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REABERTURA DAS ESCOLAS EM SP | A Apeoesp precisa mobilizar de verdade os professores e as comunidades para a greve

Os profissionais da Educação sofreram no último ano diversos ataques impostos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC), enquanto isso, foram abandonados pela burocracia traidora da Apeoesp. Como já é de praxe, a direção se ateve a algumas medidas judiciais relativas ao retorno presencial intencionado pelo governo durante praticamente todo o ano, deixando todos os problemas referentes ao cotidiano do ensino remoto nas costas dos professores e do conjunto da comunidade escolar.

quinta-feira 4 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Além do medo de perder a vida em decorrência da pandemia da COVID-19 e do deliberada ausência de medidas eficientes para o controle da disseminação do vírus por parte das autoridades governamentais, os professores enfrentaram 2020 com tripla jornada de trabalho – visto que a categoria é majoritariamente feminina, as professoras se desdobraram com o trabalho remoto e doméstico numa rotina diária extenuante. Isso porque foram impelidas a tentar garantir de todas as formas o ensino remoto, expandindo e muito seu horário formal de trabalho, sem que tivessem nenhum auxílio efetivo do governo para que este pudesse ser real para todos os alunos da rede. Enquanto isso, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) ficou de braços cruzados diante desse acúmulo de trabalho.

Ao mesmo tempo, milhares de educadores categoria O foram demitidos. Passaram 2020 com a corda no pescoço, dependendo de ajuda de amigos, familiares e contando com a solidariedade da categoria que se organizou e montou diversas vaquinhas. Trabalhadores terceirizados da limpeza e da cozinha tiveram contratos cancelados e salários cortados por meses. Ambos profissionais ficaram em estado de vulnerabilidade social justamente quando a crise sanitária já apresentava picos de contaminação e milhares de óbitos. Diante desse cenário, novamente a Apeoesp se silenciou e não mobilizou a categoria para lutar pelo direito de se manter nos seus postos de trabalho, enfrentar os ataques sistemáticos do governo e garantir as condições de subsistência dignas.

As comunidades escolares também sentiram na pele a apatia das burocracias sindicais frente aos problemas que os estudantes e seus familiares sofriam: desemprego, não pagamento ou o valor baixíssimo do auxílio emergencial, falta de acesso à tecnologia necessária para acompanhar o ensino à distância e a consequente exclusão digital e escolar de milhares de alunos paulistas.

A inação da Apeoesp provocou nos profissionais da educação um sentimento de resignação que não cabe a esta categoria que historicamente está à frente na luta por uma educação de qualidade para todos, que enfrenta os ataques do governo, que já foi agredida brutalmente pela ação policial em inúmeros atos ao longo dos anos. A burocracia sindical quer arrefecer a força que os professores têm de mobilizar e unir outras categorias da classe trabalhadora na luta por direitos.
E agora, 2021 se apresenta como um ano tão desafiador quanto foi 2020. A SEDUC quer reabrir as escolas às custas da vida da comunidade escolar. Finalmente a Apeoesp lança a indicação de greve a partir de 08 de fevereiro pela exigência da vacina. Entretanto, o retorno às aulas presenciais condicionado à vacinação somente dos profissionais da educação – programa defendido pela direção majoritária e também por parte da oposição – aprofunda a divisão entre a comunidade escolar, já que a vacina deve ser garantida a todos os membros da comunidade escolar assim como a toda a população.

Amanhã, 5 de fevereiro, a Apeoesp realizará uma Assembleia Estadual Regionalizada virtual com a seguinte pauta: a volta das aulas presenciais, deliberar sobre a greve em defesa da vida, pela anulação do confisco salarial dos aposentados e valorização salarial dos profissionais da educação. Como resultado de todo o abandono da categoria pelo sindicato que mencionamos acima (e inclusive de anos de traições da direção majoritária), percebemos um receio dos professores em embarcar no chamado da greve (ou o próprio desconhecimento da existência desta proposta), fruto da total desmobilização que é construída sistematicamente pela direção.

Seguindo essa mesma lógica, as inscrições inicialmente foram restritas para os educadores que são filiados ao sindicato, excluindo assim os demais profissionais da educação da assembleia – que poderia renovar as forças da categoria e abrir o debate sobre a pauta de reivindicação, que deveria atender as demandas de toda a comunidade escolar. Hoje de última hora, indicam que estenderão o chamado aos demais professores e às comunidades, por pressão dos próprios professores que sequer haviam conseguido se inscrever no prazo curtíssimo. Mais uma vez a Apeoesp demonstra que prefere alçar sua presidente de forma demagógica a realmente organizar os professores.

Uma assembleia ampla e totalmente democrática é extremamente necessária para que tenhamos o protagonismo dos lutadores e para que as propostas que surjam e sejam debatidas de fato se concretizem em todos os pontos do estado. Dessa forma, conseguiremos integrar a todos os atingidos pela política excludente e demagógica de Doria e ter a força necessária para organizar uma luta capaz de barrar o retorno inseguro das aulas presenciais, lutar pela vacina pra todos e por condições reais para o ensino remoto enquanto não for possível voltar. Por isso os professores precisam exigir este formato da direção amanhã.

É preciso mudar o jogo, colocar o sindicato a serviço da categoria e da comunidade escolar. A direção do sindicato não pode mais alimentar ilusões na exclusiva disputa jurídica – vimos o que ocorreu com a última liminar favorável ao não retorno das aulas, que foi barrada em menos de 24 horas. As ações judiciais são necessárias e está correto o sindicato atuar nesse flanco, mas qualquer ação na justiça só poderá ter efetividade e qualquer demanda nossa só será atendida com mobilização real dos professores junto a todos os trabalhadores da educação e da comunidade escolar. E é fundamental esta participação de todos; por isso, a Apeoesp deve abrir a assembleia para falas de todos que queiram, democratizar o espaço e deixar aflorar ideias e iniciativas de mobilização, pois só assim conseguiremos organizar a luta para que tenhamos uma greve efetiva e apoiada pelas famílias dos alunos.

Nos mobilizemos pela nossa auto-organização e para tomarmos em nossas mãos o sindicato como nosso instrumento de luta!




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