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PANAMA PAPERS | A lista dos principais políticos citados nos Panama Papers

Um gigantesco vazamento de 11,5 milhões de documentos expôs a relação de importantes figuras mundiais – entre empresários, políticos, esportistas e personalidades culturais – com o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. O primeiro ministro islandês foi a primeira vítima dos Panama Papers, renunciando ao cargo depois de manifestações de dezenas de milhares no país.

quarta-feira 6 de abril de 2016 | Edição do dia

Desde meados dos anos setenta, importantes bancos do mundo, como o suíço UBS e o britânico HSBC, trabalham ou trabalharam com esse escritório para administrar os ativos offshore dos seus clientes. A seguir, alguns dos nomes mais relevantes que aparecem nesses documentos, aos quais o diário alemão Sueddeutsche Zeitung teve acesso, e que depois foram distribuídos para meios de comunicação do mundo todo.

Vladimir Putin. Apesar de o presidente russo não ser citado nominalmente nos documentos, a análise dos dados apontou que amigos do mandatário, beneficiários de contratos e concessões públicas que não teriam sido possíveis sem sua ajuda, estabeleceram uma rede de sociedades offshore (cujos titulares ficam ocultos) num valor aproximado de 2 bilhões de dólares (7,1 bilhões de reais). Entre as pessoas próximas do mandatário russo se destaca o nome de Sergei Roldugin, seu melhor amigo, que apresentou Putin à sua mulher e é padrinho de sua filha mais velha. É da máxima confiança do Putin e sem um perfil econômico marcado, pois é músico profissional e praticamente nunca se envolveu em atividades empresariais.

Sigmundur David Gunnlaugsson. O primeiro ministro islandês e sua mulher compartilhavam a posse de uma empresa offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas quando entrou no Parlamento, em 2009. Originalmente, a companhia detinha títulos avaliados em milhões de dólares de três bancos islandeses que quebraram durante a crise financeira de 2008, tornando-o credor dessas falências. O governo de Gunnlaugsson negociou um acordo com os credores no ano passado, sem divulgar a participação financeira de sua família no resultado da questão. Ontem, Gunnlausgsson renunciou.

Mauricio Macri. Quanto ao presidente argentino, Mauricio Macri, que como informamos desde o La Izquierda Diario enriqueceu tremendamente no período da ditadura militar argentina, passando de 7 para 47 empresas sob sua posse, era, seu pai Francisco e seu irmão Mariano, administrador de uma empresa denominada Fleg Trading Ltd., constituída nas Bahamas em 1998 e dissolvida em janeiro de 2009. Macri não revelou seu vínculo com a Fleg Trading em suas declarações patrimoniais de 2007 e 2008, quando era prefeito de Buenos Aires.

Salman bin Abdulaziz. O rei da Arábia Saudita utilizou uma sociedade com sede fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas – um território que o Brasil considera como paraíso fiscal – para financiar moradias de luxo no centro de Londres. Na documentação também consta como usuário de um iate registrado nesse território britânico de ultramar.

Petro Poroshenko. O multimilionário presidente ucraniano é, desde meados de 2014, o único acionista da firma Prime Asset Partners, também sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Pilar de Bourbon. A irmã de Juan Carlos e tia do rei Felipe VI, da Espanha, foi presidenta da empresa panamenha Delantera Financiera a partir de agosto de 1974 – um mês depois de o então príncipe Juan Carlos assumir de forma interina a Chefia do Estado. A sociedade foi dissolvida apenas cinco dias depois de Felipe VI ser proclamado Rei da Espanha, em 2014.

Micaela Domecq. A esposa do comissário (ministro) europeu de Clima e Energia, Miguel Árias Cañete, ex-ministro espanhol de Agricultura, era uma das pessoas responsáveis pela sociedade panamenha Rinconada Investments Group na época em que seu marido exercia diversos cargos públicos na Espanha e na União Europeia. A firma se tornou inativa no começo de 2010.

Lionel Messi. O jogador do FC Barcelona utilizou um escritório uruguaio para adquirir uma sociedade panamenha com a qual teriam faturado seus direitos de imagem – pelas costas da Agência Tributária espanhola – a partir de 13 de julho de 2013, um dia depois de o Ministério Público espanhol mover uma ação contra o jogador por suposta fraude.

Michel Platini. O ex-presidente da UEFA, suspenso do cargo por suposta vinculação com um caso de corrupção, consta como dono e administrador único da Balney Enterprises, uma sociedade opaca criada no Panamá poucos meses depois da sua nomeação como máximo responsável pelo órgão que dirige o futebol europeu. Segundo os documentos, Platini teve ajuda do escritório Mossack Fonseca para administrar a empresa. Os advogados do ex-jogador francês disseram em nota que “a totalidade das contas e bens” de Platini “é conhecida pela administração fiscal da Suíça, país no qual é residente fiscal desde 2007”.

Pedro Almodóvar. O cineasta e seu irmão e produtor Agustín comandaram, a partir de junho de 1991, a firma Glen Valley Corporation, também registrada nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa se manteve ativa entre 22 de março de 1991 e 11 de novembro de 1994, e sua tramitação foi gerida pelo escritório panamenho Mossack Fonseca em Genebra (Suíça).

Jackie Chan. O ator nascido em Hong Kong aparece nos documentos como acionista de seis empresas com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.

Na China, parentes de oito ex e atuais integrantes do alto escalão do governo - o comitê do Politburo do Partido Comunista - possuem companhias offshore estabelecidas pela Mossack Fonseca. Entre eles, está o cunhado do presidente Xi Jinping.

Os principais diários do globo utilizam a documentação para enfatizar o envolvimento do presidente russo Vladimir Putin no enriquecimento ilícito de diversos amigos. Ainda que não haja dúvida acerca do envolvimento da burocracia restauracionista reacionária da Rússia (assim como da China) na corrupção sistêmica do capitalismo, como vimos centenas dos principais bancos dos países imperialistas se encontram à cabeça de um esquema que foi descoberto dentro de apenas uma empresa panamenha. É o caso do Commerzbank e do Société Générale, segundos maiores bancos da Alemanha e da França respectivamente. Parafraseando o poeta, “aqui não reina o infame Macbeth, quem reina é Banko”.

A participação de dezenas dos principais bancos do mundo nos esquemas de movimentação de verbas através de offshores. Os 10 bancos que mais requeriam serviços a companhias offshore para clientes são: Experta Corporate & Trust Services; Banco Safra J. Sarasin; Credit Suisse Ltd.; HSBC Private Bank (de Mônaco e da Suíça); UBS AG.; COUTTS & CO. TRUSTEES; Société Générale Bank & Trust; Landsbanki Luxembourg; Rothschild Trust Guernsey Ltd. Mais de 500 bancos, suas subsidiárias e sucursais criaram 15,6 mil empresas fantasma.

Poder-se-ia seguir com os exemplos longamente, mas não deixaria de ser uma pequeníssima mostra, simbólica, do material de que é feito o capitalismo: padecimentos, exploração e opressão por um lado, e bons negócios do outro.




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