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Publicamos aqui a poesia enviada ao Esquerda Diário pelo estudante de ciências sociais da UFRGS, Arthur Witter Meurer. Ele que já contribuiu com várias poesias incríveis, desta vez versa sobre temas profundos como amor e revolução.

terça-feira 23 de maio de 2017 | Edição do dia

O homem carrega um fuzil no olhar...
E o dispara quando vê
Que há injustiças no Mundo,
Antes dele e de todos os outros homens,
Hoje, privatizado.

A injustiça está no próprio Mundo, hoje privado, e não mais público!
O privado o excluí, o privado o domina, o privado o oprime...

O homem carrega balas na boca...
E as dissipa cada vez que fala para a massa,
Que ela só trabalha por trabalhar,
E se mantém com as migalhas do pão que o patrão come,
Produzido pelas mãos da própria massa.

Fala em quem construiu o forno, quem cortou as lenhas,
Quem plantou o trigo e dele o fez farinha,
Quem sintetizou os ingredientes.

O homem carrega um tambor e uma bandeira dentro do peito...
Que o toca e a tremula cada vez que a vê,
E se enfurece com a contradição de querer se aburguesar e viver ao seu lado
Fazendo dela uma propriedade...

Entretanto, vê nela A Unidade que faltava -

Não só entre os olhos sensíveis à injustiça,
A boca que expurga o incômodo que tem com a ideologia burguesa e dominante,
E o peito que se contradiz por ama-la...
A Unidade...
Não só entre pernas, lábios e corpos

Mas nela vê a possibilidade
De prender-se
Para libertar-se dos grilhões capitalistas;
De tanto ama-la
para odiar o sistema que também a oprime;
De sofrer como amante
para ganhar uma camarada de luta.

Vê nela a relação dialética entre o amor e a revolução.

O homem a carrega em seus pensamentos,
Que, volta e meia,
O desconcentra ao ler Marx,
Mas a via nas entrelinhas
De qualquer poema de amor e combate.

O que ele quer é ama-la para rebelar-se!
Pois ela é
Sua pulsão revolucionária!
E, ao mesmo tempo,
Sua pulsão de vida.

Deseja a unidade
Para não perecer
Na insegurança do seu Ser.
Ela é a metade
Que faltava para luta...

O homem não quer objetivar somente o seu amor
Mas também a democracia operária

Pois ele carregava em suas costas
O compromisso
Do direito de todos
Amarem
Como ele amou
De todos viverem
Iguais ou melhores de como ele viveu

O homem carrega na sua vida
A paixão pelo outro
E carregaria até a sua morte
Ideais de emancipação

A unidade não brota somente
No asfalto em que pisa o peão
A unidade que o homem queria
Começava no coração
Depois ia
Para os livros de teoria...
Mas nenhuma revolução
Para ele, se materializaria
Se ele não tivesse
Como companhia,
Ela,
A Artilharia da nova noção
Do amar.




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