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O surto de Zika Vírus no Brasil é uma calamidade social. A epidemia causada por um mosquito que já se conhece, expressa a que nível pode-se chegar o descaso dos governos e do Estado com a saúde e a vida da população e da classe trabalhadora devido à falta de saneamento básico e acesso à saúde. Esta epidemia traz consequências mais graves centralmente para a população mais pobre, e no caso das mulheres tem o agravante de correrem o risco de que seus bebês desenvolvam a microcefalia. No Brasil, epicentro desse surto, a região nordeste é a mais afetada. Já foram diagnosticados 4 mil casos de bebês com microcefalia, e a previsão da Fundação Fio Cruz é que só este ano pode chegar à 16 mil. Essa situação é agravada com os ajustes fiscais por parte do governo Dilma e governos estaduais. Na Saúde o corte foi de cerca de R$15 milhões deixando a população à beira da morte

quarta-feira 3 de fevereiro de 2016 | 15:44

Os casos de microcefalia relacionados ao zika vírus recoloca o debate sobre o direito das mulheres decidirem sobre a maternidade e também de que sejam asseguradas as condições necessárias para a opção que tomarem. Diante desse debate, o grupo de mulheres Pão e Rosas lançou uma campanha que defende o direito das mulheres decidirem, em especial as que tiveram contato com o Zika Vírus.

Rita Frau, professora no Rio de Janeiro e membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta sobre isso disse: “os abortos já ocorrem no Brasil clandestinamente, são um milhão por ano, e muitas mulheres morrem. E agora com o Zika vírus, reforça-se a necessidade das mulheres poderem decidir. Muitas estão recorrendo ao aborto clandestino, por medo de seus filhos nascerem com microcefalia e não terem como cuidar. Assim, as mulheres que não podem pagar para fazer esse procedimento com segurança em clinicas clandestinas, se colocam em grande risco. Por isso é urgente o direito para todas e que seja garantido de maneira legal e segura pelo Estado. E se a escolha for pela maternidade, então, deve ser assegurado todas as condições necessárias para este direito, e no caso das mulheres com Zika com risco de que seus bebês desenvolvam microcefalia, deve ser assegurado especialistas médicos e psicológicos quando necessário para todas as mulheres e bebês”.

Bárbara Dellatorre, representante dos trabalhadores na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) do Hospital Universitário da USP e membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta disse: “Não podemos abrir mão de que a escolha deve ser da mulher. E políticos e religiosos podem ter certeza que essa escolha feita a partir da realidade que as mulheres encontram à sua frente. O enorme corte em direitos sociais, em particular na saúde, que o governo Dilma vem fazendo empurra as mulheres para a insegurança da clandestinidade. A morte dessas mulheres é responsabilidade de Dilma que até hoje não legalizou o aborto e dos setores conservadores que, ainda por cima queriam restringir as poucas conquistas das mulheres. O centro da questão é o direito de escolha garantido e todas as condições necessárias para que ela exerça este direito, seja optando pelo aborto, seja pela maternidade, e por isso devemos lutar para que não cortem um centavo da área da saúde com o argumento dos ajustes fiscais consequentes de uma crise que não é nossa e lutemos para que de fato o sistema de saúde seja verdadeiramente universal e de qualidade. Por isso, nós do Pão e Rosas lançamos a campanha “A Mulher é Quem Decide”.

Rita Frau finalizou: "O direito ao aborto deve ser um eixo forte neste 8 de março, pois temos que dar um basta a que setores conservadores e reacionários como a Igreja e a direita com figuras como Eduardo Cunha, sigam ditando regras sobre nossos corpos e nossas vidas, e nem mais um ano aceitando que Dilma e o PT façam demagogia em relação aos direitos das mulheres, enquanto estamos vivendo uma situação de epidemia que atinge em cheio a vida e saúde das mulheres e seu filhos. O movimento de mulheres deveria aproveitar que o debate está reaberto e organizarmos uma forte luta por este direito, retomando com tudo o espírito da primavera das mulheres”.




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