura, sem que nenhum estudante ou trabalhador seja prejudicado!

Além disso, frente à grave ameaça que o governo Melo faz à ocupação, é mais necessário do que nunca tornar essa luta uma batalha do conjunto dos trabalhadores da cidade que tem seus filhos impedidos de entrar na universidade pelo filtro social e racial que é o vestibular. Por isso é central o fortalecimento da ocupação através da maior participação de outras categorias, nisto a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB (respectivamente), assim como os parlamentares de esquerda como a bancada do PSOL, poderiam popularizar a luta prestando apoio ativo a serviço da luta indígena, para que essa luta não seja isolada.

A luta dos colegas indígenas que estão na linha de frente na defesa de que novas gerações também tenham acesso a universidade, que já tem seu acesso dificultado pelo filtro social que é o vestibular, e que tem suas tradições desrespeitadas sistematicamente pela estrutura anti-democrática da universidade, precisa ser uma luta por uma universidade a serviço do conjunto da classe trabalhadora.

Nós da juventude Faísca revolucionária estamos lado a lado na luta em defesa das políticas de permanência estudantil e em defesa das cotas, rumo a uma luta pelo fim do filtro social que é o vestibular, para que a universidade esteja à serviço dos trabalhadores e dos povos historicamente oprimidos, e não à serviço do lucro. Tomemos como exemplo a coragem do povo indígena, que se levantam em meio a todos os ataques ao conjunto dos estudantes!




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