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Crise do abastecimento | A falta d’água nos bairros pobres de Porto Alegre é fruto da negligência capitalista

No verão mais quente da história da capital gaúcha, muitos bairros pobres da cidade sofre há semanas com a falta de abastecimento de água em seus bairros, uma situação que já frequente todos os anos, devido a uma infraestrutura precarizada e pela negligência de Melo e todo o estado capitalista.

segunda-feira 14 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Claiton Oliveira

Na última quarta-feira (09), moradores do Morro da Cruz, na Zona Leste de Porto Alegre, realizaram um protesto durante a visita do prefeito bolsonarista, Sebastião Melo (MDB), contra a falta de água que vem assolando os moradores da comunidade a semanas. Melo foi visitar a comunidade para fazer demagogia e encontrou uma população enfurecida com o total descaso que a Prefeitura vem tendo com os trabalhadores pobres da comunidade que precisam de um serviço extremamente essencial como abastecimento de água. Os moradores ainda denunciaram que os caminhões pipas fornecidos pela prefeitura estavam contaminados e com gosto ruim, fazendo algumas pessoas passarem mal. É como denuncia essa mãe durante o protesto, que pode ser visto abaixo.

No dia seguinte, Melo decretou situação de emergência para os 5 bairros da Zona Leste (Partenon, Vila São José, Vila João Pessoa, Coronel Aparício Borges e Santo Antônio) que estão sofrendo com a falta de água para que seja garantido caixa d’água para as famílias atingidas. Essas medidas que o prefeito está decretando ocorrem depois de semanas que a comunidade, e demais regiões periféricas da capital gaúcha, vem denunciando a falta de abastecimento de água. Denúncias essas que a Prefeitura vem ignorando, e inclusive mandando água podre para os moradores de bairros periféricos.

Não é de hoje que isso ocorre. A falta de abastecimento de água nos bairros pobres de Porto Alegre é algo histórico que vem sendo mais frequente nos últimos anos, principalmente durante o verão, onde as mudanças climáticas vem agravando fenômenos, como a estiagem que vem assolando todo o estado do Rio Grande do Sul nos últimos meses, afeta as reservas e abastecimentos de água. Trata-se de um problema estrutural que nesses períodos do ano dificulta a chegada de água nos bairros periféricos e mais longínquos.

Mas durante todos esses anos, a Prefeitura de Melo, e dos governos anteriores de Marchezan e Fortunati (no qual Melo era seu vice), negligenciaram essa demanda, chegando ao absurdo de tomar como medida racionar o abastecimento para esses bairros. Simplesmente cortando a água em determinados períodos do dia em determinadas comunidades. Isso é algo que já vem sendo denunciado há anos, principalmente pelos moradores dos bairros mais afastados como Restinga e a Lomba do Pinheiro. A situação de descaso e negligência com os bairros pobres é tão grande que já houve momentos em que a prefeitura garantiu caminhão-pipa para abastecer o lago do parcão, que fica no Moinhos de Ventos, bairro nobre da capital, enquanto a água era racionada na periferia.

Isso tudo é intensificado com a precarização que a prefeitura vem fazendo com o DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto) que administra o tratamento do saneamento básico na cidade. Desde o governo Marchezan, o DMAE vem sendo alvo de precarização para ser entregue à iniciativa privada e justificar sua privatização. O que faz parte de um projeto neoliberal que os governos vêm fazendo para precarizar as estatais que atendem serviços essenciais para a população. Isso ocorre tanto a nível nacional com o governo Bolsonaro, privatizando a Eletrobras e tentando privatizar os Correios e demais estatais; tanto a nível estadual com Eduardo Leite privatizando a CEEE e a Corsan, que atendem respectivamente luz e água em todo o estado. Essa é a mesma política de Melo que no ano passado privatizou a Carris, centenária empresa de transporte público da capital que será entregue de mãos beijadas para os barões do transporte público.

Essa precarização se expressa de muitas formas. Enquanto a Zona Leste da cidade sofre todos os verões, com o seu calor ardente, com a falta de água sendo que próximo a ela existe o reservatório da Lomba do Sabão, que desde 2013 está desativado devido a falta de manutenção e porque estava abastecendo água contaminada. Quase 10 anos já se passaram e nada foi feito para que o reservatório fosse ativado, e hoje é alvo da especulação imobiliária. O Ramo imobiliário mesmo, com a construção de residências e prédio de luxo, exige uma demanda grande de água, e isso influencia também para a crise do desabastecimento.

Frente a toda essa negligência e precarização que é imposta por Melo e toda sua corja, é necessário levantar uma mobilização que enfrente os interesses dos empresários de lucrar em cima das nossas costas com tamanho sofrimento e escassez. Contra a precarização e as privatizações que vem avançando no estado, e contra o Regime de Recuperação Fiscal, que o estado gaúcho recém aderiu após rifar várias estatais e implantar mais ajustes e ataques aos trabalhadores.

Veja aqui: Ataques, privatizações e ajustes. Esse é o significado do RRF de Leite para os trabalhadores

Essa luta tem que ser colocada desde já, mobilizando os trabalhadores e organizando um plano de lutas. Temos que exigir das grandes centrais sindicais como a CUT, dirigida pelo PT, e que dirige grande parte dos sindicatos do país, que mobilize suas bases para enfrentar os ataques que segue sendo aprofundados pelo o regime golpista, com Bolsonaro, o Congresso e o STF a frente, mas também por Leite e Melo a nível regional. As correntes de esquerda e os sindicatos onde dirigem podem dar exemplo com iniciativas de mobilização e pressionar as grandes centrais a romper com a paralisia que seguem em meio a tantos ataques, principalmente agora se tratando de ser um ano eleitoral. É preciso que essa luta seja unificada, com o movimento estudantil, negro e todos os movimentos sociais que também sofrem com essa precarização e a opressão.

A partir dessa mobilização, é preciso impor um programa anticapitalista, que faça com que sejam os patrões e empresários a pagar pela crise. Um plano de obras públicas para garantir uma infraestrutura adequada que garanta água para os moradores dos bairros periféricos de Porto Alegre. Isso passa também pela manutenção e reaberturas de reservatórios para que evite a falta d’água nesses períodos do ano. Esse plano de obras exigirá a abertura de contratações, o que também combaterá o desemprego que assola toda a população.

Um programa assim, só poderá ser levado a frente pelos próprios trabalhadores, estando no comando e no controle das estatais como o DMAE, para implementar um plano de obras real, que sirva aos interesses dos trabalhadores e não dos interesses imobiliários e de grandes empresas. Somente assim que serviços essenciais como água, fundamental para as pessoas viverem e preservar sua saúde, seja garantido sempre garantido para todos os trabalhadores e povo pobre.




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