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“A linha política é dos Think Tanks da direita liberal” - entrevista com Fernando Cássio sobre o Novo Ensino Médio em SP

“A linha política é dos Think Tanks da direita liberal” - entrevista com Fernando Cássio sobre o Novo Ensino Médio em SP

Em virtude do dia dos professores, celebrado no dia 15 de outubro, republicamos esta entrevista. Embora as professoras e professores tenham bastante orgulho e clareza da importância de sua profissão, não há motivos para comemorar diante da enxurrada de ataques dos governos e dos patrões à categoria.

Os ataques à educação se aprofundaram no regime político do golpe institucional e com o governo negacionista e reacionário de Bolsonaro e Mourão que não somente atacam as condições de trabalho dos professores com a aprovação de reformas, tais como, a Reforma do Ensino Médio e da Previdência, como também metem as tesouras por todos os lados no orçamento da educação e nomeiam figuras execráveis como Abraham Weintraub e o atual pastor Milton Ribeiro para o Ministério da Educação.

A Reforma do Ensino Médio, a primeira reforma imposta pelo regime político do golpe, é a expressão concreta da disposição desse regime para destroçar a educação e abrir espaço para a lógica neoliberal, portanto, privatista nas escolas. Além de aprofundar a dualidade estrutural na educação e a exclusão do jovem trabalhador, uma vez que em um dos seus artigos prevê a ampliação do programa de educação integral nas redes de ensino. A reforma está profundamente ligada aos ataques de conjunto que visam a reestruturação das relações trabalhistas.

Trata-se de um ataque sem precedentes, apoiado na Base Nacional Curricular Comum, que irá impor uma formação esvaziada aos estudantes, uma vez que diminui a carga horária das disciplinas regulares e amplia a de disciplinas ligadas, por exemplo, à lógica empresarial – tais como – Projeto de Vida (Currículo do Novo Ensino Médio do Estado de São Paulo). Além de também ampliar o Ensino à Distância. Admitindo este enquanto regra, não exceção. A Educação de Jovens e Adultos (EJA), por exemplo, poderá ter até 80% da carga horária na modalidade a distância. Por meio de uma falsa ideia de um currículo gourmetizado e de uma avenida aberta para os empresários da educação, precariza a formação da juventude e ataca as condições de trabalho dos professores.

No dia 16 de setembro o Movimento Nossa Classe Educação, agrupação de professores militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e independentes, aconteceu pelo canal de YouTube do Esquerda Diário a conversa “Por que enfrentar a farsa do novo ensino médio?” com Fernando Cássio, professor da UFABC e doutor em Ciências (Físico-Química) pela USP, e Marcella Campos, professora da rede estadual de SP e diretora da Apeoesp pelo Movimento Nossa Classe Educação.

Fernando Cássio analisou a reforma do Ensino Médio e Novo Ensino Médio da rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Doria e Rossieli fazem do Estado de São Paulo um verdadeiro laboratório nacional da implementação da reforma. Conforme evidenciou Fernando “É um documento de 217 páginas e não tem história do Brasil, por exemplo! Você não encontra termos como racismo, ditadura, autoritarismo, machismo, homofobia, transfobia, sexualidade e vários outros não aparecem nas ementas e em nenhum dos itinerários de aprofundamento. Nem no de ciências humanas! O termo raça aparece uma vez no contexto de um componente que na verdade não é da formação do país, mas sim do corpo e do padrão social. Escravidão aparece somente no contexto do mundo do trabalho quando faz referência ao trabalho escravo contemporâneo. Não aparece dentro de um contexto histórico, por exemplo. Agora se a gente olhar os termos ONG e OSCIP, esses aparecem 5 vezes. Empreendedorismo e suas variações aparecem 32 vezes. Projeto de Vida 30 vezes, mercado 12 vezes, consumo e suas variações 45 vezes, curadoria 21 vezes, marketing e publicidade e suas variações 35 vezes, desigualdade social aparece uma vez e classe social zero vezes. Isso refere-se aos itinerários de aprofundamento de todas as áreas do novo ensino médio paulista. [...] A gente tem, por exemplo, um itinerário formativo surpresa que apareceu nas ementas, mas não tinha sido divulgado aos alunos, que foi feito por uma ONG de formação política chamado Instituto Politize. O itinerário se chama Liderança e Cidadania. É um instituto que tem essa missão de formar cidadãos conscientes. A linha política é dos Think Tanks da direita liberal. Não é uma coisa que você fala que é bolsonarista, mas é essa linha da direita liberal que está muito próxima do bolsonarismo quando interessa.”

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