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CONTAGEM REGRESSIVA 8 DE MARÇO | A luta das mulheres precisa ser anticapitalista

Rumo ao 8 de março, vamos organizar atividades em vários locais de trabalho e estudo, preparando ações para o dia 8 como parte da paralisação internacional de mulheres.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quarta-feira 15 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Na contagem regressiva para o 8 de março deste ano e já na expectativa do alcance que poderá ter a paralisação internacional de mulheres, é mais do que necessário retomar a discussão de estratégias. A opressão de gênero, anterior ao modo de produção capitalista, se renovou com o avanço do capital e transformou a relação entre opressão e exploração em um sustentáculo fundamental da manutenção da sociedade capitalista. O movimento feminista, radical e contestatório em sua essência, atravessou algumas décadas levantando as bandeiras mais elementares das mulheres como direito ao corpo e contra a violência de gênero, mas não esteve imune aos impactos dos grandes acontecimentos internacionais.

O Estado, os governos e os capitalistas buscaram dar respostas aos amplos movimentos democráticos mundo afora após a onda neoliberal incluindo em sua agenda algumas das pautas das mulheres, sem pra isso transformar a essência de sua ação política ou a estrutura na qual estavam inseridos. Se o movimento feminista não enxerga esta situação, passa a ser inofensivo para o capital, pois assume que o objetivo final de sua luta é conquistar algumas demandas nesta sociedade sem transformá-la pela raiz. De fundo isso desloca o foco de onde estão os inimigos das mulheres, ou seja, como se a luta das mulheres se tratasse de uma luta apenas por mais direitos - que deveriam ser concedidos - e por uma transformação cultural em cada indivíduo para combater o seu próprio machismo.

Este caminho tem dois perigos: deposita em outros "atores" a nossa emancipação, nos colocando em um papel passivo de "cobrança" por mais direitos, e ao mesmo tempo limita o significado da possibilidade de uma transformação verdadeiramente radical da sociedade pois abre mão do enfrentamento aberto com o capitalismo. As experiências históricas já mostraram que o capitalismo pode inclusive conceder o direito ao aborto em alguns países, e as mulheres continuarem morrendo pela violência de gênero.

Em uma sociedade baseada inteiramente na desigualdade, ou seja, na exploração de um pequeno punhado de capitalistas sob uma grande massa de assalariados e assalariadas, é possível algum tipo de igualdade? Por acaso as mulheres poderiam se emancipar e serem livres enquanto milhares de mulheres e homens continuam sendo explorados pelo trabalho precário? A ideia de que possa existir igualdade em uma sociedade baseada na desigualdade é uma utopia.

É por isso que a luta das mulheres, para ser consequente com a luta pela nossa verdadeira emancipação, precisa ser uma luta anticapitalista. Lutar pelos nossos direitos mais elementares, que queremos agora e não amanhã, mas com uma perspectiva de quem não se contenta com algumas reformas nesta sociedade. Lutar contra todo o racismo e levantar bem forte as bandeiras das mulheres negras, imigrantes, indígenas, as as que mais sofrem com o trabalho precário e o preconceito de gênero, nacionalidade e de raça. Queremos acabar com o capitalismo e apostamos que a força das mulheres ao lado da classe trabalhadora, que deve levantar com força nossas bandeiras, é a única possibilidade de abrir espaço pra uma verdadeira emancipação.

O grupo de mulheres Pão e Rosas, composto por militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e independentes, batalha pra que em cada luta em defesa das mulheres possamos fortalecer a luta contra o sistema capitalista. As grandes marchas contra Donald Trump nos Estados Unidos, as mobilizações por Nem Uma a Menos na América Latina e várias manifestações em todo o mundo precisam tomar pra si esta estratégia de enfrentamento com o capitalismo e nenhuma confiança nos governos sejam eles os mais reacionários do imperialismo, sejam os "democráticos" que abrem espaço pros setores de direita e mantém a exploração e a opressão em seus países.

Rumo ao 8 de março, vamos organizar atividades em vários locais de trabalho e estudo, preparando ações para o dia 8 como parte da paralisação internacional de mulheres. Consideramos fundamental lutar por uma paralisação de toda a classe trabalhadora, com protagonismo das mulheres, e por isso lutamos para que os sindicatos dirigidos pela esquerda exijam da centrais sindicais como a CUT e a CTB um plano de luta ativo pra enfrentar os ataques do governo golpista de Temer, deixando de lado a trégua com este governo e organizando nossa luta, encarando o 8 de março como parte deste plano ativo.

Neste processo levantaremos bem alto as bandeiras das mulheres, com uma perspectiva anticapitalista, revolucionária e socialista. Porque nós lutamos pelo nosso direito ao pão, mas também pelo nosso direito às rosas. Venha com o Pão e Rosas neste 8 de março!




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