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Eleições Chile 2021 | A liberdade dos presos políticos chilenos é uma demanda urgente que incomoda Boric

A extrema-direita de Kast foi derrotada nas urnas do Chile no domingo. Porém, o constante deslocamento político rumo ao centro por parte de Boric, durante a campanha, coloca em dúvida a possibilidade de libertar todos os presos políticos da revolta de 2019 - uma demanda sentida e exigida por centenas de organizações.

segunda-feira 20 de dezembro de 2021 | Edição do dia

“Liberdade aos presos por lutar”. O canto se ouvia alto de parte da multidão que assistiu o primeiro ato público de Gabriel Boric após ser eleito presidente. A exigência era clara, se referiam às centenas de presos políticos após a rebelião iniciada em outubro de 2019, que colocou em questão toda herança pinochetista do Chile de hoje.

Boric respondeu esse grito com uma evasiva. Não confirmou que iria liberar imediatamente os presos, só disse que “já vinha falando com seus familiares”. Essa demanda, muito sentida pelos setores populares os quais irromperam desde 2019, questionando o chile neoliberal, que não só foram presos como também assassinados ou mutilados, já foi frustrada pela Convenção Constitucional - que desde que assumiu, em meio a grandes expectativas, não só se encontra paralisada, como evitou pronunciar-se sobre a liberdade dos presos passando o “problema” ao Congresso.

Boric, a direita, os presos políticos e as expectativas

A votação do domingo conseguiu colocar um freio na extrema-direita, no entanto, o fenômeno político que se gesta ao redor de Kast e seu partido está longe de desaparecer com o resultado eleitoral.

A direita e a extrema-direita se fortaleceram no parlamento, desde onde seguirão buscando boicotar qualquer medida a favor da liberdade dos presos políticos da revolta.

A posição do presidente eleito sobre esse tema tem sido oscilante. Em junho, declarou em um debate presidencial que estava “de acordo com o projeto de indulto que hoje se discute no Senado”. Porém, só 4 meses depois daquela declaração, o candidato expressou no canal La Red que “não é aceitável pensar em um indulto para todos”.

Essa mudança em sua política responde principalmente à busca da benção dos partidos da ex-Concertação, que em diversas ocasiões buscaram relativizar a necessidade de indulto geral para todos os presos da revolta.

Nesse sentido, Carlos Montes do Partido Socialista, um dos mais simbólicos representantes dos últimos 30 anos da ex-Concertação, e membro do comando de Gabriel Boric, declarou há algumas semanas atrás, no programa Tolerancia Cero, que o projeto de indulto geral tramitado no parlamento seria “muito ruim”, já que “é preciso ver caso por caso, nós vamos analisar antes de definir as normas específicas, mas isso não é em nenhum caso um projeto de indulto geral, seja lá o que tiver ocorrido nessa época”.

A demanda de liberdade aos presos políticos é levantada por centenas de organizações, tanto no Chile como fora do país - como nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), que impulsiona o Esquerda Diário.

Também os deputados nacionais da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade (FITU) da Argentina, encabeçada por nosso partido irmão, o PTS, comentaram os resultados eleitorais chilenos

Desde o La Izquierda Diario Chile, levantamos que, para lutar pela liberação dos presos políticos da revolta, é preciso enfrentar a política negacionista da direita, mas também a política oscilante de Gabriel Boric e da Frente Ampla. Por isso, é preciso voltar a exigir a liberdade das e dos presos políticos através da mobilização, por um indulto geral agora, sem adiamentos. Lutamos pela verdade, o julgamento e punição dos responsáveis políticos e materiais pela repressão e as violações aos direitos humanos.




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