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O grupo Pão e Rosas se prepara em diferentes partes do mundo para participar do dia Internacional das mulheres.

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

sábado 7 de março de 2020 | Edição do dia

Neste 8 e 9 de março, muitas cidades ao redor do mundo terão mobilizações pelo Dia Internacional das Mulheres. A luta contra a violência machista, contra a desigualdade e pelo acesso a direitos elementares como o aborto legal, foram e são o motor de protestos durante os últimos anos.

A Ideia da greve internacional de mulheres voltou a unir, ao menos intuitivamente, a luta das mulheres contra a opressão com a luta da classe trabalhadora. A aliança entre o patriarcado e o capitalismo é cada vez mais frisada na hora de criticar a naturalização de preconceitos e estereótipos utilizados para perpetuar desigualdades em uma sociedade desigual por definição.

Nesse ano, a mobilização das mulheres nos dias 8 e 9 de março se combina em muitos lugares com cenários nacionais e regionais complexos. Se combinam demandas contra a opressão das mulheres, acompanhadas por importantes setores da população, com processos de luta de classes, mobilizações contra os governos, golpes de Estado e também mudanças institucionais que abrem novos debates.

O grupo Pão e Rosas se prepara em diferentes partes do mundo para participar dos próximos 8 e 9 de março em diferentes cenários. Em todas as partes, junto a estudantes e trabalhadoras, lutamos na primeira linha para exigir às democracias capitalistas direitos básicos de nos são negados. Ao mesmo tempo, estamos convencidas de que a uma transformação social profunda é a única forma realista de colocar em pé uma sociedade sem opressão nem exploração.

Na Argentina, o 8M será transpassado novamente pela luta ao aborto legal. O Poder Executivo anunciou que enviará ao Congresso um projeto de legalização do aborto nos próximos dias. Em poucos dias, os setores da direita conservadora (vários dentro da própria coligação governante) e as igrejas já declararam sua guerra contra os direitos das mulheres. Como a Igreja católica que convoca ao 8M um ato político contra nossos direitos disfarçado de “Missa pelas mulheres”. O movimento de mulheres e dissidência da Argentina se enfrenta em um novo debate sobre a legalização do aborto, com a experiência de 2018 e a convicção de que a única garantia para conquistar nossos direitos é nos manter organizadas nas ruas.

Chile

No Chile, será uma das primeiras manifestações pelo dia internacional das mulheres. Coletivos e grupos feministas chamaram a um “pañuelazo” na sexta-feira 6, na Praça da Dignidade pelo aborto legal, livre, seguro e gratuito. E contra a repressão.

O Pão e Rosas no Chile será parte dessa convocatória e participará das marchas do 8 e 9 de março. O protagonismo das mulheres nos protestos contra o governo de Sebastian Piñera passou pela agenda feminista. Estudantes e trabalhadoras, junto a seus companheiros, foram parte da primeira linha em marchas massivas, concentrações. Ao mesmo tempo, estabeleceram suas próprias demandas e encontraram no rechaço popular ao regime chileno, herdeiro da ditadura de Pinochet, um amplificador de sua luta.

Estado Espanhol

O feminismo e o movimento de mulheres no Estado espanhol se enfrentam a “extrema direita que pretende retroceder séculos inteiros para impor seu broche parental e negar a violência machista. Em embargo, ante os ataques mais conservadores, o atual governo oferece como principal medida uma lei de igualdade sexual que, se por um lado incorpora várias exigências do movimento de mulheres durantes esses anos, por outro vai seguir recheando o código penal para aumentar as penas, sem falar de câmbios de fundo para combater a violência da sociedade capitalista e patriarcal”.

Leia declaração completa do Pão e Rosas no Estado Espanhol (Em espanhol)

México

Os feminicídios de Fátima e Ingrid voltaram a acender a raiva. O apoio que recolheu a convocatória para o 9M superou todos os cálculos. Sobre isso o governo anunciou que não haverá sanções para os que não vão trabalhar e participarão da mobilização do 8M. Dessa forma, tenta responder tanto ao descontentamento que existe com as respostas insuficientes e declarações gerais do presidente López Obrador, assim como a utilização que tenta fazer a direita somando-se na “parada”.

Veja o chamado a marchar do Pão e Rosas México (Em espanhol)

França

A mobilização do 8M se realizará há poucos dias desde que o Governo Macron decidiu avançar na reforma da aposentadoria mediante um decreto para anular qualquer tipo de discussão no parlamento. Depois de meses de greves e protestos, o governo optou por uma solução autoritária.

O grupo Du Pain et des Roses participará da marcha do 8M junto a trabalhadoras que participaram da greve geral mais importante nos últimos anos, e estudantes. Como parte da convocatória feminista “On Arrête Toutes”, Du Pain et des Roses fez um chamado a levar reivindicações das mulheres trabalhadoras para a mobilização, mas também continuar a luta nos lugares de trabalho e estudo.

Veja o chamado do Du Pain et des Roses na França (Em francês)

Leia declaração completa do Du Pain et des Roses

Bolívia

Pão e Rosas participará na segunda-feira, 9 de março, da mobilização de coletivos e ativistas feministas, independente dos partidos e instituições estatais que preparam as eleições, depois do golpe de Estado pôs a Jeanine Añez no governo e as posteriores negociações e proscrições.

A convocatória chama a mobilizar-se neste 9 de março “contra o capitalismo que nos explora, o patriarcado o patriarcado e o machismo que nos assassinam, as igrejas que nos violam e o racismo que nos humilha”

Brasil

Pão e Rosas participará das mobilizações do 7, 8 e 9 de março em São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizonte e Porto Alegre, Mauá (ABC) e Campinas.

As medidas reacionárias do governo de Jair Bolsonaro, a reforma da previdência, que se preparam para aplicar em vários estados (incluindo governadores de partidos de oposição como o PT) a luta por Justiça por Marielle Franco (vereadora da esquerda do Rio de Janeiro assassinada há quase dois anos).

Quando a escalada revolucionária do governo do Bolsonaro e a ameaça de retroceder em direitos conquistados e dificultar ainda mais o acesso a direitos pelos quais as mulheres brigam fazem anos. Como o direito ao aborto, Pão e Rosas convoca a manter a mobilização em todo o país, para impedir a aplicação da reforma da previdência nos Estados, que afetará desproporcionalmente as mulheres, e por todos os direitos que nos são negados.

Pão e Rosas também participará das mobilizações na Alemanha, Estados Unidos, Peru, Venezuela, Costa Rica e Uruguai.




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