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METALÚRGICOS MÉXICO | 27.000 metalúrgicos da ArcellorMital na corda bamba

Neste dia 26 de março, em um comunicado da transnacional ArcelorMittal, foi anunciado que a siderúrgica localizada no porto de Lázaro Cárdenas, Michoacán, deverá ser fechada, colocando em risco o emprego de mais de 27.000 trabalhadores.

Sergio MoissenDirigente do MTS e professor da UNAM

quarta-feira 1º de abril de 2015 | Edição do dia

ArcelorMittal é uma das empresas siderúrgicas mais importantes do mundo: agrega aproximadamente 360.000 trabalhadores no globo em mais de 60 países. Desde 2014, a Câmara Nacional da Indústria de Transformação (Canacintra) detalhou que ArcelorMittal registrou uma queda de 70% nos lucros, resultado de um aumento de fluxo de exportação de aço na China.

Este fechamento patronal se deu no marco de que Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia do ano de 2008, declarou na Convenção Anual de Industriais da Canacintra que os economistas se cansaram “de esperar o milagre mexicano”. Segundo Krugman, “a grande liberalização (do país) já tem 30 anos e claramente isso por si só não bastou. Não estamos falando houve um desemprego terrível, mas não foi o que se esperava.”

Salvador Jara Guerrero, governador do Estado de Michoacán, declarou que ArcelorMittal “não tem ainda claro se haverão demissões” e sustentou que os acionistas da transnacional siderúrgica estão em negociações e diálogos com a Secretaria de Economia e o Sindicato Nacional de Trabalhadores Mineiros, Metalúrgico e Siderúrgicos da República Mexicana (SNTMMSRM).

No comunicado de ArcelorMittal sustenta-se que a parada patronal – fechamento técnico – se deve ao aumento dos preços do petróleo e pela abertura das exportações de aço das empresas da China.

Segundo os cálculos, a duplicação da venda de aço chinês pressionou a baixa do preço do metal. Em 2013, a China exportava menos de cinco milhões de toneladas de aço ao mês; hoje se chega a mais do dobro com 10,3. A queda do preço do aço, devido à saturação das exportações chinesas, foi no México de 34%.

Segundo as notas do jornal “El Siglo de Torreón”, o fechamento deixará na corda bamba pelo menos 27.000 trabalhadores. “A parada patronal deixou em suspenso 13.500 empregos, 8.500 diretos e 5.000 indiretos”. Este é um dos fechamentos técnicos mais catastróficos do sextênio.

A derrocada da ArcelorMittal se localiza na crise capitalista que balança a economia mundial desde o ano de 2008. A crise desatou uma forte ofensiva capitalista contra nossas condições de trabalho e vida, aplicando uma política de ajustes em todo o globo: recortes com gastos sociais, educação, saúde e em especial ataques às condições de trabalho. No México, esta política se expressa com a aplicação da reforma trabalhista de 2011, que destrói a contratação coletica, o direito de greve e flexibiliza o trabalho, além de outras reformas estruturais como a educativa e a energética.

A política do SNTMMSRM

Em 2009, a greve em ArcelorMittal impediu o ajuste das plantas de trabalho e culminou no aumento do salário e prestações. Esta greve foi iniciada pela pressão da base que obrigou o sindicato mineiro a se colocar a frente, apesar de ser uma direção corrupta e burocrática.

Ainda que a política do Sindicato hoje seja “estar ao lado” da patronal, é provável que a base mineira se mobilize contra as demissões e possa gerar uma confronto de trabalhadores com o sindicato.

Em assembleia geral da Seção 271 do SNTMMSRM no sábado dia 28, a qual inclusive delegados especiais assistiram, representativa dos estados de Michoacán, Hidalgo, Zacatecas, Querétaro e outros pontos do pais, foi tomada una resolução patronal.

José Barajas Prado, do Comitê Executivo Nacional do Sindicato Mineiro, convocou os operários a "estarem ao lado da empresa que atravessa uma situação econômica difícil, porque não são tempos de brigar, senão de colaborar com quem da emprego, pois ao se fechar, o futuro de todos nós sera incerto".

O Sindicato Mineiro Nacional fez um chamado aos trabalhadores para deixar já de simular que trabalham, e colocarem-se às ordens do patrão "para fazer inclusive o que não fizemos", e que assim evitariam dar razões à patronal para uma redução de pessoal.

A direção do SNTMMSRM mostra uma política abertamente patronal e seguramente negociará as demissões dos mais de 27.000 trabalhadores. A burocracia do sindicato mostra uma cara abertamente patronal e contra as condições dos trabalhadores.

Os trabalhadores deverão mobilizar-se contra seu próprio sindicato que está negociando as demissões e devem também encabeçar a luta contra o fechamento de ArcelorMittal. Poderia recuperar como lição a impressionante luta dos mineiros de Astúrias, que em 2011 encabeçaram uma histórica mobilização conhecida como "marcha negra", que obteve o apoio de todo o povo pobre do Estado Espanhol. Os trabalhadores de ArcelorMittal no Estado Espanhol se mobilizaram contra o fechamento das minas de carvão contra a demissão massiva de 8.000 mineiros.

Existe também um movimento de colonos contra ArcelorMittal. Surgiu em 2011 pelos danos ocasionados pela extração de mineral a céu aberto e o escorrimento de água residual da Presa de Jales, alem dos efeitos gerados pela passagem de um ferroduto.

Frente aos fechamentos e demissões existem alternativas políticas que foram colocadas em prática para deter a ofensiva capitalista. Na Argentina, em 2001, na fábrica de Cerâmica Zanon os trabalhadores ocuparam a fabrica e a colocaram para produzir sob controle operário.

O Partido dos Trabalhadores Socialistas, que participa de forma ativa no Sindicato Ceramista, impulsionou a iniciativa de lei para a estatização da fabrica e que seja colocada sob controle operário.

Estas experiências são chave para a classe trabalhadora mexicana, que está sofrendo ataques muito duros às suas condições de trabalho.




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