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ATAQUE ÀS ESTADUAIS PAULISTAS | A CPI das Universidades é um instrumento pra privatizar a USP, Unicamp e Unesp

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

quinta-feira 7 de novembro de 2019 | Edição do dia

A CPI das Universidades criada para averiguar o aparelhamento ideológico da esquerda apresentou seu relatório final nesta semana. É importante lembrar que sua criação e tramite ocorreram sob o governo de Dória ao mesmo tempo em que o governo Bolsonaro atacava duramente a educação com enormes cortes de verbas, em particular às bolsas de pesquisas, e partia numa empreitada para perseguir seus opositores dentro das Universidades federais.

O Ministro da educação, Weintraub, tentava a todo custo jogar a juventude contra os trabalhadores dizendo que se aprovasse a reforma da previdência teria verba para a educação. Vale lembrar que PT e PCdoB, à frente das maiores centrais sindicais (CUT e CTB) e do movimento estudantil (UNE e DCE’s) atuaram para impedir a unificação da luta contra a reforma da previdência e os ataques a educação, impedindo a unidade entre trabalhadores e o potente setor social que se opunha aos planos econômicos e ideológicos de Bolsonaro, desde a época das eleições presidenciais.

Não é possível fazer um balanço desta CPI que se pretenda sério, sem partir deste cenário que aponta quais objetivos mais estratégicos estavam colocados: conter a juventude e os setores ligados às universidades públicas e à educação, que mostraram ser um polo de resistência, e assim poder implementar os ataques de Bolsonaro e os golpistas.

Ao final da CPI e passados 5 meses das 2 grandes manifestações da juventude em 15 e 30 de maio, e a greve geral em 14 de junho, a reforma da previdência está aprovada e Paulo Guedes anuncia uma série de PEC’s ultraneoliberias que, se aprovadas, vão acabar com a educação pública e muito mais. Esse era o principal objetivo, mas além dele a CPI de Dória andou ombro a ombro com Bolsonaro e terminou com um relatório que recomenda a cobrança de mensalidades e uma punição mais severa a alunos, docentes e funcionários em casos de suposto "vandalismo ou depredação" decorrentes de paralisações e greves.

A estratégia adotada pelos reitores frente a CPI foi de fornecer todas informações aos questionamentos da CPI como se só se tratasse de uma falta de “comunicação das atividades da Universidade com o parlamento paulista”, palavras de Vahan, Reitor da USP. Ao invés de liberar estudantes e professores das aulas e os funcionários do trabalho para que realizassem uma Assembleia Geral onde pudessem se organizar e discutir como defender a universidade.

Já os relatores da CPI foram à mídia dizer claramente que seu objetivo era perseguir o movimento estudantil, os partidos de esquerda, as atividades políticas dentro das universidades, avançar no projeto de cobrança de mensalidades e acabar com a autonomia universitária.

O balanço do reitor da USP, divulgado em nota, é que a comunidade da Universidade deve se tranquilizar e diz que a autonomia não foi atacada no relatório. Entretanto, o relatório final vai para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico onde deve ser revista a autonomia financeira da Universidade. Esta Secretaria é chefiada por Patricia Ellen e tem como seus auxiliares Thiago Liporaci e Américo Sakamoto, ex-servidores da USP. Patrícia era diretora da empresa de consultoria McKinsey responsável por apresentar o projeto “USP do Futuro”, onde Liporaci e Sakamoto eram os responsáveis pelo gabinete da Reitoria. Este projeto já previa cobrança de mensalidades e uma série de semelhanças, para além do nome, com o Future-se do Bolsonaro. Então se o Reitor diz que a autonomia não foi atacada, de qual autonomia está falando?

Para defender a universidade e sua autonomia é preciso dizer que esta CPI conflui com a perseguição ideológica de Bolsonaro para controlar a juventude e aprovar seu plano de ajustes. E seu relatório final não é "ameno". Existe uma tentativa de alterar as estruturas da universidade privatizando a USP. Nós devemos defender uma estrutura completamente distinta na qual sejam os trabalhadores efetivos e terceirizados, estudantes e professores através de uma Estatuinte Livre e Soberana que dissolva o anti-democrático Conselho Universitário cheio de empresas, que sejam estes três setores que definam os rumos da universidade, alterando sua estrutura de poder com um governo tripartite com maioria estudantil e terminando com o vestibular para que toda juventude tenha direito de estudar.

Para este outro projeto de universidade é preciso construir a unidade entre estudantes, trabalhadores e professores para fortalecer a luta imediata batalhando por uma Assembleia Geral Universitária para a qual a Reitoria deveria liberar as aulas e o ponto dos funcionários efetivos e terceirizados - sem corte de salários. Em uma Assembleia assim poderíamos debater entre todos os setores que fazem a USP funcionar, quais medidas tomar para defender a universidade e avançar para este projeto de universidade totalmente distinto e a serviço da maioria da população: os trabalhadores e o povo pobre.




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