Hoje, o brasileiro gasta em média mais da metade (54,23%) do salário mínimo líquido para comprar a cesta básica, além de amargar desemprego recorde e ver o auxílio emergencial diminuir drasticamente em meio a pandemia. Com o valor do auxílio emergencial por R$250 no máximo, um trabalhador na cidade de São Paulo consegue comprar apenas 39% de uma cesta básica de alimentos.
quarta-feira 17 de março de 2021 | Edição do dia
Foto: Marcelo Camargo/ABr
O governo Bolsonaro diminuiu a capacidade de compra dos trabalhadores assalariados com o aumento dos preços dos alimentos básicos. Entre o início deste ano e o mesmo período em 2019, o preço da cesta básica subiu 32,56%.
Em abril de 2020, quando o auxílio emergencial de R$600 começava a ser pago, os preços já subiam cada vez mais. Hoje, com o valor do auxílio emergencial por R$250 no máximo, um trabalhador na cidade de São Paulo consegue comprar apenas 39% de uma cesta básica de alimentos. O valor da cesta completa na capital paulista é em média R$639,37.
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Em relação a 2019, hoje os brasileiros podem levar a mesma quantidade de itens para casa depois das compras no supermercado, porém em quantidades menores e com opções mais baratas.
A qualidade de vida vai assim se precarizando através da alimentação diária, e diretamente empurra milhares para a tristeza da fome. A restrição das possibilidades de compra dificultam a alimentação completa em três refeições diárias, e grande parte da população depende de doações para sobreviver.
Hoje, o brasileiro gasta em média mais da metade (54,23%) do salário mínimo líquido para comprar a cesta básica. Na cidade de São Paulo, o percentual de comprometimento da renda chega a 62,85%.
A alta do preço dos alimentos durante a pandemia foi quase o triplo da inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Enquanto o índice registrou variação de 5,20% nos 12 meses até fevereiro, a alta de preços na cesta de alimentos passou de 20% em 12 capitais brasileiras. Florianópolis (SC) é a capital com maior custo médio, com 29,74% de aumento no preço dos alimentos.
O salário mínimo, hoje em R$ 1.100, foi reajustado, na passagem de 2020 para 2021, em índice inferior ao do INPC, outro indicador calculado pelo IBGE e usado como referência para o aumento do piso e das aposentadorias, de forma que quem recebe um salário mínimo viverá este ano com R$ 2 a menos até o próximo aumento.
Além da inadequação do salário em relação à inflação, a população amarga no desemprego recorde em meio a crise sanitária. Assim, a fome bate na porta dos trabalhadores e já é uma realidade para a população marginalizada, enquanto em 2020 o governo Bolsonaro e Mourão gastou R$15 milhões apenas em leite condensado.