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PETROLEIROS | A CUT e seu histórico de derrotas orquestradas. Os petroleiros precisam vencer

Protagonizando a maior greve petroleira desde 1995, os trabalhadores da Petrobrás pararam todas as refinarias do país e em estados como o Ceará já comprometem 87% da produção de óleo e 94% da produção de gás, marcando assim uma greve combativa e que resgata os métodos de luta dos trabalhadores, que enfrentam o assédio intransigente da empresa que faz ameaça, manda whats dizendo que vai demitir, exigindo que os trabalhadores voltem ao trabalho sem negociação e que impôs ilegalmente uma jornada de trabalho de 48hs, o que levou a morte de um trabalhador nessa última sexta feira (6) vítima de infarto.

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

sábado 7 de novembro de 2015 | 01:01

A força que os trabalhadores petroleiros estão demonstrando é expressão de que não aceitarão o ajuste econômico de Dilma, assim como a privatização descarada sob o nome de “desinvestimento” que está sendo orquestrada, mas para poderem vencer terão que passar por cima das direções burocráticas da CUT que atua para frear os trabalhadores em luta e impor limites a mobilização ao mesmo tempo em que tenta se localizar para aparecer por dentro da greve.

A FUP – Federação Única dos Petroleiros – dirigida pela CUT e CTB, tardou ao menos 4 dias para mobilizar suas bases e aderir a greve que já se desenvolvia desde o dia 29 de outubro em 6 estados do país. Sua atuação como freio da radicalização e mobilização tem motivo certo, blindar o governo Dilma do enfreNtamento com uma categoria em luta contra a privatização da Petrobrás, que levará à demissão em massa de trabalhadores terceirizados e arrocho salarial aos petroleiros.

Essa postura da FUP não é diferente da atuação levada a frente pela CUT em todas as categorias que se organizaram e fizeram greve nos últimos anos, principalmente em relação a greves que se chocam diretamente com os interesses do governo federal. Assim, os petroleiros só saíram em greve nacionalmente depois que os bancários voltaram a trabalhar.

A greve dos bancários terminou aos gritos de “Central Única dos Traidores” em São Paulo, expressando a revolta da categoria frente a traição sem vergonha da direção cutista que quer ajudar o governo na aplicação dos ajustes e ataques aos trabalhadores, é certo que essas duas categorias unificadas colocariam Dilma e o PT contra a parede e isso as entidades governistas não podem permitir, portanto somente depois de 4 dias da greve petroleira iniciada a CUT resolveu aderir.

Mas as traições e negociatas da CUT não se limitam apenas a essas duas categorias. As greves de professores que se desenvolveram no início do ano e aconteceram em ao menos 8 estados brasileiros ao mesmo tempo passaram sem nenhuma iniciativa de unificação nacional por parte dos sindicatos que dirigem essa categoria. Além disso, greves mal preparadas e baseadas na desconfiança dos trabalhadores alimentadas por anos nessas direções traidoras levaram os professores a amargarem derrotas importantes.

A greve dos professores do Paraná, marcada por grande combatividade e unidade com funcionários, pais e alunos terminou sem conquistas e com uma forte repressão promovida pelo governador Beto Richa. Primeiro a direção da APP Sindicato, dirigida pela CUT, encerrou a greve sem nenhuma conquista substancial, depois tentou retomar a greve quando se provou que o governo não cumpriria nenhum acordo estabelecido e levou os professores a um enfrentamento duríssimo com a polícia do Paraná e agora amarga o fechamento de escolas, que fazem parte dos ajustes econômicos assim como vemos também em São Paulo.

Falando nos problemas da educação paulista, o governo Alckmin acaba de decretar o fechamento de 94 escolas em todo o estado e um ataque sem precedentes ao ensino noturno que padece nesse momento de risco de morte, tudo isso, apesar da mobilização incansável de estudantes em todo o estado de São Paulo. Mas vejamos bem os caminhos que nos levaram a essa realidade, a greve de 2013 foi encerrada numa traição descarada da APEOESP cutista, o que levou a uma greve cheia de dúvidas por parte da categoria agora em 2015. Mesmo assim, os professores levaram a frente 92 dias de paralisação, com muita vontade de luta e encararam uma direção governista que encerrou a greve sem nenhuma conquista, desmoralizando a categoria para enfrentar o ataque que estava por vir.

Ainda esse ano vivemos uma série de greves metalúrgicas, com destaque para as lutas em diversas fábricas no ABC paulista, berço e bastião do petismo e da CUT. Os trabalhadores em luta contra as demissões na Volks, GM, Mercedes e Ford, para falar das principais, tiveram que amargar a implantação do PPE, Programa de Proteção ao Emprego, que garante a manutenção temporária dos postos de trabalho em base ao rebaixamento geral de salário de todos os trabalhadores. O que espanta é que esse plano não foi proposta de nenhum patrão e sim da própria CUT que quer implementar essa “saída” ao conjunto dos metalúrgicos que terão salários arrochados e demissões massivas frente a enorme crise econômica instalada no país.

Assim, é necessário tirar lições desse processo e atropelar a burocracia cutista que diz estar ao lado dos trabalhadores, mas que em seu congresso leva Lula e Dilma e ajuda a implementar os ajustes que garantem a manutenção dos lucros capitalistas e que estão apenas começando.

Nesse marco, a greve petroleira tem importância central para os trabalhadores e pode servir de exemplo de que é possível vencer a patronal e derrotar o governo. A CSP Conlutas e as demais centrais sindicais anti governistas precisam cercar de solidariedade ativa os trabalhadores em luta e construir um polo de esquerda que possa aglutinar as bases anti burocráticas que constroem essa greve e que protagonizaram uma série de mobilizações no último período, sendo um grande exemplo em todo o país de que é possível lutar contra o ajuste e retomar os sindicatos das mãos da burocracia.




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