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REPRESSÃO NÃO REDUZ CRIMES | 11 operações de repressão das Forças Armadas no Rio em 25 anos não reduziram criminalidade

Levantamento publicado no jornal Extra com base nos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) atestam que em 11 operações envolvendo a convocação das Forças Armadas no Rio ao longo de 25 anos não reduziram a violência e a criminalidade na cidade.

terça-feira 1º de agosto de 2017 | Edição do dia

O jornal Extra analisou quatro indicadores de crimes: roubos a pedestres, de veículos, de cargas e homicídios. Segundo o jornal, em apenas uma das 11 operações envolvendo as Forças Armadas o índice de ocorrência desses crimes diminuiu. No restante das vezes, pelo menos metade deles aumentou. Já durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas, todos os indicadores pesquisados tiveram alta.

O jornal explicou o método utilizado para a pesquisa da seguinte forma: "Os dados dos meses em que as forças federais estiveram no Rio foram comparados com os mesmos períodos do ano anterior — exceto os casos das ocupações nos complexos do Alemão e da Maré, em que, como as durações das operações foram maiores do que um ano, os períodos imediatamente anteriores às ações foram usados na comparação. Nesses dois casos, por se tratarem de ocupações de locais específicos, somente os índices dessas regiões foram levados em consideração."

Ainda de acordo com o jornal, o crime que apresentou aumento em maior número de ocasiões foi o roubo a pedestres, e o que teve índices maiores de redução foi o roubo de cargas. Esses dois índices comparados mostram que a maior preocupação do estado é justamente a preservação do patrimônio das grandes empresas capitalistas.

A maior de todas as operações repressivas é uma demonstração nítida disso: durante as Olimpíadas, foram gastos R$ 3,5 bilhões - um dinheiro precioso se investido nas áreas sociais que mais sofrem com a crise e com os salários dos servidores que nunca chegam - e trouxe ao Rio 22 mil homens, 12 navios, mais de mil viaturas, 70 blindados, além de helicópteros, embarcações e motos. A pesquisa mostrou que nesse período o número de roubos aumentou 66,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior; o de roubo de cargas cresceu 56%; e o de veículos, 31%. Os dados são do mês de agosto de 2016.

Dessa vez, inclusive a prefeitura irá ampliar o escopo de sua repressão: Marcelo Crivella sentou com o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, para debater o papel da Guarda Municipal durante a operação. O que ficou decidido é que a guarda atuará na repressão a pequenos crimes, como roubos e furtos, liberando a Força Nacional para fazer as imensas ações de massacre generalizado nos morros, que geralmente são feitas pelo BOPE.

Gráfico referente à Operação na Copa do Mundo e o índice dos crimes ocorridos. Fonte: Jornal Extra

A consideração sobre os índices analisados em seu conjunto é mais uma prova de que a repressão do Estado, seja sob as ordens das polícias regulares, da Força Nacional de Segurança ou do Exército, tem como resultado o massacre da população dos morros, em particular da juventude negra, que é cotidianamente assassinada e que durante as ocupações é ainda mais atacada pela repressão do Estado e seus corpos armados.

É bastante flagrante que o aumento da criminalidade no Rio está diretamente relacionado aos efeitos da crise, com o aumento do desemprego, redução de salários, cortes nos direitos sociais e nos serviços públicos. Sem oportunidade de educação, emprego e quaisquer direitos básicos, relegados a moradias extremamente precárias e condições de vida degradantes, a juventude empobrecida é jogada à marginalização e serve de presa fácil para os grandes empresários do tráfico de drogas. A polícia, sob o pretexto absurdo da guerra às drogas, faz seus negócios sujos em acordo com o tráfico e lucra com propinas e acordos de roubo, como ficou evidenciado pelo caso do 7º Batalhão de São Gonçalo, que escancarou aquilo que é a regra.

A realidade é que com o aumento da repressão, quem paga é o povo negro, e o preço é seu sangue e suas vidas que são ceifadas pelas balas das forças armadas se somando às da polícia. Não podemos aceitar a militarização da cidade e dos morros, temos que dizer um basta às mortes causadas pelo capitalismo em defesa de seus lucros.




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