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"A gente tá ocupando o terreno porque a gente realmente precisa" diz participante de ocupação na São Remo

"Pra quem ganha um salário mínimo, pagar R$700 de aluguel, fora a energia... E é por isso que a gente tá ocupando o terreno, porque a gente realmente precisa, realmente necessita, não é fácil, não é brincadeira.”, diz participante de ocupação do terreno do Buracanã que pertence à USP e está abandonado há 30 anos.

sábado 13 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Moradores da favela São Remo, ao lado da USP, seguem com a ocupação do terreno do Buracanã que pertence a universidade e que, apesar de ter sido cedido para a construção de moradia popular, está abandonado por 30 anos e hoje virou lixão.

Os trabalhadores foram abandonados à própria sorte pelo governador Dória, que hoje tenta se apropriar da vacina dos cientistas do Butantã, e pelo presidente Bolsonaro, que nada fizeram para evitar a tragédia das 200 mil mortes na pandemia e nem para garantir os empregos, a segurança e a vida dos trabalhadores. Bolsonaro reluta em anunciar a renovação do auxílio emergencial enquanto a população passa fome e sofre com a falta de moradia. Esse auxílio, aceito de mal grado pelo presidente, que o usou como uma ferramenta para capitalizar os últimos vestígios de sua popularidade, também foi insuficiente e não foi capaz de garantir nem o direito a um lar aos moradores da São Remo.

Diante da incapacidade (e agenda) do governo de Dória e companhia em barrar as demissões em massa, muitos dos trabalhadores perderam seus empregos e hoje lutam para garantir os direitos mais básicos, alguns relatos inclusive feitos para o Esquerda Diário por trabalhadores da própria USP, que ameaça reintegração e prejudicar os trabalhadores que a construíram e a constrói todos os dias.

Uma moradora da São Remo e participante da ocupação diz: “Sou trabalhadora terceirizada da USP, e no momento tô cumprindo aviso, fui mandada embora, eu e mais algumas companheiras minhas, e pago aluguel desde que eu me entendo por gente, pagava com a minha mãe e agora pago com o meu marido. E os custos não são baratos, é um gasto alto, pra quem ganha um salário mínimo, pagar R$700 de aluguel, fora a energia. E é por isso que a gente tá ocupando o terreno, porque a gente realmente precisa, realmente necessita, não é fácil, não é brincadeira.”

O salário mínimo e o auxílio emergencial se mostram cada vez mais insuficientes para carregar o aumento da especulação imobiliária, os ataques do governo Bolsodória e a sua agenda de precarizar cada vez mais as condições de trabalho. A ocupação começou quinta-feira (28/02), com cerca de 300 famílias atingidas pela pandemia e que, diante da política de demissões e cortes da reitoria da USP escolhida por Dória, pedem por um pouco de humanidade, pelo direito de não precisarem decidir todos os dias entre o aluguel e uma refeição: “Agora desempregada não sei como que vai ser só o meu marido pra segurar a barra, pagando aluguel, pagando conta, a nossa preocupação é essa.”

A ocupação está contando com o apoio do sindicato de trabalhadores da USP e de entidades estudantis como os centros acadêmicos de letras, pedagogia, sociais, história, direito, economia, relações internacionais. Esses estudantes e trabalhadores estão fazendo parte da exigência à reitoria da USP para que ceda o terreno para a Prefeitura.

Chamamos todos os trabalhadores da região e as entidades estudantis e o DCE Livre da USP a apoiarem e potencializarem a luta dos moradores da São Remo e dos trabalhadores que tornam todos os dias a universidade possível. A luta pela ocupação do terreno do Buracanã é uma luta dos estudantes e de todos os trabalhadores precarizados e atingidos pelas políticas genocidas do presidente e do governador de São Paulo.




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