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IMPEACHMENT | A CUT ameaça, #alutacomeçou, mas até agora nenhum plano de lutas sério

A CUT soltou nota hoje clamando pela necessidade de intensificar a luta contra o golpe, colocando timidamente a greve geral como uma possibilidade.

Adriano FavarinMembro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

terça-feira 19 de abril de 2016 | Edição do dia

Em sua página oficial CUT afirma que “ampliará mobilizações para dar fim ao golpe”. As manifestações inofensivas convocadas pelas centrais sindicais ligadas ao governo neste 17 de abril foram incapazes de opor qualquer resistência à ofensiva da direita que o PT fortaleceu. O exemplo deste domingo, unido às jornadas de atos e showmícios de março, é demonstração de que as direções da CUT, CTB, UNE e MST (centrais sindicais, estudantis e movimentos populares) continuam se furtando de organizar um plano sério de luta contra o golpe institucional e os ataques do governo do PT, para o qual seria necessário que rompessem sua subserviência ao governo Dilma.

O presidente da CUT-SP proferiu que a “resposta ao golpe será imediata”, mas nessa segunda-feira nem sequer uma assembleia foi chamada nas portas dos bastiões dessas centrais sindicais.

O representante da coordenação do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Josué Rocha, afirmou que “a luta será ainda mais intensa para levar à cadeia o deputado federal Eduardo Cunha e o conspirador principal da República, o vice-presidente Michel Temer”. Ignorando o último ano dos mais duros ataques que o PT já fez contra os trabalhadores e da outra agenda de ajustes que Lula tentou até o último minuto pactuar com a direita para poder governar com Dilma até 2018, Josué Rocha tenta polarizar em torno da velha máxima petista de que o país estaria dividido entre “os de cima, que querem o impeachment e o ajuste fiscal, e os de baixo, que querem a defesa da democracia’. Colocando, interessadamente, o PT e o governo Dilma no polo dos “de baixo” e não dos “que querem o ajuste fiscal”.

Como denunciamos aqui no Esquerda Diário, o PT cumpriu o papel de alimentar a direita mais reacionária do país, de Bolsonaros, Felicianos e Cunhas, nesses 14 anos de governo, setor que ora se volta contra o próprio PT. O governo fez muito pouco além de tentar acordos nos bastidores com estes mesmos senhores, como foi a tentativa de ganhar os votos do PP, PR, PTB e PSD de Maluf, Bolsonaros, Kassab e Roberto Jefferson. A CUT e a CTB, ao ignorar a luta contra as demissões, ao deixar isoladas à própria sorte e trair as lutas de resistência que surgiram, como a atual no Rio de Janeiro, construíram a derrota de domingo.

Frente o aumento da ameaça do impeachment, que evidenciou mais ainda neste domingo vir acompanhada do avanço das bancada do boi, da bala e da bíblia, a CUT soltou nota hoje clamando pela necessidade de intensificar a luta contra o golpe, colocando timidamente a greve geral como uma possibilidade.

Essa demagogia precisa em primeiro lugar sair somente do alto dos carros de som e se construir no chão das fábricas e do funcionalismo público, além de articular a luta contra o impeachment com a luta contra os ajustes, questão crucial para um verdadeiro plano de luta, como fez um chamado o Sintusp.

Por que não exigem de "seu" governo que proíba as demissões no país? Para isso a direção da CUT, CTB e UNE precisaria romper sua subordinação ao governo Dilma, e se posicionar contra os cortes na educação e saúde que o governo tem feito, exigir um projeto de lei que barrasse as demissões nas indústrias, impedir o avanço da terceirização e as reformas que tem avançado contra os diretos dos trabalhadores e aposentados, se chocando diretamente contra o governo do PT. Isso, esses burocratas sindicais não estão dispostos a fazer: temem muito mais a espontaneidade de sua base sindical que os patrões e a direita. Somente se os trabalhadores se organizam para pressionar será possível obrigar a que levem a frente um plano de luta efetivo.

#alutacomeçou?

Nesta segunda-feira a hashtag #alutacomeçou era o assunto mais comentado das redes sociais por jovens trabalhadores e estudantes, mostrando que há um sentimento de rechaço ao impeachment reacionário.

Desde que a ofensiva da direita raivosa se intensificou via justiça amplos setores se mostraram dispostos a sair nas ruas em luta contra a direita e em defesa da democracia. Foi o que mostrou os atos chamados em defesa da democracia e contra o golpe dos dias 18 e 31 de março. Porém, a limitação que as direções desses atos impunha - transformando-os em showmícios de defesa do governo do PT - impedia que os trabalhadores e a juventude fossem de fato sujeitos.

O único método com o qual os trabalhadores e a juventude poderão se colocar como sujeitos e barrar o impeachment é com um plano de lutas que se coloque também contra os ataques do governo do PT com os métodos da luta de classes.

Ao mesmo tempo em que um movimento como esse teria que responder a crise com um programa de emergência que parta de barrar os ajustes, as demissões, de reverter os ataques mais recentes em curso, é importante levantar uma resposta de fundo para a crise estrutural pela qual passa o país. O único programa capaz de responder ao anseio em responder estes problemas de fundo e defender a “democracia” contra o golpismo institucional não pode ser as eleições gerais, como setores da esquerda tem proposto ao lado de figuras burguesas como Renan, Marina Silva e agora, até setores do próprio PT. Mas sim o programa de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que lute por impor pela mobilização contra este regime podre de 1988 a abolição de todos os privilégios financeiros dos cargos públicos, que todo políticos e juízes sejam eleitos e revogáveis pelo povo a qualquer momento e recebam o mesmo salário de um professor, que se proíbam as demissões e que todos ganhem o salário mínimo do DIEESE necessário para construir uma família e a jornada de trabalho seja dividida para que todos possam trabalhar, para que a burguesia pague pela crise e as massas resolvam os problemas estruturais do país. Somente assim os trabalhadores poderão fazer experiência com o máximo que essa democracia dos ricos, e tomarem a consciência da necessidade de lutar por um governo operário e socialista que rompa com o capitalismo.




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