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6.755 militares na eleição. Extrema-direita lidera, e "progressistas" também abrem espaço

O crescimento do número de candidatos militares no país é alarmante, e sinal dos rumos da direita e da extrema-direita em militarizar a política. Mas é alarmante também as portas abertas da esquerda nesse mesmo contexto para candidaturas de PM’s, Militares Reformados e Membros das Forças Armadas. É o caso de PSOL, PT, PCdoB e de aliados seus como PDT e PSB.

sexta-feira 23 de outubro de 2020 | Edição do dia

O Bolsonarismo, aliado aos militares, faz avançar uma militarização na política brasileira, e marca ainda mais profundamente as instituições policiais como também ainda mais racistas e assassinas. E é nesse contexto que partidos da esquerda como PT, PCdoB e PSOL, assim como seus aliados, a “centro-esquerda” golpista ou os ajustadores de PDT e PSB, partidos burguêses, abrem espaço para policiais militares, civis e militares reformados, além dos membros das Forças Armadas

Extrema-direita lidera crescimento de candidaturas, mas não está sozinha

São 6.755 candidatos militares em todo o país. Entre candidatos a prefeitos ou vice prefeitos e também vereadores. O número é 12,5% maior do que em 2016

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O PSL, ex-partido de Jair Bolsonaro e que agora esta repatriando diversos candidatos do presidente, é o lider em candidatos militares e policiais no país. São 649 os candidatos que saem pelo PSL. Com base nos dados do site TSE e no levantamento feito pelo G1, que considera policiais militares, policiais civis, bombeiros militares, integrantes das Forças Armadas e militares reformados.

Republicanos, o partido do candidato a prefeito de SP apoiado por Bolsonaro, Celso Russomanno, tem 433 candidatos militares. O PSD tem 422, logo atrás. O MDB tem 404, seguido por PP, com 393, e o PL, com 384.

O crescimento dos candidatos militares, em especial entre a direita e a extrema-direita expressam a militarização da política fruto do Bolsonarismo. Desde o setor ligado às polícias, como policiais civis, militares e bombeiros militares, até o crescimento de 48% de candidatos membros das Forças Armadas de 2016 para 2020.

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São 3.575 Policiais Militares no total concorrendo, 1.735 Militares Reformados, 919 Policiais Civis, 182 membros das Forças Armadas, e 344 Bombeiros militares.

A politização cada vez maior das forças repressivas, dos militares, e em especial dos Membros das Forças Armadas são parte dos avanços autoritários desse regime fruto do golpe de 2016, e que hoje chega a quase 7 mil candidatos militares, em um país que tem um batalhão de ministérios do Governo Federal ocupado por Generais do Exército.

A esquerda também está abrindo espaço e se adaptando à militarização da política

A quantidade de candidatos como esses entre os partidos da esquerda acende uma luz de alerta. São longas de PT, PSOL e PCdoB e dos que são seus aliados PDT e PSB em diversas cidades.

O PSB entre esses é quem lidera, com 233 candidatos em todo o país. Dentre esses, são a 130 PMs saindo pela legenda, e 28 Militares reformados. O PDT vem logo atrás com 217 candidatos espalhados pelo Brasil. Desses, 100 PMs e 57 Militares reformados.

Nas mais diversas cidades e estados do país, PT e PSOL também estão saindo com candidatos militares. Para além do candidato a vice-prefeito do Rio de Janeiro, Íbis Pereira , ex-Comandante da PM, o PSOL está lançando 25 outros candidatos ligados a uma das patentes, sendo 10 candidatos a prefeitos ou vice-prefeitos, e com 10 PMs no total.

O PT, linha de frente em ignorar o papel reacionário da polícia, lança 126 candidatos. O PCdoB, de Flávio Dino e de Orlando Silva, lança 46 entre policiais militares, civis e militares reformados. São 25 PMs. O Total entre PSOL, PT e PCdoB chega a 198.

O que significa para a esquerda abrir portas para militares dessa forma?

Com Bolsonaro e os outros poderes institucionais em pacto, e fazendo avançar ataques, fazem avançar também o autoritarismo no país, seja no executivo seja no judiciário, e como dito, marcado por uma forte militarização da política.

Deveria ser ponto de partida para qualquer grupo que se diga de esquerda, que combater Bolsonaro parte de um combate decidido contra essa militarização da política. Coisa que não será, de forma alguma feita abraçando PMs e militares e os lançando como candidatos, como faz o PSOL com esses 26 candidatos, ainda mais em um contexto de crescimento nacional dos candidatos da polícia e dos militares na política brasileira.

É o que expressa Íbis Pereira como vice do PSOL no Rio de Janeiro, a cidade que vive de forma mais profunda a relação entrelaçada entre Milícias, Polícia e Estado. Mas é assim também nas mais diversas cidades onde a esquerda militares.

Dessa forma, a esquerda vai desfigurando sua personalidade, dissolvendo seus ideais, que deveriam ser de combate contra a militarização da política e do regime político. O papel da esquerda deveria ser de clarificar que policial não é trabalhador, mesmo que esta seja sua origem, deixa de ser a partir do momento que veste a farda.

Fazem isso também, alimentando uma ilusão de um programa “progressista” para as polícias, que acaba se tornando uma adaptação à politica da direita para a segurança pública, baseada nas forças repressivas e em qualquer ilusão de forças repressivas “em pról dos direitos humanos”, e por fora de tratá-la na raiz dos problemas de desigualdade social e desemprego alimentadas em nome do lucro dos capitalistas.

No fundo, tanto as candidaturas, quanto os programas de alguns candidatos da esquerda quanto às polícias, apontam para o exato erro que cometem esses grupos: querer administrar o regime do golpe ao invés de combatê-lo. Que alimentam e são alimentadas pela ilusão de que são possível “prefeituras progressistas”, “ilhas de esquerda”, enquanto avança o autoritarismo no país. Limitando qualquer papel da luta de classes no enfrentamento com Bolsonaro e rompendo com fronteiras de classe, que não apontam para a conquista das demandas dos trabalhadores, das mulheres, negros, LGBTs e da população pobre.




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