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18 pessoas são resgatadas de trabalho escravo em meio a corte de Bolsonaro na fiscalização

Como resultado direto do encolhimento de 40% da verba para fiscalização promovido pelo governo Bolsonaro, 18 pessoas foram encontradas em condições de trabalho análogas à escravidão.

quinta-feira 11 de março de 2021 | Edição do dia

Imagem: Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Trabalho / Divulgação

As 18 pessoas (16 homens e 2 mulheres) foram mantidas por quatro meses em lavouras de alho, cebola, beterraba, cenoura e uva em propriedades rurais de Antônio Prado e Flores da Cunha. Moradores do interior de Santa Catarina, com menos de 30 anos e baixa escolaridade, foram atraídos pela oferta de emprego no período de crise da pandemia.

A condição a qual os trabalhadores foram submetidos escancara os problemas gerados pelos cortes orçamentários na fiscalização promovidos pelo governo Bolsonaro junto as demais reformas que foram aprovadas que precarizam as condições de vida e trabalho da população.

Em outubro de 2020, dois aliciadores fizeram as propostas de trabalho, onde seria pago um valor diário, com alojamento e carteira de trabalho assinada. A realidade, porém, é que se tratava de mais um esquema de tráfico de pessoas para o trabalho escravo nas grandes propriedades do interior do país. Os trabalhadores foram colocados em alojamento precário, tiveram os documentos confiscados e foram obrigados a trabalhar sem receber pagamento, além de receberem ameaças com armas de fogo, serem forçados a contrair dívidas por produtos básicos e também receberem drogas.

Esse é mais um caso que confirma as tendências que analisávamos anteriormente. O Brasil é um dos países onde o trabalho escravo mais é disseminado, existindo nas cidades, mas principalmente no campo. A pandemia do coronavírus e a gestão catastrófica de Bolsonaro e dos governadores empurraram milhares para situações econômicas ainda mais desesperadoras, com milhões de empregos formais sendo perdidos no país. Esses agravantes estão reforçando o bárbaro escravismo no país, que atinge principalmente os negros.

O próprio Bolsonaro é defensor do escravismo, tendo criticado já na presidência um projeto de emenda que o pune, bem como boa parte dos políticos do “centrão” e da direita brasileira, intimamente ligados aos senhores do campo. O caso de Antônio Prado dá mostra da impunidade dessa prática no país: os aliciadores e o latifundiário respondem em liberdade, e a atividade nas terras não foi sequer suspensa, seguirá dando lucros para o escravista. Na capital Porto Alegre, recentemente a câmara de vereadores votou contra a cassação de alvará de empresas flagradas usando trabalho escravo, acusando diretamente a realidade racista e extremamente brutalizante do empresariado gaúcho.

Para levar a cabo o que a Lei Áurea foi incapaz de cumprir, é preciso que os sindicatos, os movimentos sociais da cidade e do campo, assim como o movimento negro, mobilizem uma luta contra Bolsonaro, Mourão e o conjunto das instituições do regime do golpe, pela revogação de todas as reformas - que aproximam nos do trabalho análogo a escravidão, em um país onde a informalidade já é a norma - e para retirar os escravistas nojentos de todas as esferas do poder, lutando por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana onde possa se debater e avançar nas demandas mais cruciais dos trabalhadores e do povo pobre, principalmente nesse momento em um plano emergencial de combate ao desemprego e à pandemia.




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