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GREVE DE PROFESSORES RJ | A greve de professores do RJ cresce: é necessário coordenar as categorias em luta para vencer os ajustes do Pezão

Com quase 2500 profissionais da educação que lotaram o Clube Municipal na Assembleia da Rede Estadual do Rio de Janeiro ontem (11/03) votaram categoricamente a continuidade da greve. A assembleia desmascarou a mentirosa alegação da Secretaria de Educação (SEEDUC) e da Rede Globo que apenas 3% dos professores aderiram à greve. Os informes que chegam dos núcleos e regionais mostram que a greve está forte e crescendo, de 70% a 80% na maioria das escolas. A assembleia se unificou com centenas de estudantes das escolas públicas que também realizaram uma assembleia nesse dia e se unificaram com os professores num ato que cortou as ruas e avenidas até a Central do Brasil.

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

sábado 12 de março de 2016 | 08:21

A semana foi tensa para os servidores do Estado do Rio de Janeiro. Os professores deram uma resposta clara a absurda provocação do governador Luiz Fernando Pezão que além de ter pago atrasado os salários dos servidores públicos, nesta mesma semana alterou mais uma vez a data de pagamento dos salários para o 10° dia útil. Além disso, nesta quarta-feira (09/03) foi retirada da votação na ALERJ (deve ser colocada novamente para votação), um ataque aos trabalhadores. Um projeto de lei que previa um aumento na contribuição dos servidores para o fundo previdenciário, dos atuais 11% para 14% progressivamente, e o projeto praticamente impedia os reajustes salariais nos próximos anos. Esta medida significará um rombo ainda maior nos salários, por exemplo, com um salário bruto de 3 mil reais, hoje o desconto é de R$ 330, com a nova proposta subiria para R$ 420. Na pratica Pezão vai diminuir os salários ao longo dos anos. Não permitiremos.

A cara de pau de Pezão, não tem limites. Atrasa nossos salários e nos pede compreensão, enquanto segue privilegiando empreiteiras e grandes empresas com isenções fiscais. A ironia segue afiada nas redes sociais com centenas de mensagens com pedidos de compreensão, pedindo aos bancos e empresas que não cobrem juros. Também nessa semana foi divulgado na mídia que nos últimos 6 anos (governo de Cabral e Pezão) o estado concedeu R$ 138 bilhões em isenções fiscais, o que daria para pagar os salários dos servidores por 5 anos.
Para enfrentar os cortes na educação e contra o aumento da contribuição dos servidores é fundamental defender o não pagamento da dívida pública do estado do Rio de Janeiro, este programa é o que responde mais à fundo como enfrentar o governo e a política de ajuste que recai nas costas dos trabalhadores e favorece os empresários.

A categoria votou construir um ato unificado no dia 16/03 na frente do Palácio das Laranjeiras junto aos estudantes, as categorias em greve na UERJ e a FAETEC. Enquanto, isso o rotineirismo do MUSPE segue sem dar uma resposta a altura a crise. Votaram uma paralisação nos dias 16, 17 e 18, e nenhuma sinalização clara sobre entrar em greve várias categorias dos servidores públicos estaduais. Sem falar do fato contraditório de agregar policiais, a mesma corporação que mata nossos alunos nas favelas e na Baixada. O fortalecimento dessa greve e a explosão de atos dos estudantes de escola pública mostram a força que essa luta tem para derrotar os ajustes e cortes do Pezão e construir pela base uma grande greve unificada estadual e nacionalmente.

O grito das ruas dos estudantes das escolas públicas ecoa por todo estado: “Tire seu Pezão da educação”, “todo apoio aos professores, devolva os porteiros, inspetores e auxiliares de limpeza das escolas”. A juventude está na rua lutando contra a precarização da educação e em apoio aos trabalhadores da educação. Essa unidade que já tem se dando nos atos, tem um potencial enorme todos os dias vem se manifestando. É fundamental uma real articulação com o movimento de estudantes. É preciso fazer como a juventude em SP e ocupar efetivamente as escolas. Aprofundando a crise para o governador e obrigando de fato tome uma atitude ao desmonte das escolas públicas.

A assembléia também esteve permeada por discussões sobre a situação nacional. O PSTU a política de “Fora Todos!” como parte de responder contra os ajustes e a corrupção e “Fora Pezão” para ser parte da pauta da greve. O PT defendeu contra com um discurso oportunista afirmando que a categoria de professores não deveria entrar nos debates nacionais ou participar de qualquer ato que está sendo convocado nacionalmente como os do dia 13, 31 ou mesmo do dia 1 de abril que estava sendo proposto pelo PSTU como alternativa aos outros dias, pois os professores deveriam unicamente fazer o movimento que correspondesse à pauta da educação.

Esta postura de despolitização por parte do PT mostra seu debilitamento e para não enfrentar o debate na categoria sobre a situação nacional diante das acusações da Lava-Jato contra Lula e o PT.
Não podemos deixar de considerar que setores da direita se fortaleceram e hoje tentam ofensivamente passar o impeachment devido ao espaço que o PT abriu para estes setores ao longo dos anos de governo. O PT, ao assumir para si os métodos próprios do capitalismo para governar e ao usar sua influência sobre os sindicatos para permitir que os ajustes do “seu” governo passasse sem luta, abriu o caminho para o fortalecimento da direita e permitiu que os não menos corruptos do PSDB lavassem a própria cara. A corrupção não vai ser enfrentada por Moro, a PF, a justiça e a mídia como tentam aparecer como “honestos” e usam de recursos inconstitucionais que futuramente podem ser usados contra as lutas dos trabalhadores .

Também não achamos que a solução será defender o Fora Todos e Eleições Gerais pois na prática isso significa permitir que os governos sejam trocados por outros que estarão à serviço de atacar os trabalhadores e corrobora com a posição da direita e também esta política não questiona esta democracia degradada que permite os privilégios dos políticos. Os trabalhadores precisam de uma mobilização independente da direita e do PT para enfrentar os ajustes e a impunidade e para isso os sindicatos deveriam lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que fosse baseada no sufrágio popular em que se elejam deputados para discutir uma nova constituição que imponha a revogabilidade de todos os mandatos para que não haja traições como de Dilma que disse governar para os trabalhadores, mas está passando os ajustes junto com a direita. Que também questione os privilégios de todos os políticos, juízes, promotores, etc, que vivem numa boa enquanto descarregam a crise nas costas dos trabalhadores, defendendo a campanha “Que todo político ganhe igual uma professora”, como viemos fazendo nas assembleias com o adesivo do Esquerda Diário. Este processo de unir a luta contra a impunidade e a luta contra os ajustes deveria também questionar a dívida pública que sempre é paga enquanto isto atacam o funcionalismo, a educação e a saúde.

É fundamental que a greve se fortaleça mais ainda com a organização e atos regionais e debates dos comandos regionais, que devem tratar dos rumos da greve, da pauta política e de como fortalecê-la. Temos que unificar pela base todas as categorias em luta e não ficar a reboque das direções do MUSPE. Para isso é fundamental que se unifique e coordene pela base com m outros setores em greve como a UERJ e Faetec e junto aos estudantes das escolas públicas que estão lutando, construir um forte movimento unificado pela educação pública e de qualidade e contra os ajustes do Pezão e do PT.




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