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LGBTFOBIA | 3 mortes por LGBTfobia mas "Homofobia de Bolsonaro é da boca pra fora" para Regina Duarte

Regina Duarte, reconhecida atriz Global, não chamou atenção quando postou fotos com Jair Bolsonaro, pois já era de se esperar que estivesse uma posição extremamente conservadora. Mas ao dar entrevista para Isto É, demonstrou todo seu jeito cínico de defender as atitudes abertamente LGBTfobicas do candidato, justificando como um "jeito masculino".

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

sexta-feira 26 de outubro de 2018 | Edição do dia

Mesmo após três crimes barbáros que assassinaram três travestis, uma no centro de São Paulo no Largo do Arouche, outra em Sergipe e outra em Santo André no ABC Paulista, aos gritos de Bolsonaro 17. Apoiadores de Bolsonaro insistem em tratar estas mortes como uma invenção ou algo não relacionado ao discurso de ódio promovido pelo candidato.

Muitos dos apoiadores tentam negar todo o ódio contra as mulheres, negros e negras e a comunidade LGBT que o mesmo prolifera. Mesmo com os vídeos deixando claro sua política contra os indígenas, os imigrantes, ainda reafirmam que não se passam de montagens. Justo estes que tem uma campanha inteira baseada em Fake News circuladas pelo Whatsapp e sem ter participado sequer de um debate televisivo.

Mas quando uma atriz global se coloca ao lado de Bolsonaro, assume-se todos os privilégios deste status e seus benefícios próprios, como Regina Duarte ter visto sua página no Instagram ganhar 300 mil seguidores em apenas quatro dias após declarar seu apoio. Pena que grande parte deva ser de robôs.

Na entrevista ela afirma que “Ele [Bolsonaro] tem uma alma democrática”, mesmo após seu apoio a torturadores como no show de horrores da votação que representou o golpe institucional em 2016. Aquele que diz que "fazendo o trabalho que o regime ainda não fez, matando uns 30 mil... (...) se vai morrer alguns inocentes, tudo bem".

Mas apesar de tudo isso ser revoltante, a atriz reivindica eleger alguém do passado, conservador: "Quando conheci o Bolsonaro pessoalmente, encontrei um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora, um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e que dizia que lugar de negro é na cozinha". Naturalizando toda a ideologia racista e LGBTfóbica própria da elite e dos escravistas que serão parte fundamental de um governo Bolsonaro.

Apesar de nos revoltarmos com essas afirmações, pois mascaram o papel de Bolsonaro, da extrema direita e dos golpistas em cada vítima de transfeminicídio e da homo-lesbo-bifobia, é muito importante elaborarmos reflexões que ajudem a demonstrar como o discurso de Bolsonaro ganha eco na cis e heteronormatividade.

Bolsonaro: uma cara que correspondente ao recorde de assassinatos de LGBT?

Ser LGBT no Brasil, é conviver com uma enorme cadeia de violências que estão legitimadas por diversas instituições democráticas. É desta maneira que convivemos com diversos castigos secretos, como sermos expulsas de casa, das escolas, convivermos com um nome de registro que nos atormenta, encontrar na prostituição à unica forma de subsistência, e na marginalidade buscar a construção de nossas identidades e nossos corpos.

Bolsonaro é a cara nojenta da extrema direita, era um filho indesejado do Golpe Institucional até o derretimento do PSDB no primeiro turno. Seu fortalecimento se deu a partir da enorme manipulação, nunca antes vista, na história das eleições brasileiras, contando com a prisão arbitrária de Lula, o impedimento de sua candidatura, a quebra de sigilo das delações do Palloci, entre outras medidas.

Agora em meio ao segundo turno, diversas universidades começam a sofrer repressão por se organizarem contra esta figura que ameaça a educação pública, e pretende submeter o Brasil ainda mais a espoliação imperialista norte-americana.

Em seus discursos, Bolsonaro faz questão de dizer que "essa comissão de direitos humanos e minoria me da asco", "você de casa contrataria um motorista gay para levar seu filho na escola? ta na cara que não! (...) eu não gostaria de ter um vizinho meu, um casal homossexual, morando ali, com meus filhos pequenos em casa. No meu tempo era uma coisa rara se encontrar um gay... uma bixa, como o povo fala né, um viadinho? O filho começa a ficar meio assim, meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele... e se começa uma amizade com um gay, tem tudo pra ser um gay no futuro (...) agora gostar de homossexual, ninguém gosta!

Dizem que isso não seria homofobia. Mas aceitar a norma heterossexual ou a norma cisgênera que pune tudo que é diverso a isso, é justamente a definição da discriminação à pessoas gays, lésbicas, bissexuais, travestis, homens e mulheres trans e transmasculinidades. Reivindicar que bater em crianças gays ou trans "resolveria" só encobre a ideia de impor uma orientação sexual e identidade de gênero à força, e levando a maior expulsão das casas ou assassinatos pelos próprios pais. "Não gostar" de ter um vizinho gay, é como diz o ditado, "mude-se quem estiver incomodado". Mas nada pode ser mais hipócrita que dizer que não se é LGBTfobico, mas perpetua a corrente de violências que mantém a desigualdade entre pessoas heterossexuais ou cisgêneras e LGBT.




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