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1 ANO DO INCÊNDIO NO NINHO DO URUBU | 1 ano após mortes no Ninho, diretoria desrespeita famílias e funcionários em nome do lucro

Claramente um clube de massas, o time que enche estádios de Manaus ao Rio de Janeiro, deixou 2019 e já 2020 com no mínimo, contrastes. Dos milhões que se empolgam com o campeão da América às políticas e declarações cada vez mais elitistas e reacionárias da diretoria, no mais perfeito molde de uma empresa sedenta pelo lucro.

Calvin de OliveiraEstudante de Geografia da UFF - Niterói

domingo 9 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

Imagem: André Durão (retirada do site GloboEsporte)

Um orgulho da torcida e marketing do clube, a autoproclamação de ser uma nação, o número 40 milhões de torcedores espalhados pelo mundo é entoado pelos flamenguistas e inegavelmente Flamengo e Corinthians competem para ser os times mais populares do Brasil.

Enquanto os analistas de esporte não seguram elogios pelo futebol apresentado no ano de 2019, entoando palavras como um “futebol alegre” e “bonito de se ver”, o ano começou com uma marca inédita e trágica para o futebol mundial, a morte de 10 garotos, vítimas de um incêndio no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, outros 3 ficaram feridos e outros relatam sequelas psicológicas após o fogo.

A ferida que não se cicatriza passado 1 ano da tragédia

Dia 8 de fevereiro de 2020 completou-se 1 ano desde o incêndio que acabou com 10 sonhos de um dia jogar profissionalmente, nesse dia em que a torcida prestou suas homenagens dentro e fora do Maracaña, ficando calada por 10 minutos de jogo e gritando ao fim “OooooO Garotos do Ninho!’’, além de bandeiras com os rostos estampados e camisas com seus nomes penduradas pelos arredores do estádio, pedidos de justiça, dignidade e respeito foram postos em faixas, com ataques atual e ex diretoria feitos pela torcida FlaAntifa.

Se dentro do campo, a noite foi feliz com mais uma vitória no Carioca, com festa e homenagens ao garotos do ninho pela torcida e pelo time, a singela homenagem da atual gestão do clube de pôr as redes sociais preto e brancas, prestar uma missa e outras ações midiáticas, demonstrou a demagogia de uma diretoria que só se importa com cifrões.

Para ir a fundo e desmascarar tal demagogia da gestão de um clube de futebol é necessário analisar 2019 fora dos gramados, o Flamengo termina o ano com um faturamento recorde de números que variam de 870mi a 1bi (1), muito influenciado por vendas de jogadores e competições ganhas. Enquanto isso, só são 4 famílias que aceitaram algum tipo de acordo com o Flamengo e em vídeo frio e gravado as escondidas da mídia, o vice-jurídico do time falou em valores sem precedentes para a justiça brasileira, tratando como mais um problema legal a ser resolvido e não vidas acabadas precocemente, além do acontecimento ter sido algo sem precedentes na história do futebol (tss). Outro fato escandaloso é no início do processo o Flamengo ter recorrido da decisão do MP-RJ de pagar 10 mil de pensão para os familiares das vítimas, alegando que o MP “não tinha direito de entrar com a ação”.

Essas foram, entre outras ações, demonstrações da diretoria de frieza quanto ao sentimento de pais, tios e avós de saudade e luto pela perda de seus entes queridos, mas mais que isso, no dia de uma CPI na ALERJ, sexta-feira (7) de manhã, um dia antes do aniversário do incêndio, Rodolfo Landim, atual presidente do clube sequer compareceu a sessão. Essa começou sem nenhum representante flamenguista até ter uma repercussão negativa na mídia e o ex-presidente, Bandeira de Melo, comparecer atrasado vindo de Brasília e o atual CEO, Reinaldo Belotti, também chegar depois que a sessão já havia começado. A CPI após o acontecimento falou em condução coercitiva à Landim, Dunshee, vice-presidente jurídico, e Wrobel ex-vice de patrimônio.

Nesta CPI, o atual CEO frente a protestos do pai e advogada de Pablo, menino morto no incêndio, permitiu a entrada dos familiares ao Ninho no dia seguinte que completou 1 ano da tragédia, algo que não foi cumprido. Somente esta família entrou no CT, as outras foram barradas.

Veja Mais: 1 ano após incêndio, diretoria do Flamengo não autoriza famílias de vítimas entrarem no CT

Mais políticas anti-operárias e aproximação com a extrema direita no poder

Em um 2019 marcado também pela imagem de Bolsonaro entregando uniformes do Flamengo a Xi Jinping e figuras como Witzel, Moro e Rodrigo Amorim assíduos à jogos e imagens com diretores do clube, uma nota oficial fica marcada. No aniversário de 55 anos do golpe de 64 e homenagens de torcedores à ex remador do clube Stuart Angel, torturado e morto pela ditadura, a posição foi que “não se posiciona sobre assuntos políticos”.

A mais, com os títulos conquistados no ano, jogadores cobraram uma divisão de seus bônus para funcionários que fazem o dia a dia do clube existir, como seguranças e secretários, esses foram vetados por Bunshee e trabalhadores chegaram a receber 90% menos do que o prometido, enquanto diretores e gerentes receberam valores integrais. Caso chegou a situações de mal estar entre jogadores e diretoria na época do Mundial de Clubes. Foi noticiado recentemente também que o treinador Jorge Jesus, tirou de seu salário bônus à terceirizados do clube que não eram contemplados pelos benefícios.

A torcida faz o clube, não a diretoria

É importante remarcar que são as massas flamenguista que fazem o Flamengo, a torcida nunca aceitou políticas corruptas dentro do clube e assim não deve, um pingo de confiança à quem - como já houveram protestos - tendo políticas de preços cada vez mais elitistas e contra a classe trabalhadora nos estádios.

A história do clube quem faz é a sua torcida junto com o time, muito maior que qualquer diretoria, essa que tem que não só pagar de forma justa e digna às famílias e também ser os responsáveis serem investigados e punidos.

Que a sede de lucro de alguns pare de passar por cima do sonho de muitos. Aos amantes do futebol, e aos amantes da vida, os 10 meninos do Ninho nunca serão esquecido! Que seja feita a justiça por suas mortes!

(1) Duas reportagens mostram valores parecidos mas conflitantes são elas:

https://www.poder360.com.br/economia/mesmo-sem-dinheiro-do-titulo-flamengo-deve-atingir-receita-de-r-1-bi-em-2019/

https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-do-rodrigo-capelo/post/2019/12/27/com-altas-expectativas-esportivas-e-financeiras-orcamento-mostra-que-flamengo-entra-em-2020-com-o-desafio-de-consolidar-dominio.ghtml




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